Tesouraria das Ruínas

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— Long Feng, seu tratante! — exclamou Hon ao ver o garoto vivo. Estava meio ferido e as roupas rasgadas, mas ainda assim em um estado muito saudável para aquela situação toda que passaram.

Mais feliz ainda ficou o homem quando notou que Kenta, filho do seu lorde, estava sentado e cultivando calmamente na base de uma pilastra ou estátua. Era até curioso ver o menino cultivar: uma aura azul corria ao redor dele como de costume, mas o que o destacava era a silhueta de lobo que a aura tomava.

— Quanto ao trato feito com Lorde Hinata... — Hon começou a pergunta, deixando-a no ar.

— Ainda não escolhi. — respondeu Feng. — Mas imagino que após levar tudo isso pode ser que eu encontre algo de meu agrado.

Uns homens que chegaram junto de Hon retornaram à superfície e chamaram por todos, confirmando o achado do tesouro. Megumi e Izumi ficaram aliviadas ao verem o irmão mais novo — assim como os seis guardiões. Toda a coleta do tesouro levou umas boas horas, controlada por Hon que trazia uma caixa de transporte de itens espaciais repletos de anéis e braceletes.

— Agora que toda a sala está limpa, eu darei uma boa notícia. — disse Hon para o grupo. — Lorde Hinata entregou a mim esta carta escrita a próprio punho dando-me a autorização de entregar uma quantia de ouro ou um item de mesmo valor aos envolvidos que pode chegar a grandes valores. Depende apenas das avaliações do que conseguirmos. Para evitar problemas, seus nomes serão coletados assim que chegarmos à Casa de Leilões Hinata e em até três dias vocês levarão de volta um pagamento pelos serviços.

A felicidade dos envolvidos foi enorme: poder ganhar uma grande soma em ouro era algo que muitos ali esperavam. Na saída, conversando com Long Feng, descobriu-se que ele pretendia levar o grupo pela passagem secreta a leste, mas foram separados forçadamente pelas feras. Além disso, para surpresa de Hon, Feng contou sobre o grupo mascarado de hannya.

— Hm... Eu realmente não me lembro de uma gangue ou grupo vestido de trajes ninja preto e máscaras de hannya. — respondeu Hon. — Devem ser bem ocultos do povo...

— Eu conheço. — disse Benkei, o monge com que Feng criou amizade. — No meu templo nós os chamamos de Demônios das Sombras. É uma seita obscura que atua por baixo dos panos, sujando as mãos com veneno e sangue. Parece que cada grupo desta seita tem uma máscara de um demônio diferente.

— Sempre tem uma boa notícia dessas para alegrar o dia geral da nação. — comentou Feng num sarcasmo muito evidente. — O grupo que liquidei pouco antes de vocês chegarem devia ter um líder de alta patente. De qualquer modo, peguei seus pertences e espólio. Levarei pelo menos a conhecimento de Lorde Hinata. Ele saberá o que fazer.

O retorno foi um pouco mais fácil de ser feito. A própria saída das ruínas seguiu quase o mesmo caminho — só precisou alterar a saída para o portão leste da cidade já que os corpos dos Símios da Montanha começavam a chamar as bestas carniceiras. Este desvio cobrou um dia de viagem a mais, mas ainda assim era mais seguro que arriscar o pescoço por teimosia.

Enquanto mantinham a dinâmica anterior à separação abrupta, o grupo de Long Feng estava sentindo algo no mínimo estranho no ar. Kenta, aparentemente um menino tão acanhado e inseguro, agora parecia ligeiramente mais enérgico e sempre que possível, cultivava com vontade, revelando aquela silhueta lupina ao seu redor.

Os guardiões e as filha de Lorde Hinata só tinham a curiosidade mais e mais atiçada pelo comportamento de Kenta e a falta de respostas de Long Feng. Segundo ele, se Lorde Hinata desejasse, todos saberiam da condição de Kenta.

Finalmente, quando saíram do Bosque, os ares carregados de maresia saudaram o olfato de todos, junto de um ar ligeiramente mais seco e quente. Com o vento que soprava do sul, vinha uma corrente úmida e quente.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora