Da mesma forma que meu corpo pesava pelo consumo excessivo de cerveja, meu peito repleto de dor fazia com que eu me movesse com maior lentidão. Tropecei em meus próprios pés e precisei ser amparado por Justin, segundos após, antes que eu acabasse caindo sobre a mesinha de centro da sala. Eu nem sequer conseguia me lembrar do trajeto que fiz até aquele ponto e aquilo já era ruim o suficiente para que eu insistisse em querer me mover. A dor em todos os aspectos era tanta, que eu havia simplesmente apagado de minha mente que eu havia deixado Frank Iero me ver naquele estado nefasto. Uma derrota; era isso que eu era.
Quantas vezes, durante tantos anos, eu me amaldiçoei por cogitar a voltar a beber daquela forma e, agora, estava prestes a vomitar em cima do meu suposto namorado por não aguentar lidar com negligência... Com um pé na bunda. Abandono... Eu me sentia mais do que chutado... Eu me sentia um objeto quase descartável.
Quase.
Pois Frank não o fizera. Ele tentou, mas seu desprezo vinha de algo muito além de uma tentativa de se livrar de mim desesperadamente. E eu era ainda mais incapaz de entender entrando naquele estado em que me consumia qualquer esperança que eu tinha. Quanto mais eu pensava em Frank e em suas palavras, rudes, ao me expulsar daquele camarim, mais eu sentia minha garganta secar e clamar por uma boa dose de álcool.
- Você está bem? – Justin perguntou idiotamente, me segurando por um dos braços e me fazendo tomar um rumo diferente do da cozinha, onde eu buscava desesperadamente encontrar algo forte o suficiente para me dopar de uma vez, mas não conseguia sequer sair da sala, já que estava mais propenso em cair sem sentidos no chão daquele apartamento. – É melhor subir para tomar um banho, Gee... Olha só o que aquele ridículo fez com você! E ainda tem a cara de pau de falar aquelas coisas, de...
- Cala essa boca, Justin! – Eu gritei com a voz embargada, me lembrando do real motivo pelo qual entrei em estado de choque ao abrir a porta e escutar Frank falar aquelas coisas. Que eu era dele... Que Justin nunca iria ser como ele... Por Deus, Frank, se você sabe disso tudo, por que diabos me trata com tanta crueldade?! Por que me amar quando eu não estava por perto?! Por que mostrar para os outros que eu ainda era seu, mas, quando eu estava por perto, era alguma espécie de empecilho?!
Eram tantas perguntas ainda sem solução, que eu tive que redobrar minha atenção diante de meus passos, ao que um Justin claramente irritado por ter tomado um fora meu me levava em direção às escadas. Ele tinha razão. Eu precisava de um banho, o que eu não fazia há quase dois dias, trancafiado naquele loft que era tudo, menos organizado e impecável como antes. Eu havia regredido oito anos?! Era isso?! Oito anos batalhando para fugir daquilo e eu estava me entregando mais uma vez?! O que eu tinha na minha maldita cabeça?!
Frank.
A resposta reluzia diante de mim, tanto quanto a luz forte do banheiro de minha suíte. Justin havia me deixado sozinho, a meu pedido, o que me fazia ficar ainda mais propenso a pensar no rapaz de baixa estatura da porta ao lado. E, me livrando daquelas roupas nojentas, eu me vi viajando naquele corpo bonito, em seus olhos inquietos pairando sobre o meu, nas tantas vezes em que estivemos ali, imersos em nossa intimidade, em conversas bobas ou gemidos e grunhidos que eram uma onda estimulante para os meus sentidos. Entrando no chuveiro, entre novos tropeços, como sempre, me vi ridiculamente duro e latejante só de lembrar daquilo tudo. Ótimo. Muito bom mesmo.
Então eu ri. Ri extremamente alto, como a criatura patética que eu estava me tornando, enquanto percebia que beber poderia me fazer menos ciente de tudo o que havia ao meu redor, de que ainda era capaz de derrubar as mais adoráveis lembranças. Com Frank ali, sorrindo bobo e me enchendo de beijos pelo peito e ao pescoço, enquanto me contava normalmente sobre o seu dia. Imagens de seu corpo moreno e úmido, reluzindo, sempre apetitoso... Sempre ele.
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Surrender The Night || Frerard version
Fiksi Penggemar[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...