13 - Gerard

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Meu rosto latejava absurdamente e eu não fazia a menor ideia de que Frank era tão forte daquele jeito. Talvez movido pela raiva, não sei ao certo, mas aqueles quatro tapas seguidos, cujos eu estava estático demais para fazer algo a respeito, haviam sido o suficiente para provar que eu havia desenvolvido um autocontrole e tanto. Eu poderia ser um estúpido grosseiro e revidar os tapas, partir para uma briga mais intensa com Frank, mas aquilo não era do nosso feitio. Ainda mais aquele tipo de agressão. Eu nunca seria capaz de bater em Frank, se não contarmos nossas aventuras sexuais, e aquilo me chocava um tanto.

E, por isso, antes que ele me acertasse o quinto deles, eu lhe agarrei a mão com força, o fazendo grunhir e choramingar pelas dores dos ferimentos ou algo assim. Ora essa... Para me bater, ele não sentia dor alguma, mas era só eu segurar sua mão com um pouco de força, que ele virava o drama em pessoa. Frank poderia manter a pose de durão e revoltado, mas ele ainda seria o meu menino que chorava pelos cortes bobos no dedo e por ter acabado o estoque de jujubas em meu apartamento, me fazendo sair de madrugada, rumo a qualquer mercado, para comprar mais daqueles doces que ele tanto amava.

Era estranho como eu me lembrava das mais bonitas coisas a seu respeito, exatamente quando Frank estava sendo o oposto diante de mim.

- O que deu em você, Frank?! – Exclamei, perdendo um pouco de paciência, quando Frank quase partiu para cima de mim novamente e eu precisei me levantar, em movimentos rápidos, e recuar, postando-me atrás da cadeira, onde antes estava sentado, na defensiva. Meu tom de voz poderia ter sido alto, mas eu não queria começar um tipo de conflito mais grave com Frank. Aquela noite já estava marcada demais, regada de bastante confusão e eu percebi exatamente o que eu mais sentia falta a respeito dele: a intensidade, a forma como a minha vida era mais significante com Frank por perto. Cheia de drama, coisas mal resolvidas, mas era algo. Eu vivia... E se viver significava tê-lo por perto, eu já havia me decidido a respeito de não mais me privar daquilo. – Você não pode ser ao menos um pouco civilizado?! Nem por um segundo?!

- Não quando você tem a cara de pau de aparecer aqui, com esse papo furado sobre cuidar dos meus cortes, como se estivesse tudo a bem a respeito de eu ter quebrado o seu carro todo! Aparecer aqui... Com aquele sorriso no rosto! E... Porra! Com essa merda no dedo! Essa merda! Você me dá nojo, Gerard! – Frank gritava e eu não gostava das lembranças que sua voz propagada daquela forma me trazia. Era muito diferente de quebrar meu carro, como uma espécie de esposa traída ou algo engraçado do gênero, pois eu achava Frank irritadinho um dos seus maiores atrativos, mesmo que ele fosse um louco sem noção com aquela guitarra em mãos, a arremessando contra meu carro. Era diferente... Ele havia usado a palavra "nojo" e doía mais do que os tapas que eu havia recém-levado na cara. Porque quebrar meu carro era apenas pirraça, eu resolveria com aquele meu papo frouxo, fingindo não me importar (enquanto eu fazia as contas, mentalmente, sobre consertar o automóvel ou comprar um novo, a cada cinco segundos) e abrindo aqueles meus sorrisos, daqueles que o tiravam do sério. Era diferente... Pois era quando a mágoa de verdade entrava em cena. Toda a dor que eu empurrava com cada vez mais força para os confins do meu ser, buscando não demonstrá-la.

Desci meu olhar até a mão direita, onde o anel reluzia e gritava em silêncio um "Você é completamente estúpido, Gerard.", fruto de mais uma de minhas mentiras. O objeto não tinha valor sentimental algum e nem ao menos havia sito tão caro assim, ou muito menos magoar Frank como eu sabia que havia arrebatado seu coração não de uma forma muito boa. Era mais uma peça da pseudo felicidade que eu tinha ao lado de Justin, o mais novo pedaço de falsidade que eu havia pregado em minha vida, a fim de chamar atenção e dizer para quem quer que duvidasse, que eu vivia muito bem com o namorado com quem eu pouco conversava, sabia dos gostos ou parecia estar interessado em manter algo. Pois enquanto eu corria atrás de Frank, eu nem sabia onde Justin estava.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora