Quarto Dia: Questionamentos

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No dia seguinte, a mansão do lorde da cidade parecia estar com um clima mais tenso. Quando perguntava a um dos servos que atendia a Long Feng, eles desconversavam ou respondiam que não eram autorizados para falar sobre. Preparado mentalmente, Long Feng seguiu o guarda que o acompanhou até a Casa Principal — em específico ao Salão da Família. Por mais que o assunto pudesse ser tratado no Salão do Patriarca e dos Anciões, o ocorrido alguns dias atrás afetou diretamente ao Lorde Okusame Ujiyasu e Lady Okusame Megoyo. Não era para menos que fosse feito no salão mencionado: o peso das palavras do casal teria mais peso que as palavras de Okusame Yoshimitsu, Okusame Sawako e todos os Anciões.

O cômodo em si era comprido e retangular, com o assento do Lorde Mestre oposto à porta, sua esposa à sua direita, o Patriarca à sua esquerda, a Grã-Anciã logo num degrau mais abaixo do tablado no qual os três se encontravam, sentada diretamente à frente do irmão, mostrando que ainda estavam acima dos demais anciões. Estes estavam distribuídos conforme a sua vontade, sendo que era um acordo mudo que se sentariam mais próximos do patriarca aqueles de maior hierarquia interna.

No centro do salão, Soon Kong, Kin, Gin e Iguni estavam sentados. Ao lado da cadeira de Soon Kong, uma quinta cadeira, vazia, para Long Feng. O jovem dirigiu-se ao acento marcado, esperando a ordem para sentar-se. Notou que havia um homem amarrado de joelhos à sua frente.

— Pode sentar-se, Jovem Mestre. — a Grã-Anciã o autorizou.

Long Feng sentou-se e esperou darem início às politicagens internas do clã. No início, ouviu — ou pelo menos fingiu ouvir — mais do que falou ou observou em volta. Quando chamaram por ele, era um dos velhos anciões.

— Jovem Mestre Long Feng — a voz do velho era arranhada e irritante —, o relatório dado a nós por Soon Kong é verdadeiro?

— Não saberia afirmar Ancião. — respondeu Long Feng. — Eu mesmo não tive acesso ao mesmo relatório citado.

O velho fechou um pouco os olhos, achando que pegaria Long Feng desprevenido.

— Pois digo aqui, é um monte de fantasias e bobagens! — exclamou outro ancião, careca e cheio de manchas de senilidade. — Onde já se viu dizer que um pivete como este, um bastardo escarrado por uma prostituta, seria...

Antes que o velho terminasse as ofensas dirigidas a Long Feng e sua falecida mãe, uma aura assassina como nunca conhecida pelos presentes se fez sentir voar em direção ao velho. A reação deste foi apenas se calar abruptamente, sentindo que seria morto se encarasse o moleque.

— Long Feng, eu peço que perdoe o nosso ancião. — Lorde Okusame pediu calmamente. Parecia até que ele esperava por algo do gênero. — Ser educado é algo que um velho como ele não tem como aprender nesta idade.

A vontade de matar foi amenizada, embora não dissipada: pareceu com um virote pronto a ser atirado por uma balestra armada. Era um aviso ao velho (e os demais anciões): seja mais educado e não sofra em minhas mãos.

— Se o Lorde Mestre permite a este servo, seria possível irmos direto ao principal assunto? — perguntou Feng, recebendo um aceno de cabeça. — Pelo que me informaram, será pelo futuro deste homem que farão o julgamento aqui. Justamente por pertencer ao bando agora extinto que atentou contra a vida de Lady Okusame Megoyo.

— Sim, você está certo. — confirmou o Patriarca, como se tivessem ensaiados todos ali.

— Este homem, identificado pelo nome de Hae Young-Jae por seus comparsas de bando, possui uma habilidade interessante de criar barreiras. — disse Feng. Era uma burocracia necessária, para levar os anciões que estavam incertos para seu lado.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora