- Você é mesmo um péssimo cozinheiro quando quer. – Resmunguei, assim que adentrei a cozinha e me deparei com Frank cercado de alface, tomates e qualquer tipo de verdura que eu sequer me lembrava os nomes. Vestia apenas a minha camisa e eu podia ver algumas sutis marcas em suas coxas e pescoço, rastros da noite passada... Da primeira vez, em uma semana e meia naquela casa, que nós dois nos amamos como tão bem fazíamos. Pois é... Era meio difícil pensar em sexo quando o seu namorado em abstinência parecia uma bomba relógio ambulante.
- Meu namorado precisa se alimentar bem... O médico disse isso da última vez em que fomos na consulta, não venha inventar desculpas. – O rosto cansado de Frank voltou-se para trás e, se eu fosse o homem de meses atrás, eu iria me assustar com sua palidez e como parecia magro demais, alguns ossos protuberantes em seu corpo sempre apetitoso e os cabelos mais cumpridos do que antes, despenteados e sem vida. Mas era ele... Ainda era Frank e eu estava parcialmente feliz em ver aquelas olheiras fundas. Não de forma masoquista, veja bem... Aquele cansaço significava que tanto ele, quanto eu, estávamos vencendo e muito bem aquela luta. – Sente-se, eu não fiz uma noite especial de saladas à toda, Gerard Arthur Way.
- Arnold trouxe isso tudo, não foi? – Perguntei, lembrando-me do homem que ali morava, que cuidava de toda a propriedade desde que havia sido deixada por mim. Arnold era um bom homem, havia entendido exatamente o que estávamos fazendo ali e não precisava de muito para me entender... Afinal, pelo pouco que eu sabia, ele só se mantinha ali por ter perdido um grande amor... E agora fazia questão de me ajudar para que eu não perdesse o meu. – É, vocês estão de complô contra mim. – Fiz meu caminho até a mesa, notando Sparkie me perseguir, como sempre em busca de comida. Larguei-me, ainda de pijama, por nós dois termos dormido em horários completamente errados. Passamos a manhã e a tarde na cama, tentando descansar e por a cabeça no lugar, enquanto a noite e a madrugada estariam em claro, como era de se habituar... Ou não. Afinal, eu nunca iria me acostumar com Frank chorando e se contorcendo, sempre antes de dormir ou no meio da noite, quando seu pesadelo parecia se tornar real. "Sim, eu pedi pra ele ontem.", sua voz me despertou, dessa vez mais próxima, conforme deixava os pratos postos sobre a mesa. E encarei o diante de mim, torcendo os lábios em uma careta simples. – É, não parece tão ruim... A sua sorte é que você cozinha bem.
- Não melhor do que o Mikey... Acho que ser escravizado pela Alicia tem seus benefícios. – Ele comentou, arrancando risadas minhas, enquanto eu no servia de suco de laranja, preparado por mim no dia anterior, ao mesmo tempo em que Frank já avançava no filé grelhado de frango que tinha em seu prato, assim que se sentou diante de mim. – Parece que alguém está desesperado pra comer... – Comentei, levando meu pé, embaixo da mesa amadeirada, para uma de suas pernas, ali roçando-o, tendo o olhar de Frank só para mim, assim que lhe chamei atenção. – Come devagar, baixinho... Pode ter uma indigestão e acho que os remédios pra azia acabaram...
- Você anda tomando todas as noites, eu vejo. – Frank disse aquilo tudo como se dissesse "oi" e eu senti meu rosto corar, acabando por volta-lo em direção à janela logo ao lado da mesa, observando a lua bastante reluzente no céu, ao que sabia que meu pequeno e irritado namorado estava me trucidando com seu olhar. – Não tente me enganar, é o tipo de coisa que eu aprendi convivendo contigo todos os dias... E, claro, tendo um Way magrelo sempre ao meu lado. Vocês são muito fáceis de ler. – Me mantive em silêncio, dando atenção à comida, sabendo muito bem que Frank viria com todo o seu interrogatório, o que eu andava tentando despistar, mas não conseguia com tanto sucesso. Enquanto estávamos focados nele, eu tinha certeza de que estava esquecendo um pouco de mim e Frank era muito bom em me fazer lembrar. – Você precisa tomar os seus remédios na hora... Quando eu estou... Bem... Eu consigo lembrar, empurrar aquela merda pra dentro da tua boca, mas nem sempre eu vou poder fazer isso. Não agora, não nesse estado.
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Surrender The Night || Frerard version
Fanfiction[Continuação de Burn Bright] " O amor nunca acaba. Não quando é real e nós dois sabemos o quanto foi. Nós vivemos, nós crescemos, nós morremos e ele continua ali, firme e forte. Vivo, incandescente e vibrando, mandando aquele incessante "É ele, é e...