Descida

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Uma vez que estavam novamente sozinhos e aparentemente seguros, Long Feng continuou seu caminho para o acesso oculto às câmaras subterrâneas. O arco com a máscara demoníaca era um indicativo bom. A guarita, por mais que mostrasse uma passagem apertada para baixo do palácio, era apenas um engodo.

Depois da sua luta contra o grupo da máscara de hannya, Feng notou que na guarita havia mais inscrições. E estas eram mais interessantes: pareciam com uma anotação feita por um guarda muito relapso e esquecido. Dizia: "A entrada para as câmaras é duas entradas para norte". Sorrindo, Long Feng mostrou o que estava escrito na parede e traduziu para Kenta, que prontamente quis ir para o lugar em questão. Acompanhando o menino, Feng logo achou a tal entrada: um nicho de estátua vazio. Na verdade, a estátua em si estava provavelmente jogada despedaçada num canto, sobrando apenas o pedestal de suporte.

— Parece que temos que decifrar isso aqui... — comentou Long Feng.

Eram frases no mínimo curiosas, como se quem as mandou entalhar ali quisesse e, ao mesmo tempo, não quisesse que a entrada fosse achada.

— Da fênix, do fogo e das cinzas temos... — Feng leu em voz alta a frase, procurando por respostas ou dicas, talvez até uma inscrição na parede de pedra ao redor.

— O infinito? — perguntou Kenta em voz alta.

Para surpresa dos dois, um barulho de engrenagens e pedras sendo arrastadas foi ouvido.

— Muito bom. — elogiou Long Feng. A entrada era longa, escura e aparentemente infinita. Ele sacou uma pedra rúnica e encaixou num suporte, acendendo-a logo em seguida e iluminando fortemente o caminho. — Vamos?

A descida era suave, parecendo que o mundo ali embaixo era um misto de opressão e proteção. A cada cem metros, uma tocha se mostrava e, para felicidade de Feng, parecia um sistema de inscrições interligadas. Sorrindo com a descoberta, ele arrumou um talismã bem no suporte da primeira tocha que encontraram e injetou um pouco de ki. O efeito foi instantâneo: todas as tochas se acenderam em sequência, iluminando até a última delas.

— Vamos. O talismã vai durar só umas horas. — disse Feng.

Aquele corredor infinito terminava numa antecâmara que dava para três passagens.

— O que foi agora? — perguntou Kenta quando viu Long Feng parado bem no meio da antecâmara.

— Um pequeno empasse. Temos três passagens, mas somente uma nos leva por um caminho seguro... o pior é que perdemos nossa noção de norte com essa decida toda sinuosa...

— Eu tenho um truque. — disse Kenta.

Long Feng gesticulou para ele tomar a frente. O mais novo então cavou um buraquinho numa parte sem piso, bem na terra batida. Então usou seu domínio sobre a água para acumular líquido no buraquinho e então pegar uma agulha e uma folha de talismã. Tinha o ideograma "norte" escrito na folha e envelopou a agulha, colocando na superfície da água e então concentrou seu ki. A agulha envelopada girou freneticamente até se parar apontando o ideograma para o meio do caminho entre as passagens central e direita.

— Belo truque. — comentou Long Feng, satisfeito em saber por onde era o norte. — Então temos duas ao invés de três escolhas... Esses escritos aqui na pedra...

E ele se deu a ler todos os escritos nos três arcos, lendo com calma e relendo até mais de uma vez. Enquanto isso, Kenta resolveu acender uma fogueira e aquecer um pouco o ambiente frio e úmido daquele lugar.

— Temos um caminho de norte e um caminho de morte... — Kenta ouvia Long Feng murmurar seus pensamentos. — O outro é o caminho de sorte... Agora, qual é qual? Morte e Sorte podem ser os caminhos próprios que ligam leste e oeste. Seria o terceiro o caminho que liga até o quartel?

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora