Frutos Colhidos

7 3 0
                                    


O dia seguinte fez Long Feng acordar com uma luz entrando meio torta no espaço estreito entre as venezianas da janela do quarto. Quando se sentou, sentiu a cabeça tonta e o estômago embrulhado. Pensou em se levantar, mas quando começou o movimento, suas pernas estavam fracas, assim como os braços. O garoto caiu como um boneco de pano no chão do quarto.

"Veneno..." ele pensou, notando alguns sintomas mais comuns de venenos que limitam as funções motoras do corpo. Sorte ou coincidência, Kira tinha recém-aberto a porta do quarto para chamar pelo amigo:

— Long Feng, você vai dormir até quando? Já é hora do almoço, não... — ela começou a chamá-lo, mas a visão do amigo caído como um saco de batatas no chão a assustou e muito. Receosa, ela correu para chamar pela mãe e um dos cozinheiros de corpo mais musculoso. Os três retornaram e colocaram Long Feng deitado na cama novamente.

— Nossa, ele está com febre. — comentou o cozinheiro que o levou no colo.

— E muita! — concordou a senhora Lin quando mediu a temperatura com sua mão encostando na testa dele. — Filha, faça o favor de ir até o médico...

— Não... — disse Long Feng muito fracamente.

— Long Feng, não se esforce. — disse a senhora Lin. — Precisamos...

— Veneno... — ele disse. — Alquimista... Meu bracelete...

Kira pegou o bracelete na mesinha de cabeceira dele, esperando mais instruções.

— Insígnia... Empório... Xin... — disse ele, dessa vez tremendo um pouco.

Kira logo encontrou o que ele pediu: uma insígnia pentagonal comprida, com o ideograma da loja e um número gravado atrás.

— Senhor... Yamato... — disse Feng. — Melhor... Alquimista... Ajudar...

Kira entendeu e correu para a loja. Enquanto isso, no quarto de Feng, a senhora Lin dispensou o cozinheiro — embora o recomendasse ficar de olho na saúde. Seguindo as instruções bem pausadas de Feng, ela escreveu a receita que o alquimista precisaria fazer e retirou o material necessário do bracelete, além de um conjunto de oito talismãs.

Mais tarde, já começando a respirar mais pesadamente, Feng sentiu meio debilmente a presença de Kira chegar ao Bom Sonhar junto de outra que ele desconhecia — embora seu palpite pudesse estar bem certo. A garota entrou no quarto, seguida de uma moça no mínimo curiosa de se ver: era a tal da Yukina.

— Surpreso em me ver? — perguntou a moça mais velha. — Sou a alquimista-chefe do Empório. O senhor Yamato me mandou quando perguntei sobre você à garota ali.

— Pode... Ajudar...? — ele perguntou meio irônico.

Yukina rolou os olhos com a brincadeira besta, lendo a receita transcrevida pela senhora Lin e as indicações de uso dos talismãs.

— Muito bem, eu entendo o que ambas querem, mas preciso estar a sós com ele. Para sua segurança. Mais tarde darei um antídoto para as duas e quem mais esteve perto dele hoje. — a moça comentou séria.

A senhora Lin e Kira saíram do quarto e esperaram pelo sinal de Yukina. Enquanto isso, a moça seguia a receita de Long Feng logo após energizar e fixar os oito talismãs nos cantos do quarto, isolando-o do mundo fora das paredes. Deu-se então a trabalhar na receita alquímica.

Yukina surpreendeu-se com os materiais ali: muitas daquelas ervas eram raras e difíceis de serem encontradas, mesmo nos melhores apotecários do Império quando procuradas secas. Mais surpreendente ainda foram as instruções: ervas tidas como secas sendo amassadas e liberando mais seiva e sumo que ervas recém-colhidas. Sementes que liberavam mais e mais do seu efeito quando piladas com água fervente.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora