adeus, neymar.

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Acordei com o meu celular tocando feito louco, palpeei a comoda ainda de olhos fechados.

— Quem me incomoda que não pode esperar dá a porra da hora para que eu acorde!?

— Filha... É a mamãe. - ela fungou e eu despertei, minha mãe chorando. Realmente é sério. Me sentei e ela continou.

— Se arrume, precisamos ir para o hospital. O vovô Luigi piorou.

— O-ok mamãe, desculpe como eu fui grossa, mas é que...

— Agora isso não importa, seu pai já está a caminho.

Ouvi a mesma fungar outra vez e meu coração apertou, ela desligou sem nem se despedir e eu levantei em um pulo. Olhei o celular e ainda marca 6h15 da manhã. Me arrumei em tempo recorde, ajeitei uma mochila e prendi o cabelo em um coque alto.

Tranquei o apartamento e já desci nervosa, meu vózinho está doente a meses mas vinha apresentando pouca melhora. Não sei e nem quero pensar o que seria da mamãe e de mim se nós o perdessemos. (...) O silêncio dentro do carro era sufocante, minha mãe chorosa e meu pai concentrado na estrada e fazia carinhos com uma das mãos na perna de minha mãe. Suspiro pesado, pois já sei que os próximos dias serão dificies.

Um tempo depois chegamos em Calaf, uma cidadezinha pequena porém sossegada o que é perfeito para os meus avós que não curtem a "cidade grande". Papai estacionou do lado de fora do hospital central da cidade e nós descemos. Fizemos a identificação e subimos ao 3° andar, assim que saímos encontramos a vovó sentadinha, toda jururu.

— Oi, vovó. - a abracei e ela me apertou.

— Oi Kyn. - beijou meu rosto e eu sequei o seu que ainda estava molhado com seu choro.

— Como ele está, mamãe?

Deixei as duas conversando e me aproximei do vidro que tinha visão para o quarto de UTI do vovô.

Pedi a Deus que cuidasse dele da melhor forma possivel. Há quase um ano meu avô vem fazendo tratamento para um tumor maligno em seu estômago. Mas com seus mais de 80 anos, ficou tudo ainda mais dificil. Foram algumas cirurgias, diversos medicamentos e quimioterapia.

Ele até chegou a melhorar um pouco mas teve tantas recaídas que sua imunidade se acabava lentamente. Apertei o pingente de coração que ele e minha avó me deram no verão passado, beijei o mesmo e sequei meu rosto.

— Vai ficar tudo bem meu amor, Deus sabe o que faz!

— Só queria polpar ele sabe, papai. É muito sofrimento para o meu velhinho.

— Eu sei meu amor, eu sei.

Naquela noite meu avó foi entubado por seu estado ter se agravado, mamãe e vovó foram para casa. Meu pai tinha ido atrás de algo para comermos. Me vesti com toda aquela roupa, coloquei a mascara e tudo que fosse preciso e entrei no quarto. Segurei na mão enrrugada e muchinha, beijei a mesma.

— Oi vovô Lui, lembra como eu te chamava assim quando era pequena? Eu amava e você sempre dava aquele sorrisão quando eu chegava pela casa de vocês, te gritando. Eu tenho saudades daquele tempo, sabe Vô. – sorri em meio meu choro e continuei fazendo carinho em sua mão.

— Ultimamente minha vida está uma loucura e eu sinto tanto por não ter vindo antes te ver, mas eu estava trabalhando. Meus pais, ahhh, sabe eles acham que eu sou modelo. Mas não é bem assim, eu e o Junior... quer dizer o Junior, bom ele quem é o Daddy. Ele me dar o que eu quero e até o que eu nem peço, mas tudo tem um preço e eu o pago com... ah você sabe né, vovô?!. - sorrio envergonhada e seco sua mão que foi molhada por algumas lagrimas minhas.

— Eu já não me sinto tão feliz em fazer isso, não que eu não goste dele. Porque eu gosto, mas eu só queria ser vista além do brinquedinho que ele pega quando quiser e depois só o solta. Eu não posso o cobrar algum sentimento se nem eu carrego algum por ele, eu acho. – o olho esperando que ele me dê uma bronca ou um conselho.

Mas nada, nada vem dele. Não sai voz, não sai emoção e nenhum movimento. Beijo sua testa e me afasto dele. Saio do quarto e meu pai aparece com um lanche para mim. (...)

Na manhã seguinte ele deu uma parada cardiaca muito forte e não resistiu, somente eu estava no hospital e as palavras do médico, o seu olhar não saiam da minha mente enquanto eu estava caminhando para casa dos meus avós.

Eu sinto muito. Avise aos seus pais, fizemos de tudo. Mas infelizmente o senhor Luigi não resistiu a parada.

A voz do doutor Rodriguez, ecoava na minha cabeça. Entrei na casa dos meus avós e minha mãe estava vindo dos fundos abraçada na minha vó.

Meu pai estava sentado no sofá, os três me olharam e eu só consegui negar e aprofundar ainda mais o meu choro, minha avó apenas assentiu e subiu devagar para o seu quarto, papai abraçou a mamãe que estava inconsolavel e eu me sentei no sofá, abracei os meus joelhos e chorei tão alto que eu só escutava meu próprio choro. (...)

15 de setembro de 2018.

Já passou alguns dias desde o enterro do vovô, mamãe e papai já foram para casa. A vovó foi com eles passar um tempo com a mamãe, agora cá estou eu em Itapema, sim estou no Brasil. Tomei uma decisão de me afastar daquela loucura pornografica que estava a minha vida e me afastei totalmente do Junior e de tudo que rodeia ele.

Ele tem me ligado bastante já que tem quase duas semanas que sumi do mapa, ninguém sabe que eu estou aqui. Nem mesmo meus pais, preciso desse tempo, preciso me desprender do Junior, preciso aprender a lidar com a minha dor em perder o meu VovôLui.

Passei dias em detox total do meu celular e obviamente das redes sociais, me enfiei na biblioteca que tem aqui em casa e achei tantos albuns de fotos e descrições dos momentos das mesma que todos os dias, por quase 24h passo meu tempo as olhando e lembrando o tanto que era feliz e inocente.

Não tinha tanto luxo, não tinha homens me caçando, não tinha os meus sentimentos tão conturbado, não tinha o Neymar e tão pouco o que eu nem sei o que sinto por ele. Só eramos papai, mamãe, vovó, vovô e eu. Eramos felizes e muito mesmo.

Chorei por noites, ás vezes quando acordava ainda estava na biblioteca, no meio dos albuns, apenas perdidas nas minhas lembranças. Visitei alguns lugares da cidade mas sempre terminava dentro da banheira com muito vinho e sozinha. (...)

Eu já estou há quase um mês no Brasil e resolvi ligar o meu celular e logo minha mãe me ligou, conversamos um pouco e eu avisei que na próxima semana já estaria de volta em Barcelona. Mas pedi que não comunica-se a ninguém além do meu pai e a vovó.

Abri o wpp respondi algumas pessoas e só na janelinha do Neymar tinha mais de 200 msg. Apenas li as ultimas.

Ai papí 💴
Oh caralho
Ta me zuando, Kyara.
Onde você se enfiou?
Tô há semanas atrás de você, foi algo que eu fiz?
Foi né, aquele dia. Me desculpa.
Mas me entende mano, não consigo controlar isso
KYARA!
MANO, ME RESPONDE MEO.

Oi, eu sei que devo explicações por ter sumido nessas semanas.

Eu perdi o meu avô Lui, mas não adianta dizer.

Isto pra ti, não tem importância e você não está errado, realmente não importa.

E eu não aguento mais nada disso, seja lá o que for o nome do que temos... tivemos um dia.

Não estou cumprindo com o nosso contrato e aliás não quero mas, não quero mas nada que venha de você. Isso não está me fazendo bem, eu sinto muito.

Não se preocupe comigo
Mas é melhor nos afastarmos.
Adeus, Neymar.

Sugar Daddy 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora