Primeiro Dia de Expedição

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O grupo que Hon comandava era composto oficialmente por sessenta pessoas — excluindo o grupo em que Long Feng estava. Eram artistas marciais, uns poucos espiritualistas e alguns agregados, geralmente amigos e conhecidos de um dos integrantes e adicionados na última hora.

— Muito bem, todos vocês, venham aqui! — Hon chamou todos quando o grupo estava completo na frente da Casa de Leilões Hinata. Estendeu um mapa da Província do Dragão Azul e colocou duas pedras sobre o mapa. — Vamos de Nakatari até o coração do Bosque Cauda do Dragão. Serão pelo menos três dias de viagem, sendo mais da metade já no Bosque. Temos seguranças conosco, mas eles não vão cuidar de todos. Estão aqui para lidar com possíveis assaltantes de beira de estrada. Então quem não conseguir se defender, que desista ou que pelo menos consiga correr e se esconder bem. Partir!

O caminho tinha de ser feito a pé, já que as matas do Bosque eram no mínimo perigosas para cavalos e demais animais de carga. A formação do grupo expedicionário era simples: seguranças ao redor, batedores à frente e atrás, além de ter o grupo de Long Feng no centro, com ele próximo dos três filhos do Lorde Hinata e o sexteto de guardiões orbitando os jovens.

Algo perto de uma hora para o sol se por e Hon decidiu que poderiam descansar. A estrada era ladeada por uma planície adentrando o platô que estavam e a leste era interrompida pela costa escarpada das falésias.

— Mestre Long, o que faremos? — perguntou um dos guardiões.

— Escolha outro guardião de dupla e façam uma varredura em até trezentos metros. Os demais quatro fiquem de guarda. Jovem Mestre, Jovens Damas, se quiserem ajudar catando lenha ou erguendo as barracas, serão bem-vindos.

Megumi e Izumi contentaram-se em erguer uma barraca para elas e o irmão dividirem. Kenta resolveu seguir Long Feng e catar lenha. Uns vinte minutos mais tarde, quando as duas barracas (dos filhos do lorde e outra dos guardiões) estavam erguidas, os batedores retornaram.

— Não encontramos nada. — relatou o guardião. — Nem humanos, nem bestas.

— Nem mesmo um viajante? — perguntou Feng.

— Sim, também achamos estranho. — respondeu o outro.

— Certo. Achem quatro, não, oito pedras lisas que tenham uns dois palmos de tamanho e coloquem como perímetro circular do nosso acampamento. — Feng instruiu a dupla enquanto se virava para os demais quatro guardiões. — Fiquem a postos. Quando eles voltarem, faremos a escala de vigia.

Assim que a dupla voltou, as oito pedras foram trazias e inscritas pelo chifre de prata de Feng na face que ficaria para baixo, em contato com a terra. Explicando corretamente, as pedras foram colocadas em uma posição octogonal ao redor da fogueira.

— O que tem naquelas pedras? — perguntou Megumi, sentando num tronco que fazia as vezes de banco.

— Uma inscrição de alerta e proteção básicas. — respondeu Feng. — Podemos não ter muitas ameaças, mas não quero ser pego por ladrões de beira de estrada.

O jantar foi servido (carne feita em fogo de chão) e logo os jovens foram dormir. Long Feng decidiu a escala de vigia, deixando a dupla que serviu de batedores no segundo turno. Ele mesmo começaria a partir da metade do primeiro turno e terminaria na metade do turno seguinte.

O fogo era alimentado apenas para afastar uns poucos animais mais curiosos. Quando as chamas se resumiram a brasas, Feng começou a tomar conta da entrada da tenda das crianças Hinata.

Pensou ali, quieto e consigo mesmo, que era estranho lidar com pessoas que não tinham nome. Quando perguntou ao sexteto que lideraria como se chamavam, todos responderam que não tinham nomes. Pensou, num primeiro momento, que eram todos escravos. Quando fez a pergunta, os mesmos responderam serem de uma família subsidiária à Família Hinata que, durante gerações, serviam a eles como seus braços direitos e guardiões. O ramo da família que treinava os guardiões tinha um ritual que apagava o nome dos iniciados e os substituía por nomes mais simples.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora