Tudo o que eu via diante de mim era aquela cidade brilhante, repleta de prédios peculiares, alguns misturados àquela arquitetura moderna, que quase remetiam à minha cidade Natal, mas que ainda não eram exatamente a mesma coisa. Nova Iorque era Nova Iorque e por mais que a Europa fosse maravilhosa, que aquela fosse a segunda cidade que eu visitava com Frank e sua banda, Paris nunca iria ser como a minha casa.
A viagem até ali havia sido tranquila, ao menos de forma superficial. A primeira parada havia sido Londres, onde eu havia encontrado alguns parentes distantes, tios e primos que não fazia questão de ver, pelo azar do destino, e os despachado com a mesma rapidez com que nos encontramos, antes que começassem a comentar minha vida pessoal.
O primeiro show da Leathermouth na Europa havia superlotado, Frank parecia mais feliz do que nunca, Mikey estava sendo temporariamente substituído por um conhecido de James e Quinn estava fazendo o favor de entrar no lugar de Adam por um tempo, na banda, até que tudo estivesse encaminhado e pudessem achar um novo guitarrista. O que nos levava ao fato de Bert estar conosco durante toda a viagem e simplesmente me atrapalhar, sempre que eu tentava desvendar o que havia sido todo aquele episódio no casamento de meu irmão, como se McCracken soubesse que Frank não estava preparado para falar nada. Era claro que Bert sabia o que estava acontecendo, só não iria falar tão cedo. Ou sequer abrir a boca.
Eu não era tão burro assim, eu havia percebido há bastante tempo.
E era exatamente naquilo que eu pensava, ao olhar aquela bela vista diante de mim, ainda que o cheiro da cidade não fizesse jus à beleza natural, digna de se emoldurar em um quadro, com Frank preso aos meus braços e seu perfume tipicamente doce e agradável substituindo a estranheza daquela cidade. Seu corpo estava visivelmente trêmulo, arrepiado e suado pelo esforço recente... Bem colado à mim, não só por nossos quadris, mas por inteiro, ainda tão imerso nos vestígios dos atos sexuais de alguns minutos atrás. Mesmo que não fosse a hora certo para cogitar aquelas coisas, era inevitável desviar meu pensamento de qualquer outra coisa: pensava no que Adam poderia insinuar além do fato de Frank ter se atracado com ele um dia, no que poderia deixar Frank no estado em que ficou... Completamente desnorteado e tão violento... Tão...
Merda, eu nunca havia visto o meu menino daquela maneira tão desorientada. Tão violenta. Pensava em tanta coisa, que eu estava prestes a enlouquecer, ainda que Frank me firmasse no chão.
A lista era extensa... Era pesada e me atormentava de formas que eu havia tentado me comunicar com os pais dele, no dia em que partimos de volta à NY, para arrumarmos nossas coisas e seguirmos rumo à Europa, tentando entender o que se passava. Linda havia sido clara em dizer que achava que Frank poderia estar nervoso com a pressão da banda, enquanto o Frank mais velho apenas ficou em silêncio. E ali estava o fator que me atormentava... No fundo, eu e o pai de Frank sabíamos o que era aquilo, mas mascarávamos com a ideia de que poderia ser puro e simples nervosismo, como Sra. Iero havia sugerido.
Nervosismo... Eu era um infeliz cego com o óbvio. Aliás, naquela noite em específico, eu havia sido uma última vez, ainda matutando sob a luz da lua, respirando pesadamente pelo esforço feito nos últimos minutos, naquele hotel não muito caro, mas inteiro o suficiente para que eu e Frank tivéssemos um quarto espaçoso, um tanto quanto escondido da parte mais movimentada da cidade. Eu o havia feito de propósito, com o intuito de mantê-lo mais próximo de mim, a fim de tentar perceber qualquer nuance, qualquer mudança que o denunciasse, enquanto ficava longe de toda a equipe. Principalmente de Bert e Quinn, que insistiam que fizéssemos programas de casal o tempo inteiro.
Veja só, eu ás vezes posso parecer lento, mas não sou completamente burro.
Havíamos saído naquela tarde, em especial, andado pela cidade, comprado presentes para Mikey e Alicia, coisas para nosso... Flat? Coisas que dividiríamos um dia, sob o mesmo teto novamente, besteiras, algumas comidas mais saudáveis (ele ainda cuidava avidamente de mim, enquanto eu tomava remédios quase que constantemente, sentindo que, algumas vezes, meu estômago queimava mais do que o normal, ainda que eu estivesse medicado), enfim, comprando qualquer futilidades que achássemos interessante. A cidade era estranha para nós dois e eu não gostava tanto da Europa, o que nos fez voltar rapidamente para o nosso ponto de origem, aquele hotel azulado, de cinco andares, com a modesta senhora que de tudo cuidava (provavelmente a dona do local) nos ajudando com nossas compras, até que ficássemos na nossa suíte, no último andar deste.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...