46 - Frank

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De todas as coisas que a vida tinha a capacidade de me esconder ou me surpreender com um belo tapa na cara, aquela era a que me deixava sem ar e trêmulo só de lembrar de cada detalhe daquela noite... Daquela floresta sob a luz do luar... Da pele de Gerard extremamente branca sob a iluminação natural e... E de cada frase, cada expressão... Cada pedacinho daquele momento que havia feito meu mundo se tornar um misto de sentimentos que pareciam não ter fim para mim.

Era como velejar pela primeira vez, vagando em um mar aparentemente calmo, com algumas reviravoltas, aqui e ali, até a tormenta chegar, quase fazendo com que eu me afogasse e perdesse o controle. E retomá-lo, com as próprias mãos, assumir tudo de uma forma mais firme... Porém com uma sutil diferença. E minhas mãos agarradas na cintura de Gerard eram a resposta clara disso... De como o meu velejar havia se tornado uma longa viagem por aquele corpo... Uma viagem com destino mais ousado.

E eu conhecia muito bem o caminho, conhecia muito bem o local pelo qual eu deveria viajar, provar, tocar... Sabia cada vulnerabilidade... Cada gemido que ele liberaria, ao tocar determinados locais. Mas as consequências eram diferentes daquela vez... E eu não só estava aterrorizado com a ideia de inversão de papéis, mas como também cheio de medo de fazer tudo errado... De ser um desastre por completo e tal ato influenciar nossa relação dali em diante. Porque ele era extremamente bom no que fazia... E eu? Eu só era um cara de quase vinte e poucos anos de idade, com experiência sexual mediana.

Gerard era o cara de sucesso, maduro, que ainda me deixava atônico por tanto gostar de mim e que estava se entregado ao seu jovem namorado que se sentia extremamente culpado em vê-lo preocupado com o seu bem estar, enquanto eu mentia diariamente e fingia não carregar comigo um terrível fardo. Eu me senti um homem quase infiel, próximo de desistir da ideia, quando ele me chamou... Me encarou com seus olhos sinceros e me deu aquele ultimato. Se não fosse ali, agora, quem sabe quando aquele momento impulsivo fosse ser repetido algum dia? Então... Eu fui.

Havia uma lista boa e justa de fatores positivos em minha mente, assim como ele também possuía a dele e que soube muito bem me persuadir para tentarmos. Eu sempre fui o rapaz que fodida outros garotos, por mais que meu jeito esquisito deixasse tudo um tanto quanto duvidoso. E de todos os homens que passaram em minha vida, aquele era o único que havia se entregado à mim de coração, não com o corpo... Mas sim com todo o sentimento indescritível que nos conectava diariamente.

Então, eu soube que eu queria... Não pelo prazer em si ou sob um olhar sádico em ver aquele homem altivo subjugado... Mas pelo amor. Só por ele.

Porque ele era o real responsável por tudo aquilo: o meu caminhar até o homem da minha vida, em uma marcha delicada e que era um contraponto às batidas inquietantes de meu coração; a sentir que contratempos poderiam ocorrer, que tudo poderia não acontecer às mil maravilhas ou dar tudo errado, mas seria inquietante... Pois não era sexo, aquilo não era apenas a junção de dois corpos que se completavam, era algo transcendental; a sorrir calmo, bem diante dele, sem precisar fitar seu corpo nu para que Gerard soubesse que eu o queria... Seja da forma que fosse, meus olhos o queriam mais do que qualquer pessoa no mundo; a tocá-lo, espalmando sua cintura, a pele macia respondendo em arrepios ao meu toque, ainda mantendo o silêncio de minhas palavras, agarrando-o com ambas as mãos e o sentindo retesar, tremular e permitir que eu o puxasse pelo quadril, limitando um pouco a distância entre nossos corpos... E foi o amor que me fez sussurrar aquelas três palavras.

Sempre tão ditas do fundo do meu coração e essenciais para que Gerard soubesse que não era um teste qualquer... Que era amor. E eu o amaria naquela noite.

Surrender The Night || Frerard versionOnde histórias criam vida. Descubra agora