Recompensas e Despedidas

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No dia seguinte, se é que possível, aqueles mesmos boatos que começaram a aparecer na mansão cresceram em escala, indo a patamares nunca desejados por Long Feng: desde quando fazer a coisa certa era razão para ser alvo de cruéis e mentirosos boatos? Depois do almoço, quando estava mais uma vez admirando o jardim que tanto gostou, Feng foi chamado por um servo à presença de Lorde Okusame. Ele, seu irmão e sua irmã estavam esperando o jovem na frente de uma edificação logo atrás da Casa Principal da mansão.

— Vamos por aqui, Long Feng — disse o lorde, mostrando o caminho —, o caminho que vamos tomar é o que usamos com quem é de fora da família. Espero que entenda esta necessidade.

O comentário do lorde não era injusto, era um procedimento normal que famílias do patamar de Mestres de Santuário para cima usassem vários cofres e os que estivessem vazios de quartos secretos. As famílias mais importantes tinham um cofre central com uma entrada principal e uma ou mais secundárias. Os três abriram as portas pesadas de ferro como se fosse de papel, fazendo Feng achar serem encantadas a abrir ao toque dos autorizados a entrar.

— Tenho um palpite de que os honoráveis Anciões não possuem autorização para entrar neste cofre em especial... — disse Feng, com um sorriso solene. — Acho que esta seria a razão da discórdia deles para com o Lorde, o Patriarca e a Grã-Anciã.

— Soon Kong me contou o que você falou a ele ontem. — Lorde Okusame devolveu sério no olhar e na voz. — Espero que essa sua sede de sangue não seja para a nossa família.

— O Lorde Mestre não precisa preocupar-se com isto. O que tenho em mente são alvos que residem muito longe de vossa família.

Assim que terminaram de falar, as luzes — geradas por pedras gravadas com inscrições com essa função — iluminaram o cômodo escuro. Era uma verdadeira coleção de essências espirituais de bestas, armas, armaduras, tomos, pergaminhos, cristais de essência, ferramentas da mais alta qualidade. Tudo num gigantesco cômodo circular, de pé direito alto e com incontáveis prateleiras.

— Leve o tempo que quiser. — disse o lorde.

Passando calmamente pelas pilhas e pilhas de moedas e joias (totalmente ignoradas, já tinha uma boa quantia), Long Feng teve sua atenção chamada por um tomo muito velho, de capa de couro e amarrado da forma tradicional dos antigos encadernados. Aquilo chamava a sua atenção.

O segundo item a ser escolhido demorou um pouco mais, sendo necessário mais tempo. Os quatro ficaram ali por quase duas horas quando uma espada num expositor chamou a sua atenção: era uma jian com detalhes em jade verde, a corda dourada que segurava a crina também dourada, além do punho feito de cedro-branco. A bainha, decorada e reforçada com um metal levemente dourado, era da mesma madeira do cabo, porém reluzente e envernizado, ressaltando os veios da madeira. A lâmina, quando desembainhada, mostrava-se fina, quase um papel de tão flexível, com um esmaltado antigo e verde cobrindo a lâmina exceto pelo fio e a parte chata, onde não se tinha o esmaltado via-se a figura de um tigre numa face e de um dragão na outra. Seguindo até a ponta, diversos ideogramas do idioma Kou. Long Feng guardou a espada na bainha e levou ambos até o lorde.

— Escolhi estes dois — disse satisfeito —, a espada e o tomo.

— Tem certeza? — o Patriarca Yoshimitsu perguntou descrente das escolhas do jovem. — Não prefere escolher uma essência espiritual de besta já que não tem uma?

— Quanto a isto, eu tenho minha própria meta. Estes dois itens aqui são os únicos que chamaram minha atenção.

— Se estão de acordo com a sua escolha, pode guardar quando confirmarmos com a tesouraria. — a Grã-Anciã Sawako disse. — Sugiro sairmos e desfrutarmos do dia calmo.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora