não demore.

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— Ela é namorada do Juninho, tio.

— Namorada? — ele me encarava com desdém.

— Sim... ah, prazer. Me chamo Kyara, Kyara Scott!

Me levanto e estendo a mão, ele a aperta mas me encara tão profundamente que sinto um arrepio por todo o meu corpo.

— Filha do Olivier?

— Ahh, sim. O conhece, não?

— Grande amigo. — assinto e ele solta a minha mão. — Gil, filho, você quer vê-lo agora? — ele tirou a atenção de mim e eu soltei um suspiro.

— Eu ainda posso esperar um pouco, quer ir Kyn? Todos já foram.

— Ela? Mas...quer dizer, tudo bem se quiser ver ele. Tem roupa e máscaras no canto esquerdo, assim que você entrar.

Ele diz e se afasta indo ao encontro da filha e esposa. Solto todo o ar que eu nem sabia que estava prendendo, sorrio para o Gil e o agradeço por me deixar "passar" na frente.

Meu coração voltou a bater tão forte quanto estava quando ouvia todos os estrondos do acidente, eu sentia ele pulsando a pele de meu seio, seguro na maçaneta e a giro, abro e logo em seguida a fecho atrás de mim. Visto a roupa azulada e ajeito meu cabelo depois de colocar a máscara em meu rosto. Todos os bipis entravam desesperadamente em meus ouvidos, olhei a tela em que marcava os batimentos dele, e, suspirei aliviada em saber que ele ainda estava ali. Dormindo... mas estava bem ali na minha frente e isso de certa forma me dava um pequeno sentimento de calmaria.

Tirei meus olhos da tela e guiei para seu rosto, meu corpo se arrastava até a cama, parei a centimetros de distância de seu corpo. Seu rosto tinha alguns arranhões e até um curativo pequeno em sua testa, na altura da sobrancelha e como estava elevado, creio que tenha levado alguns pontos ali. Dedilhei devagar, desci meu carinho por seu rosto e acabei sorrindo, mesmo sentindo meu peito apertar e a sensação horrivel de querer chorar um rio inteiro.

— Ahn, meu bem... porque você está fazendo isso comigo?

Mordo meu lábio tentando segura o meu choro, olho todo o seu rosto e seu corpo, seguro em sua mão que estava livre do acesso de soro ou para algum medicamento, aperto a mesma de leve buscando por aquele  calor que ele sempre me deu. Comecei a fazer carinho com as pontas dos meus  dedos e voltei a olhar em seu rosto.

— Ju, por favor não demore. Em pensar que eu ainda iria brigar com você, olha só o que a sua teimosia te trouxe! Poxa Junior, era só você parar o carro ou me ligasse quando você chegasse no seu destino. — engoli em seco. — Mas... o importante é que você esta aqui, ainda.  Só fica bem logo, por favor! — funguei e soltei outra vez um suspiro pesado. — Eu não aguentaria perder você!

Sussurei e meu peito doeu demais, depositei um beijo em sua testa, abaixei minha máscara bem rapidinho e selei sua boca.

— Eu volto amanhã, bem cedinho... todos os dias. Até você acordar! — alisei seu rosto e algo em mim  esperava com ansiedade que ele respondesse, mas não iria ser tão rápido e fácil assim. — Eu amo você, daddy.

Afastei de uma só vez meu rosto do seu e solto minha mão da sua, mesmo querendo demais ficar ali. Arrasto meu corpo contra a minha vontade, já fora do quarto eu sinto o peso dos olhares em cima de mim. Minha vista estava outra vez ficando turva por conta do meu choro, o deixo cair todo de uma vez e volto a me sentar do lado do Gilmar que esquentou minhas costas, esfregando sua mão por ali. Abaixei ainda mais meu corpo quase a encostar o rosto sobre os joelhos, tirei a máscara de meu rosto e o afundei em minhas mãos.

Ela está se sentindo bem? Tipo, não vai passar mal se continuar desse jeito? — escutei o irmão do Junior bem próximo de mim.

Deixa ela por pra fora cara, relaxa. É melhor assim.

— Vou pegar uma água com açúcar para ela, não deixa ela ir embora assim.

As vozes dos dois saiam estremamente baixa, mesmo que os dois estivessem bem ao meu lado. Meu corpo já pesava e eu sei o quanto ainda seria difícil ir para casa e tentar controlar todos esses sentimentos dentro de mim. Levantei meu rosto e bebi toda água assim que o copo entrou no meu campo de visão.

— Obrigada, meninos. — dei um sorriso falso demais até pra mim.

— Você já vai ir? — Joclesio ou Jota como era chamado por todos, me olhava preocupado.

— Acho que agora seja um momento mais para vocês. Eu volto amanhã, cedo.

— Tem certeza que tá bem pra dirigir, Kyara? Eu posso te acompanhar, depois eu volto. — Gil dizia com calma e o Jota assentiu como se desse apoio para a idéia do amigo.

— Não precisa se incomodar, Gil. Eu tô bem. Obrigada. — sorrio fraco. — Obrigada mesmo, por tudo.

— Vou confiar hein. Sabe que se precisar, pode contar comigo. — ele balançou o telefone e eu assenti.

— Comigo também, pô. — Jota brincou e eu acabei dando uma risadinha.

Ele sorriu amigavelmente e eu assenti para os dois, tirei aquela roupa horrivel e joguei junto com a máscara na lixeira indicada. Aceno para os meninos e afirmo outra vez que retornaria pela manhã.

Duvido que volte, biscate!

Rafaella Santos!!

Estava cansada demais para me dar o trabalho de discutir com uma menina extremamente mimada e ridícula a tal ponto de achar que iria me ofender. Neguei decepcionada e desviei o olhar da mesma que parecia levar uma chamada daquelas de sua mãe.

Apertei o botão acionando o elevador e levei meu olhar para o quarto do Junior. Eu vou voltar, todos os dias. Por quanto e todo o tempo que for preciso.

(...)

Quando me joguei na cama, eu nem me dei conta de quanto tempo demorei para dormir. Mas quando despertei no outro dia já se passava das oito da manhã e eu sentia um pouvo de leveza.

Me levantei, espreguicei meu corpo e entrei no banheiro, tomei um banho bem rapidinho. Sequei o cabelo e o pentieei. Dentro do closet, cacei algo que fosse o confortavel o máximo possivel e optei  por uma calça de moletom justa, uma camisa de malha e um casaquinho bem fino. Puxei um sobretudo do cabide e desci com ele em um dos meus braços, coloquei a cafeteira para trabalhar e me encostei
no balcão pegando meu celular no bolso da calça para fuçar o mesmo e tentar destrair minha mente e livra-la de pensar no mínimo de onde eu irei estar daqui a pouco.

Tomei meu café, escovei meus dentes e atendi a ligação de minha mãe e tentei outra vez acalmar ela como já tinha feito nas mensagens. Me despedi dela, coloquei  minha bolsa no ombro e voltei a ajeitar o sobretudo em meu antebraço.

O dia seria longo e com certeza, muito cansativo.

Sugar Daddy 》 NJROnde histórias criam vida. Descubra agora