Capítulo setenta e três - Hugo

1.1K 89 60
                                    

O policial Lawrence me encara do lado de fora das grades, meus pais tinham acabado de sair daqui e é graças a eles que não estava dividindo a cela com outros caras. As paredes de cimento cheiravam a mofo e as grades de ferro estavam começando a enferrujar, me dando total certeza de que poderia pegar alguma doença aqui dentro.

– Nossa! Isso aqui é um hotel cinco estrelas né? – falo sarcástico para ele.

– Melhor do que você merece!

– Como você ousa falar nesse tom comigo? – pergunto – Você sabe quem é a minha mãe?

– Sua mãe é Maria Eduarda Murl Ashton, a melhor advogada da cidade. – diz levantando de sua cadeira e se aproximando da minha cela – E é graças a ela que você está separado dos outros homens parecidos com você.

– Nenhum dos homens que estão presos aqui, são como eu. – retruco.

O sorriso que aparece no seu rosto me intriga, ele parece estar se divertindo em me ver nessa atual situação, como se eu merece-se isso. Suas mãos arruma o uniforme no corpo e depois pousa sobre o cassetete na cintura.

– Tem razão! Você é pior do que eles, porque os homens na sala ao lado não tiveram a oportunidade que você teve, Hugo Ashton, eles nasceram pobres e tiveram que furtar coisas para sobreviver, enquanto você teve tudo na sua mão, bens materiais, educação, carinho, uma família e mesmo assim jogou tudo fora e, pior, aprontou com quem não merecia. – aproxima o rosto das grades, depois de cuspir no chão – Você vai ser o primeiro preso que não sentirei pena do que irá acontecer!

Então ele se afasta, deixando medo para trás.

– O que quer dizer com o "que irá acontecer"? – pergunto para ele.

Lawrence sorri ainda mais na minha direção e senta-se na cadeira acolchoada perto da porta, apoiando seus pés na mesa a sua frente e pegando o livro que estava lendo antes de focar suas atenções em mim.

– Me diga o que queria dizer om aquilo! – grito ao perceber que ele não está dando bola para mim – Diga! – exijo.

Mas ele não me disse, se manteve em silêncio até a hora que o chamaram. Eu o observei sair por alguns minutos e voltar com duas marmitas nas mãos, internamente agradeci por dentro, minha barriga já estava roncando de fome, ele larga uma sobre sua mesa e depois se encaminha até onde estou.

– Já era hora! – chio levantando da cama dura que havia na minha cela.

– Por mim, poderia ficar sem comer hoje. – aproxima-se devagar da "porta" da cela e abre o local para passar a marmita.

Avanço sobre sua mão e agarro firme a marmita, sentindo o cheiro nem um pouco apetitoso e a abrindo sem cerimônia alguma. Visualizo o arroz com feijão e encaro Lawrence.

– É só isso? – questiono.

– Mais do que merecia. – sorri retornando ao seu lugar.

– Está fria! – reclamo.

– Quer que eu faça o quê? – Me olha cinicamente.

– Esquente essa merda! – bato o pé.

– Ninguém aqui vai esquentar sua comida! Ninguém aqui ao menos gosta de você! – dá de ombros e abre a sua marmita.

Consigo ver claramente a fumaçinha de comida quente saindo após ele retirar a tampa, fazendo minha boca salivar com o cheiro bom que vem, encaro a minha marmita fria e com cheiro duvidoso, sabendo que daqui para frente, somente irá piorar.

Os minutos parecem horas, as horas parecem meses e os dias parecem uma eternidade, mas assim que a porta que dá para as celas se abre de madrugada, observo dois homens grandes adentrando o cômodo.

– Olha! Não é ser chato, mas essa parte é minha! – murmuro.

– Nós sabemos! – um deles me responde.

– Então o que estão fazendo aqui?

Levanto-me do maldito colchão duro assim que a porta da cela é aberta e os dois entram para dentro, meu corpo gela ao reconhecer os cassetetes dos policiais, porém a face não é de nenhum deles, pelo menos não dos que conheço.

– Estrupador tem direitos especiais dentro da cadeia, Ashton. – O que estava quieto começa – Mas você é diferente dos outros, sua mãe é importante no meio e por ela, você irá receber saudações leves, lembre-se de agradecê-la depois.

– O que...

Minhas dúvidas foram sanadas no momento que o primeiro cara bateu com tudo na minha costela, a dor foi tanta que meu corpo se jogou para o lado automaticamente, minhas mãos encostaram na merda das grades que estava evitando.

Antes que pudesse protestar o cassete bateu novamente no meu corpo e dessa vez, cai com tudo no chão, fazendo um barulho parecido com sacas ao baterem no solo.

– Se gritar vai ser pior!

Foi o que ele me avisou antes de chutar meu rosto, me fazendo apagar.

No Brasil, não consigo me recordar nos outros países, estupradores merecem o mesmo que fazem com suas vítimas

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

No Brasil, não consigo me recordar nos outros países, estupradores merecem o mesmo que fazem com suas vítimas.

É uma lei da cadeia, se estrupou é estrupado!

É uma coisa horrível, tive que me informar em site de penitenciárias para saber, tive, mas acontece!

Então, me julguem, mas eu acho justo.

Eu iria colocar isso no capítulo, tinha feito ele e tudo, porém assim que minha mãe leu, achou que ficaria uma coisa muito pesada e eu concordei.

Então, desculpa por isso.

Regra N°1 [EM REVISÃO]Onde histórias criam vida. Descubra agora