Prólogo

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Passo a pecinha de madeira pintada de preto por cima da branca e sorrio para Catherine ao retirar do tabuleiro. Os olhos azuis de minha melhor amiga observam o jogo, procurando a melhor estratégia para me vencer, enquanto me encontro a admirando.

- Vale comer para trás? - pergunta inclinando a cabeça para o lado em dúvida.

- Vale, por quê?

Minha pergunta é respondida, assim que ela mexe uma de suas peças e "engole" três minhas, me fazendo questionar com quem ela aprendeu esse movimento.

- Sua pestinha! - brinco levando a mãos aos seus cabelos e bagunçando-os.

Catherine sorri virando o rosto para o lado e encarando os garotos tentando jogar basebol nos fundos de minha casa.

- Você não quer ir brincar com eles? - pergunta baixo.

As gêmeas Baker e Cecília estavam dentro de casa brincando de boneca, coisa que Catherine mais odiava na vida dela, eu sabia disso, era seu melhor amigo e por isso a respondi com um sorriso no rosto:

- Claro que não. - mexo a minha peça, conseguindo fazer uma rainha - Prefiro ficar jogando dama com você.

Era uma mentira! Eu preferia mil vezes brincar com os garotos do que estar ali sentado com ela e Cathe sabia disso, mas não falou nada.

A partida terminou alguns minutos depois de nossa breve conversa e nós dois cansamos de jogar damas, começando a brincar com uma pequena cesta e uma bola, nada muito divertido, mas que valia a pena ao ver o olhar animado de Catherine.

Carl, Diego e Felipe tinham estipulado algum tipo de regra, onde meninas não podiam jogar basebol e esse era o segundo motivo de estar brincando com Catherine.

A tarde parecia estar demorando para passar e por mais que eu estivesse fazendo de tudo para entrete-la Cathe já estava com um certo tédio.

- Papai disse que a tia Analua fez bolo de chocolate, você quer? - sorriu com suas bochechas vermelhas, a deixando mais fofa que o normal.

- Você vai trazer para mim? - perguntei fazendo cara de cachorrinho caído da mudança na sua direção.

- Claro que sim, Masi. - revirou seus olhos azuis.

- Então eu quero!

A observei caminhar até onde nossas mães estavam sentadas conversando com nossos pais, eu gostava de ficar cuidando de Catherine, principalmente ao saber como ela era desastrada, agora mesmo, ao caminhar até nossos pais, já tinha a visto tropeçar em duas pedras.

- Eí, Masi! - sorri para o Hugo ao vê-lo sentar na cadeira que Cath estava - Eu e os garotos estamos apostando US$5, 00 em quem acertar mais tacadas.

- Que legal! - sorri olhando para nossos primos conversando sentados no chão.

- É para ser de duplas e eu estava pensando se você não queria ser a minha?

Antes que eu o responda, Catherine aparece na nossa frente com um sorriso nos lábios e dois potinhos com bolo nas mãos, ela encara Hugo animada, certamente achando que ele venho brincar conosco.

- Oi, Hugo! - sorriu ainda mais e me entregou o potinho com bolo - Você quer bolo? Eu posso pegar outro pedaço para mim.

- Você não viu que estávamos conversando? - questionou ela.

Vejo quando as bochechas dela parecem ficarem ainda mais vermelhas e ela aperta os lábios um contra o outro, abaixando a cabeça envergonhada.

- Eí! Não fala assim com ela! - O repreendo.

- Mas essa praga não percebe que estávamos conversando. - se defendeu.

Catherine abriu a boca parecendo chateada com o que ele disse, depois virou as costas para nós e correu para dentro de casa, porém consegui ver uma única lágrima escorrendo por sua bochecha ao virar.

Encaro Hugo bravo, percebendo que ele não estava nem aí pelo modo que falou com ela.

- Nunca mais fale assim com ela! - mando irritado.

Hugo revirou os olhos e exclamou:

- Deus o livre ofender a praga da família!

Apertei minhas mãos em punho, igual papai tinha me ensinado no primeiro dia da escola e soquei o peito de Hugo, o fazendo cair do banco que estava sentado e chamando a atenção de todos para nós.

- Nunca mais a chame de praga!

Aviso me levantando como se nada tivesse acontecido e caminhando para dentro de casa. Ninguém tinha o direito de fazer Catherine chorar, ela era minha melhor amiga, eu a amo muito e segundo a mamãe: devemos cuidar e proteger quem amamos.

Regra N°1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora