- O que esse cara tá fazendo aqui? – Adam perguntou, assim que colocamos os pés para fora do estúdio da Reprise, no quinto andar do prédio, seguindo para o hall daquele andar, correndo em direção ao elevador. E todo o trajeto para a saída dali daria certo, se, assim que a porta do elevador se abrisse, Gerard não tivesse saído de dentro deste, vestindo seu típico terno e gravata impecáveis, me fazendo, como sempre, sentir um pouco de insegurança e ser diminuído a nada, com aquela calça jeans desbotada e o casaco de moletom vermelho surrado.
- Vão na frente, eu preciso resolver algumas coisas... Sobre o show de hoje e tudo mais. – Empurrei Adam em direção a James, para que seguissem aquele caminho, recebendo um olhar mais descarado de Gerard que, por eu estar acompanhado dos meus companheiros de banda, principalmente Adam, seguiu para o balcão de informações sem nada a dizer, me fazendo deixar os outros dois ali. Estávamos sem Mikey, desde que estava cuidando de Daisy, e precisávamos terminar a música single do nosso primeiro CD urgentemente. Enfim. Claro que Adam iria tentar me impedir de seguir atrás de Way, mas eu o ignorei prontamente, deixando a minha voz ser propagada no meu melhor tom provocador. – Isso tudo é saudade de mim, huh? Achei que fosse fugir.
- Bom, Frankie... Quem fugiu da última vez foi você, se não estou errado. – Ele rebateu, mais rápido do que eu imaginava, entregando sua identidade à atendente daquele setor, porém sem manter contato visual comigo. Eu engoli o seco, tentei ignorar toda a vontade que tive de começar a gritar feito um louco e mandá-lo se foder, mas tratei de prestar atenção em como ele desviava os olhos opacos esverdeados por alguns pontos dali, curioso, mas ao mesmo tempo apreensivo.
- Sabe, Way... Aqui não me parece ser o lugar mais apropriado para um editor renomado de HQs perambular assim, sem rumo. – Moldei um sorriso atrevido, ainda checando-o descaradamente, sem afetar-me por suas palavras. Ao menos aparentemente. – Podem achar que você está tão desesperado pra chamar atenção, que vai querer lançar um cd solo falando do emocionante relacionamento que tem com o seu tão desaparecido namorado. Onde ele estava na quarta, afinal? É uma pena que ele tenha perdido a nossa dança. Mas acho que esse chupão no seu pescoço não passou tão despercebido assim. – Meu olhar pousou na pele clara dele, na área exposta entre a blusa branca e seus cabelos bagunçados naquele corte desigual, tão bem decorada por marcas arroxeadas e avermelhadas. Só de fitar, analisar o estrago que fiz, arrepiei-me por inteiro, me vi recuando um pouco o corpo e disfarçando os tremores que senti ao lembrar-me daquela noite que ainda me causava pesadelos.
Certo. Não eram pesadelos. Eu tinha sonhos constantes em que eu e Gerard nos amávamos como dois animais, deixando tudo de lado e apenas nos rendendo ao que claramente ficava cada vez mais expresso: sexo... O nosso sexo. Eu poderia sair com outros caras, naquele hábito ridículo, e eu também poderia imaginá-lo levando aquele loiro sem graça para a cama e nada... Nada seria comparado àquilo.
Eu ainda sentia as suas mãos em meu corpo, toda a sua propriedade diante de mim. Eu ainda sentia Gerard saber exatamente como me desfragmentar em seus braços com um simples aperto em minha cintura ou uma respiração mais quente e atordoante contra meu pescoço. Ele em si era arrebatador, sua figura imponente, sempre parecendo inabalável, mas cuja eu atingia com os mais simples olhares, palavras ou provocações.
Aquela noite, na festa forjada para tentar chamar minha atenção, eu deixei a cabeça pender um pouco para o lado e avancei. Matei toda a saudade que tinha de seduzir aquele homem diante de mim, de vê-lo fraquejar com um toque mais ousado de meu quadril... E viajar pelo meu corpo, como se não houvesse mais nada ao nosso redor ou em nossas vidas. Como se não houvesse Justin algum, briga alguma, qualquer ressentimento. Era naquilo que nos agarrávamos, em como o tempo passava de forma arrastada e dolorosa, mas nunca deixaríamos de saber os pontos fortes e fracos um do outro.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...