Tempo e Aprendizado I

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A primeira coisa que Liang Yue aprendeu naquele lugar era que Mestre Hamir da Terra Escura não gostava de ser chamado pelo nome. Apenas de "Mestre" já estava de bom tamanho. Segundo ele, abdicar de seu nome para os herdeiros dos povos que sua nação oprimira era uma penitência ainda pequena se comparada à prisão que era uma benção e uma maldição. Ali, naquela torre, as leis do tempo fora da torre eram inválidas. Os mesmos deuses que afundaram a morada de sua nação confinaram-no ali como castigo pelos atos cometidos.

— O Mestre era um morador do Continente Lendário? — Liang Yue perguntou surpreso com o que ele disse.

— É assim que seu povo nos chama? Moradores do Continente Lendário? — seu Mestre perguntou, recebendo os novos conhecimentos de fora. — Sim... Acho que é um bom nome.

— Mas... Espera. Se o Mestre é alguém do Continente, então... — disse Liang Yue, logo chegando à conclusão, mas se interrompeu: era ridículo pensar que esse homem tinha toda essa idade.

— Surpreso vendo que tenho alguns bons milênios de vida? — seu Mestre perguntou com um meio sorriso. — Veja bem: aqui, na torre que é o último bastião da minha civilização, eu vivo a cada dia como se fosse uma pena por meus crimes e de meu povo.

Yue notou que havia uma profunda tristeza em seus olhos, muito similar à que ele sentia desde que se recordou da principal razão para estar ali. Quantos amigos, parentes e até amantes ele não pensava continuamente desde o cárcere?

— Como o Último Homem do Império Kou, devo manter-me sólido como a construção em que me prenderam. — seu Mestre disse firme na declaração. — Algumas vezes, de tempos em tempos, a Mestra Garça da Lua vem me visitar.

— O Mestre não sabe o quanto é esse "de tempos em tempos"? — perguntou Liang Yue, curioso com aquele cárcere-moradia.

— Não. Como eu disse, o tempo aqui corre de forma diferente do mundo de fora. Pelo que os outros visitantes diziam no início, um ano lá fora equivale há uns vinte e um anos aqui.

— Espera! E quando eu sair? — Liang Yue alteou-se com medo do que aconteceria, transparecido muito evidentemente em sua voz. Já estava ciente dos dois anos que treinaria com seu Mestre.

— Acalme-se. Você tem a benção da Mestra e de seu Mestre. — respondeu sereno, apontando para o coração do pupilo. — Ambas permitem que você viva aqui no tempo do mundo de fora.

Uma vez que a sua situação fora explicada, Liang Yue finalmente perguntou aquilo que mais interessava a ele:

— O que o Mestre vai me ensinar? — em sua mente jovem, Liang Yue sonhava consigo mesmo refletido nas imagens dos livros de fábulas dos antigos e lendários heróis do Império. — Técnicas de espiritualistas da terra?

— Sim. Tudo isso que você disse, além do fogo, da água, os rudimentos do ar, além de luz e trevas. — o Mestre respondeu enumerando os seus ensinamentos. — Além disso, vamos fortalecer o seu elemento Espírito, uma vez que está fraco, além de aprender inscrições, alquimia, o idioma de Kou e todo o ensino por detrás da fusão com bestas. Infelizmente, não poderemos deixar você fundir-se com uma essência espiritual, já que dentre todos os itens que possuo, justamente isso é o que está além de suas capacidades.

Gemendo mentalmente, Liang Yue achou que morreria de tanto aprender, se é que fosse possível. Agradeceu que das nove disciplinas das artes marciais espirituais — Alquimia, Artesanato da Forja, Combate Armado, Combate Desarmado, Cura, Habilidades Elementais, Inscrições, Invocações e Selamento — aprenderia só cinco delas. E delas, somente Alquimia e Inscrições eram usadas pelos espiritualistas.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora