120 ✨

2.1K 141 57
                                    

Leonardo ⛈️

Parei o carro em frente a casa dos meus pais e depois de tirar o Miguel da cadeirinha, travei o carro e caminhamos devagar até a porta de casa. Toquei a campainha e pouco tempo depois, a porta foi aberta pelo meu irmão.

— É nada - Diz rindo - Eai cachorro.
— Eai cara - Nos abraçamos.
— Cê tá bem mano?
— Na paz e você?
— Bem demais - Nos afastamos - Eai Miguel.
— Lembra dele? - Pergunto - É seu tio.
— Igual o tio Yago? - Pergunta receoso.
— É, tipo isso - Rimos.
— Bora entrar - Gustavo fala.
— Cadê o pai e a mãe? - Pergunto pegando o Miguel no colo e entrando.
— Tão na cozinha, a mãe tá lá fazendo janta e o pai só tá lá mesmo - Rimos - Cê veio pra vocês se resolverem, né?
— Sei lá, vamo conversar e ver o que dá.
— E cadê a Nathalia?
— Ficou nos pais dela, ela tem umas coisas pra resolver aqui e eles iam levar ela.
— Ela não vai conversar com a mãe, né?
— Não faço idéia. Vamo ver o que vira aqui hoje.

Seguimos pra cozinha em silêncio e assim que entramos no cômodo, meu pai teve uma reação mista de espanto e felicidade, provavelmente porque eu não tinha falado que iria. Minha mãe estava de costas, mas provavelmente notou a movimentação atrás dela e então se virou e finalmente me olhou.

— Papai, ó o outro bobô - Miguel diz no meu ouvido, mas falou alto e nós todos rimos.
— É o outro vovô mesmo - Digo - Eai pai.
— Ô meu filho - Vem até mim, me abraça e consequentemente o Miguel também - Vocês tão bem?
— Tamo sim e o senhor?
— Agora eu tô show - Diz e nós rimos - E a Nathalia? Ela tá bem? O bebê?
— Tudo bem, graças a Deus. Ela teve que fazer outras coisas, mas mandou um abraço pro senhor e disse que quer te ver no chá revelação.
— Eu não vou perder - Diz empolgado.
— Eai mãe.
— Oi meu filho - Sorri, mas logo começa a chorar - Você tá bem?
— Tô e a senhora?
— Tô bem... Não acredito que você tá aqui mesmo - Se aproxima.
— Pois é, vim pra gente conversar.
— Que bom - Diz ainda chorando - Nossa, ele tá cada dia mais lindo.
— Tá mesmo - Concordo - A gente pode conversar?
— Claro - Seca as lágrimas - Amor, você termina o jantar?
— Termino, podem ficar tranquilos.
— Quer deixar ele comigo? - Meu irmão pergunta - Coloco um desenho ou sei lá.
— Coloca Pocoyo ou qualquer filme que tenha fazenda e animais, ele gosta - Desço o Miguel do meu colo - Vai com o titio que ele vai por desenho pra você.
— E você vai embora? - Me olha - Vai deixar eu sozinho?
— Não cara, papai vai só ali fora, mas não vou embora.
— Depois você compra sorvete?
— Compro - Ri - Agora vai lá e fica quietinho, tá?
— Tá bom papai.

Gustavo estende a mão pra ele e então seguem juntos pra sala enquanto minha mãe e eu fomos pra área do fundo. Eu sentia falta de casa, de ir almoçar com eles no fim de semana, de conversar com a minha mãe sobre e tudo e na real tava torcendo pra que a gente se resolvesse, mas não dependia só de mim.

— Tô feliz que você veio - Ela diz quando sentamos.
— Desculpa vir sem avisar, mas é que eu já tinha que resolver umas coisas do chá revelação e achei que era uma boa passar aqui.
— Foi ótimo - Sorri - E você que tá cuidando do chá?
— Não, é a Helena e a Eloá, eu só tô pagando - Digo e nós rimos - Mas eu tive uma idéia e queria falar com elas, mas é surpresa pra Nathalia também.
— E você e ela estão bem?
— Demais.
— É o que importa. Mas ela não vai me perdoar nunca, né?
— Ah mãe, é uma parada complicada demais, né?
— E eu nem quero que ela faça isso, se não for sincero. Eu tô arrependida, achei que tava fazendo uma coisa pro seu bem e no fim, foi pro mal... Da nossa família - Suspira - Cê tá tão diferente, parece que tá tão bem. Ela tá fazendo bem pra você, não tá?
— Demais - Sorrio - É uma mulher foda pra caralho, cê viu que eu tô até mais gordinho?
— Tá mesmo - Ri - Tá comendo direito agora?
— Tudo nos horários certo - Rimos mais - Ah mãe, eu tava com saudade de você.
— Eu também meu amor - Pega na minha mão - Eu entendo se você não quiser me desculpar, mas...
— Cê se arrependeu mesmo? - A encaro.
— Lógico meu filho, acho que você tava certo, eu tava fazendo aquilo mais por mim do que por você - Fala - Mas eu também tinha medo de você não se adaptar a isso ou que talvez a Nathalia só tivesse aparecido por interesse, mas acho que eu tava errada - Sorri fraco - Seu pai disse que a idéia de ter outro filho foi mais sua do que dela, é verdade?
— É - Ri - Ela também queria, mas acho que eu quis bem mais.
— E você tá pronto mesmo? Quer dizer, um recém nascido é muito diferente do Miguel que você já conheceu maiorzinho.
— É, eu sei, mas tô pronto. Eu quero demais participar de tudo, sabe? Não é só pelo fato de não ter acompanhado o início da vida do Miguel, mas é um bagulho que eu quero viver e acho que tô na minha melhor fase na vida pra isso.
— É, cê tá mesmo muito mudado, pra melhor, claro. Mas filho, me desculpa por tudo o que eu fiz e falei, eu sei que as coisas podem não voltar a ser como antes, até entendendo se você achar que ainda não tá na hora de resolver tudo, mas eu tô disposta e quando você quiser, eu quero também.
— Eu não estaria aqui se não achasse que tô pronto - Me ajeito na cadeira - Realmente, a parada de voltar a ser como antes é um pouco complicado, mas acho que a gente pode ir ajeitando tudo com o tempo - Sorrio pra ela.
— Mas e a Nathalia? Ela não vai gostar disso.
— Mãe, ela quem me encorajou a vir aqui - Digo e ela fica surpresa - Eu tô te falando, ela é foda. Te perdoar ela até pode, mas não sei se ela tá disposta a sentar e conversar, ela foi quem mais sofreu com isso, cê sabe, né?
— E como sei - Suspira - Eu me arrependi demais, imagina como ela não ficou, meu Deus.
— Pois é, mas tipo, eu não tava afim de resolver nada, mas ela sabia que eu tava sentindo sua falta e super me apoiou a vir aqui, porque sabe que cê é importante pra mim, cê é minha mãe, né?
— Você arrumou uma menina incrível, tô feliz por saber que ela tá melhorando sua vida a cada dia. Acho que se fosse outra, faria você escolher entre ela ou eu.
— Mas a Nathalia não é assim, se pá que eu que mereço ela.
— Como não meu filho? Você é maravilhoso.
— Ah mãe, sei lá. Ela é mó foda e eu... Sou eu.
— E você quer mais? Meu amor, você é uma benção. Trabalhador, amoroso, parceiro... Não fica pensando assim não, meu bebê.
— Nathalia que me chama de bebê agora - Digo e nós rimos.
— Mas vai ser pra sempre o meu bebê também. Me dá um abraço?
— Lógico.

Nos levantamos e então nos abraçamos forte, então ela começou a chorar. Beijei a cabeça dela e fiz carinho nas costas com as mãos. 

— Meu filho, me desculpa - Fala ainda chorando - Eu juro por Deus que tô arrependida, se eu soubesse que a gente ia se afastar tanto, não teria feito nunca.
— Tá tudo bem - Digo - Já passou mãe.
— Eu te amo tanto e tenho tanto orgulho de quem você é e do homem que tá virando.
— Não fala isso não - Digo sentindo que iria chorar a qualquer momento - Te amo mãe.
— Te amo muito, meu filho.

[ ... ]

laços reais ✨• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora