Renascer de Um Herói

Queda

Três anos se passaram e o jovem Liang Yue, agora com treze anos, se mostrou um aluno humilde e educado para com seu mestre, satisfazendo-o e muito com os seus resultados. A cada passo que o mestre esperava, seu aprendiz dava dois ou até mesmo três.

Enquanto isso, Liang Ru havia despertado o seu elemento, se mostrando um usuário do elemento ar. Em comparação, seu despertar aconteceu normalmente, embora sua mãe esperasse dele algo tão ou mais incrível que o menino mais velho.

Sua irmã, Liang Hua, estava no fim de seu aprendizado com a Mestra Quan, chorando muito quando viu que também seria uma espiritualista: tinha se afeiçoado e muito à mulher.

Os dois novos mestres que ensinariam os filhos mais novos do Lorde foram chamados: Mestre Yu para ensinar Liang Ru e Mestra Fen para ensinar Liang Hua.

Aquele ano ia bem, chegando ao verão agradável do ano em que Yue completaria o seu décimo quarto ano de vida no fim do verão. Naquele ano, embora os astrólogos imperiais vissem um cometa anunciador de maus presságios surgir no céu noturno. Pelas contas deles, graças à disposição dos astros e do ângulo do cometa, um nobre poderoso morreria pelas mãos de alguém próximo.

A notícia foi enviada aos quatro cantos do Império.

Quando recebeu a notícia, Lorde Liang fez pouco caso, dizendo ser "crendice popular" e "notícias agourentas só trazem atraem desculpas para o agouro". Sendo um homem do governo no cargo que ocupava, era preciso ser mais prático que supersticioso em momentos como esse.

Três semanas após o envio da mensagem, uma tempestade de verão varreu a cidade, arrancando telhas e afogando alguns animais de pasto. Nada muito mais grave que isto aconteceu.

Ou era pelo menos isso que os camponeses de Zhaogong pensavam.

Durante a noite da tempestade, no alto da madrugada, Liang Yue despertou com o estrondo ensurdecedor e o clarão quase divino do raio que caiu na mansão, destruindo uma bela árvore de lanternas escarlates no centro do jardim.

Preocupado, ele correu até o andar debaixo da mansão, caindo no chão quando tropeçou em algo. Era alguma coisa alta, tinha quase o seu tamanho. Quando se levantou, sentiu algo úmido nas mãos e joelhos. Com os ventos, a janela da sala se abriu, iluminando o cômodo com um segundo raio que caiu novamente na árvore já castigada pela tempestade.

Suas mãos estavam sujas de sangue! Assim como suas roupas!

Olhou para o monte e viu o que era: seu pai e seu mestre, mortos com marcas de estocadas no coração e expressões de descrença. Nas costas do pai, uma adaga fincada impedia um papel de voar com o vento.

Dizia, numa caligrafia familiar:

A culpa é toda sua, arque com as consequências!

Segurando o papel firmemente nas mãos, Liang Yue não pôde se conter. Chorou copiosamente, como uma alma penada acalentada pelo desespero de perder duas figuras que tanto admirava e amava.

Pelas mãos do destino, ou fosse só coincidência, a tempestade diminuiu um pouco, fazendo os servos e todos os membros da família na casa despertar.

Ao chegarem à fonte do barulho, viram que era o jovem mestre, de joelhos, chorando como nunca diante dos cadáveres de seu pai e de seu mestre espiritualista. A serva que cuidava dos filhos do lorde ia levá-lo para seu quarto e dar-lhe um banho quando a portão fora aberto de supetão.

Era a guarda da cidade.

— Liang Yue! — anunciou o capitão da guarda, sobressaindo sua voz durante a tempestade. — Sob a acusação de ser visto assassinando o Lorde Mestre de Santuário Terreno de Zhaogong, Liang Bao, e o Mestre Espiritualista Liuxian, você será preso e mantido sob a custódia da Guarda da Cidade até que um magistrado do Sul venha presidir seu julgamento.

Parecia outro mundo.

Ao ouvir as palavras, Liang Yue sentiu-se como se removessem o chão sob seus pés e ele caísse como uma pedra no fundo de um poço.

Imundo do sangue daqueles dois homens tão importantes a ele foi levado até a prisão e colocado na solitária.