Cabeça a Prêmio

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Long Feng e Kira voltavam para o Bom Sonhar já à noite. Ainda era cedo para os estabelecimentos fechar, mas mesmo assim o movimento nas ruas era baixo e somente alguns restaurantes e as hospedarias estavam abertos.

— Long Feng, por que você está com essa cara mal-humorada? — perguntou Kira.

— Receio. — respondeu Feng. — Já me atacaram ontem. E a senhorita está ainda no ranque Bronze... Não é seguro andar tão despreocupado por aí.

Enquanto os dois caminhavam, Feng usava sua técnica de detecção, forçando o máximo que conseguia. Infelizmente era algo que precisava de concentração e Long Feng não podia se dar ao luxo de manter uma conversa normal com Kira.

— Ótimo. — disse Feng em tom de frustração. — Estão montando uma arapuca. São quatro. Dois nos fundos do Bom Sonhar e dois na esquina da rua.

— O que fazemos? — perguntou Kira, meio ansiosa com a possível armadilha. — Chamo a minha Irmã Sênior?

— Onde ela mora?

— Colina do Lorde. — Kira respondeu meio evasiva. — Ela não gosta de se mostrar tanto assim...

— Mesmo se a senhorita corresse o máximo que suas pernas suportassem, eles com certeza te apanhariam enquanto me prendem... — Long Feng não parecia na melhor das situações e dos humores. — A senhorita teria uma arma em seu bracelete?

— Não, desculpe.

Feng começou a pensar no que usar quando se lembrou da adaga de espólio — maldito dia em que retirou a espada comprada para manutenção e se esquecera no quarto.

— Essa kunai tem de servir. — disse enquanto empunhava a arma oculta na manga da roupa. — Vou mantê-la perto de mim. Vamos para a hospedaria e então corra para trancar os fundos. Quando fizer isso, você terá uma boa chance de não ser atacada.

— Mas...

— Senhorita Kira, por favor, tenha pelo menos um pouquinho de fé em mim. — disse Feng quando já começavam a dobrar a esquina da rua que dava acesso ao Bom Sonhar.

E como esperado, os dois vultos surgiram, usando roupas de assassinos típicos do Leste — os famosos ninjas. Além disso, equiparam-se com máscaras de oni, feitas de madeira e pintadas com laca escarlate. As presas dos demônios pareciam ser feitas de marfim ou madrepérola — a iluminação fraca não ajudava.

— Imagino serem amigos da garota de ontem. — disse Feng sem rodeios.

— Aquela inútil foi despachada para outra missão. — disse um homem. Não dava para saber se era o líder, mas agia como porta-voz. — Venha conosco. Agora.

— E se eu me reusar?

— Teremos de ser rudes. — respondeu o outro ninja.

— Fique perto, senhorita Kira.

Rapidamente, Long Feng mordeu o dedo da mão esquerda e sacou a kunai, marcando algo em sua superfície.

— Técnica de Invocação: Lâmina Espiritual. — a runa de sangue na lâmina acendeu e o ki de Long Feng condensou-se e se manifestou, prolongando-se até tomar a forma de uma jian.

Kira encantou-se com a técnica: o ki de Feng parecia uma mistura lindamente harmoniosa das cores frias, normalmente manifestadas pelos cultivadores dos elementos água e terra. E mais surpresa ainda ficou Kira quando Feng usou seu sangue para escrever algo em sua roupa, logo desaparecendo.

Os dois ninjas atacaram, forçando Feng a agir um tanto quanto grosseiramente. Concentrando ki do fogo na mão esquerda, Feng aparou o golpe das espadas inimigas e disparou a rajada de fogo, forçando os dois a recuarem. Kira, atendendo ao pedido, ficou próxima e acompanhou-o quando o garoto deu uns dois passos. Pelos próximos longos minutos, Feng defendia os golpes e forçava ambos os inimigos a recuarem, andando um tanto para mais próximo deles e do Bom Sonhar.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora