Firmação e Curiosidade

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No dia seguinte, Long Feng acordou novamente antes da aurora. Desta vez, ele se levantou rapidamente e se trocou para logo começar os seus treinos. Hoje seria luta desarmada.

Já nos fundos do Bom Sonhar, ele tirou um manequim wing chun do anel espacial: era um tronco de um e setenta de altura, com uma base metálica, cordas logo acima dos apêndices que simulavam membros: dois no alto, um no meio e outro que parecia uma perna meio flexionada no terço mais baixo.

Seu estilo de luta era, nas palavras do Mestre, um estilo de base sólida, que visava impedir de ser derrubado. Ainda assim, Long Feng aprendeu as artes marciais não somente da terra, como também da água, do fogo e do ar. Esta última em específico servia para ele aprender mesmo que subconscientemente os conceitos do seu elemento oposto.

Como de costume, Feng começou pelas artes marciais da terra. Pelo que aprendeu com o Mestre, as artes marciais em sua raiz não eram divididas pelo elemento, sendo aplicáveis a qualquer um deles. Esta forma mais nova de separar pelos elementos nasceu quando o Império Kou começou a ensinar os povos de suas colônias. E no Império, que fundiu os ensinamentos dos assim chamados dominadores com suas já milenares artes marciais. Como resultado, a quantidade de estilos quadruplicou praticamente com o passar do tempo, resultando na extinção daqueles mais fracos ou menos visados pelos cultivadores.

O manequim foi desenvolvido pelo seu Mestre: feito de madeira banhada em ki da natureza desde que fora plantada como uma singela semente, o manequim reagia aos treinos de Long Feng, pois conseguia absorver o ki de seus golpes, além de devolver parte da força dos golpes reforçados.

Foram ouvidos os cantos dos galos anunciando a aurora e logo mais, tal qual no dia anterior, os funcionários da manhã observavam à prática de Long Feng. Àquela altura da chegada dos funcionários, ele já trocara do seu estilo da terra para o estilo da água. Num movimento rápido como uma onda forte que estoura no quebra-mar, Feng ergueu o manequim e, como num bater de um malho na chapa de metal, espalmou a mão bem no meio do manequim, estatelando o objeto no chão.

Uma pisada forte forçou uma pequena plataforma de terra endireitar o objeto de treino. Logo que o manequim estabilizou, Feng começou seu treino de artes marciais do elemento fogo. Este elemento, diferente dos demais elementos básicos, precisava usar um estilo que equilibrasse os movimentos com a respiração, sendo complicada de se treinar no começo, mas, assim que se assimilava a respiração, os movimentos tornavam-se fortes e muito sincronizados. Aliás, quanto mais sincronizado com a respiração, mais fortes eram os golpes.

Por fim, Feng começou o treino das artes marciais do ar. Um elemento que visava o completo oposto da terra: acrobacias, movimentos amplos, circulares e com liberdade de movimentos. Era frustrante, mas até ali, Feng só tinha uma compreensão e domínio basal do estilo.

Tendo finalmente terminado o seu treino, o manequim foi guardado e Long Feng foi se alongar, notando sua plateia só quando começou o alongamento. Como resultado dos pequenos aplausos de admiração e olhares que brilhavam de excitação com a demonstração, o garoto corou fortemente tão desacostumado que ele estava com a situação.

Num pulo bem-dado, Feng foi para o peitoril da janela do seu quarto assim que terminou, trocando por roupas do dia-a-dia. Desceu para o desjejum ainda levemente corado e procurou pela senhora Lin, avisando-a da sua agenda da manhã.

— Já ia me esquecendo. A senhora precisa de algo do Empório? — perguntou Long Feng. — Sei que vou demorar, então se não for nada urgente ou muito necessário...

— Não, não precisamos no momento. — a senhora Lin respondeu. — Apenas tome cuidado. Um dos meninos comentou que uns arruaceiros andam escapando da guarda da cidade.

Renascer de Um HeróiOnde histórias criam vida. Descubra agora