Mal Entendido

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Aquela cena parecia demais com alguns clichês comentados em histórias de romances marciais escritos por grandes nomes nas terras imperiais e além, trazidos pelos comerciantes mais ousados que se aventuravam pelos mares ou pela terra por anos a fio.

— Ei, irmãzinha, não teria problema se você fosse comigo e meus Irmãos até um bom lugar para beber? — perguntou o mais mal-encarado deles. Com certeza era o líder pela atitude e seu jeito de brutamontes agigantado.

— Suma. — ela respondeu secamente. — Um traste imundo como você não tem sequer o privilégio de olhar para mim.

"Para uma nobre, ela age como se fosse uma filha de um Rei Regional ou outro nobre mais elevado..." pensou Feng enquanto passava ignorando a cena — problemas alheios não lhe diziam respeito. Além disso, essa senhorita nobre com certeza tinha alguns guardas a vigiando de longe.

Os companheiros do grupo do homem riram da resposta da garota. O líder, irritando-se com a resposta atravessada e por ter se tornado motivo de chacota interna, resolveu tentar uma abordagem mais direta, chamando a atenção de Feng. Usando sua técnica de detecção de auras, o garoto não sentiu nenhuma aura com traços minimamente similares — característica dos guardas de nobres, manifestando inconscientemente alguma similaridade com a aura de seus mestres — no raio de ação que um guarda da nobreza normalmente fica. Aonde eles foram?

Um segundo detalhe foi o fato da rua estar com a parte central, onde a confusão acontecia, sem uma alma viva. Os passantes se aglomeravam nas laterais da rua. Long Feng era o único louco o bastante para andar no meio da rua naquela hora.

— Pirralha arrogante da nobreza! — o homem gritou, colérico, liberando a raiva. — Sinta as consequências do que disse!

Sua espada foi rapidamente sacada.

Ou pelo menos era o que ele pretendia: uma mão desconhecida, pertencente a um jovem de cabelos brancos com mechas negras na lateral da cabeça, o impedia de sacar a arma.

— Atacando a uma Jovem Senhorita da nobreza? — perguntou Long Feng, tal qual um mestre ao seu aluno ignorante. — E ainda com uma espada? Acho que o senhor sabe que só pelo tratamento dado à Jovem Senhorita poderia resultar em escravidão por crimes contra a nobreza.

O homem não acreditava! Um pivete com metade do tamanho dele tinha força para segurar a sua mão, e ele nem parecia tentar! Tentou forçar o saque da espada, mas Feng era como uma rocha. O resultado era o homem empurrado para trás pela própria força. Seus companheiros de grupo resolveram ajudar, empurrando-o contra o garoto.

— Precisam de oito homens adultos para cuidar de mim? Interessante. — perguntou baixinho irônico. Somente a nobre o ouviu. — Dê um passo para o lado esquerdo, Jovem Dama, por favor.

Ouvindo ao pedido, ela deu o passo e Long Feng firmou-se como uma muralha no chão. Usando ambas as mãos, ele desviou a força conjunta dos oito homens, caindo amontoados no chão, levantando uma pequena nuvem de poeira.

— Recomendo à Jovem Dama procurar pela sua guarda pessoal e voltar à segurança de sua casa. — disse Long Feng com calma para a jovem. — Deixe que este humilde servo cuide destes impertinentes.

A jovem anuiu, saindo da rua pelo lado antes barrado pelos homens. Achou sua irmã mais velha meio escondida e chamou a atenção sobre o jovem que a ajudou. Ambas ficaram sob os olhos de suas escoltas, observando ao desenrolar da situação. Se ficasse complicado para o jovem, enviariam os seus guardas.

— Saiam de cima de mim! — urrou o líder do grupo, jogando os comparsas para o lado. — Seu pivete ignorante! Vou te matar!

Irado, o homem manifestou uma aura rubra, cobrindo os punhos com chamas.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora