Surrender The Night || Frerard version

43 - Dois anos e dez meses atrás

A mulher bem arrumada adentrou a casa, imprecisa do que iria encontrar, ao escutar aquelas vozes altas, jovens, divertidas e que clamavam uma juventude que não mais tinha. Acompanhada de seu marido, Donna Way adentrou a pequena casa localizada no subúrbio nova-iorquino, para onde seu filho mais novo havia recentemente se mudado. O local era um tanto quanto aconchegante, se levassem em conta o número de pessoas que entulhavam a sala bem arrumada do imóvel. Donald tentava ao máximo não se mover, a fim de não encostar nos amigos estranhos do filho, afinal, não queria ter desculpas para conversar com algum deles. Viera ver Mikey e nada mais.

Donna foi a primeira a ser avistada pelo Way mais novo, sorridente e que trazia a noiva à tira colo, puxando-a por uma das mãos, na qual a aliança recém colocada ali reluzia de forma tão empolgante quanto os sorrisos de ambos. E postando-se diante da mãe, Mikey finalmente largou Alicia para abraçar a mais velha com toda força que lhe cabia, recebendo um igual carinho em retorno, para, logo após, fazer o mesmo com o pai, que não repartia do mesmo entusiasmo, mas não deixou de tomar o filho em seus braços. O único filho que parecia estar tomando o caminho correto.

- Meu filho, meus parabéns! – Donna exclamou, o apertando novamente, quando Mikey se afastou do pai, para melhor fitar o rosto feliz do filho, as mãos tocando suas bochechas e, logo, apertando-as com delicadeza, para que, em seguida, pudesse continuar a falar com seu tom sempre tão maternal. – Onde está seu irmão? Gerard me ligou mais cedo e...

- Você sabe como ele é. Daqui a pouco aparece por aí. – Mikey deu de ombros, a felicidade quase escapando naquele segundo em questão, antes de unir sua mão à de Alicia novamente, os dedos apertando os dela sutilmente, enquanto a namorada, agora noiva, tomava as rédeas da situação, abrindo seu melhor sorriso e disfarçando o desconforto da situação. Gerard não iria aparecer, todos ali estavam quase certos disso.

- Ele ao menos ligou? – Donald demonstrou a clara irritação, ao sacar o celular de dentro do bolso interno do paletó, fazendo com que Mikey franzisse o nariz, claramente contrário àquele comentário. E, por fim, ainda que o pai resmungasse, o Way mais novo voltou a dar total atenção à mãe.

- Mãe, você não quer conhecer a casa? Ainda está um pouco desarrumada, precisamos ajeitar algumas coisas, mas... Acho que é apresentável. – Mikey começou, tomando a mãe pela mão livre, cuidadosamente a desprendendo do pai, que se esgueirou para fora dali antes de adentrar mais a casa, como Donna tinha coragem de fazer com um sorriso nos lábios e contagiada pela quantidade de pessoas que ali haviam, amontoadas com suas bebidas, comemorando o noivado de Mikey e Alicia.

A festa havia sido improvisada, de última hora, porém Mikey não havia deixado de convidar os pais e o irmão, naquele laço que nunca os partiria, era o que ele acreditava, para repartirem aquele momento de felicidade plena. Mikey havia finalmente encontrado a única mulher que sabia que iria amar até o fim. Alicia era aquilo e muito mais para ele, a única que o entendia e que ria de qualquer besteira que falasse... Que brigava com ele quando necessário, que o perdoava e o entendia... O que ele nunca havia buscado, como as demais pessoas faziam por aí, mas que ele havia tido a sorte de encontrar. E que nunca mais largaria. Ela seria sua mulher, sem sombra de dúvidas... E ele já era o homem dela, e ai de quem resolvesse se meter no meio de tudo aquilo.

Mikey havia contado tudo aquilo para o irmão, mais cedo, pouco antes do pedido, assim como havia enviado a significativa mensagem comemorando a aceitação do pedido, ainda sem resposta. Como todas as ligações de Mikey e uma recente mensagem o convidando para beberem algo em sua casa. O mais novo não mais se importava, já havia esgotado suas tentativas e expectativas, mas não podia deixar o incômodo o tomar. O pai e a mãe estavam ali, mas havia aquela parte incompleta que o incomodava sempre.