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Demos entrada no Hospital onde a Nathalia tinha optado por ter o bebê. Assim que os meninos avisaram a Luciana, ela ligou pro médico avisando que o bebê ia nascer e então eles deixaram tudo pronto pro nascimento.
Eles levaram ela pra um quarto pra trocar de roupa enquanto eu precisava preencher alguns papéis, mas estava tão nervoso que não conseguia nem escrever direito. Pouco tempo depois, meus amigos chegaram com o Miguel, mas não tivemos tempo de conversar nada, pois me chamaram pra sala de parto. Me passaram algumas instruções enquanto eu colocava uma roupa de proteção e outras coisas e eu já conseguia ouvir a Nathalia gritando na sala.

— Se você sentir que ... - A enfermeira foi interrompida por um grito estridente da Nathalia.
— A gente pode entrar logo? Acho que ela precisa de mim - Falo apreensivo.
— Tudo bem - Sorri - Vamos.

Ela abriu a porta e assim que entramos, vi a Nathalia meio que sentada com as pernas apoiadas em um negócio de ferro enquanto gritava muito. Cheguei perto bem devagar e então ela tentou dar um sorriso ao me ver, mas não conseguiu. Parei do lado dela e segurei sua mão, então senti que ela estava bem gelada. Ela apertou a minha mão de volta muito firme, cravou as unhas ali e apesar de estar doendo pra porra, achei melhor não soltar.

— Mãe - O médico fala - Prende a respiração e empurra... Força.
— Eu ... não ... consigo - Fala pausadamente e eu ri por perceber que ela estava estressada.
— Consegue, você consegue sim - Ele diz - Não é? - Me olha.
— É... Aham, cê consegue mor - Olho pra ela.
— Não consigo, eu quero a cesária - Me encara.
— Você sabe que não quer mor, para com isso.
— Eu ... Quero - Respira fundo e tenta fazer força - Leonardo, eu quero!
Cê é fraca mesmo, hein? - Falo e ela arregala os olhos - Porra mor, falou até que não queria cesária e nem tentou direito.
— Leonardo...
— Os batimentos dela estão subindo - A enfermeira fala.
— A força também - O médico diz com um leve tom de risada - Mais um pouco e ele já tá aqui, força mãe!
— Eu não consigo - Diz em meio aos gemidos de dor.
— É, ela não consegue não, Doutor - Falo e ouço as enfermeiras rirem - Vamo fazer logo a cesária, ela não vai dar conta.
Leonardo, cala a boca! - Grita enquanto faz força.
— Ué, só tô falando pra fazer a cesária, já que cê não tá nem se esforçando pra ele nascer de parto normal - Olho pra ela e sabia que só não tinha morrido ainda porque ela não aguentava levantar.
— Eu vou te... Bater!
— Vai nada, não tá dando conta de por o moleque pra fora, imagina me bater - Falo e todo mundo ri - Sério mor, se você não tem capacidade pra ...
Cala ... essa ... boca!
— Não sei como você conseguiu ter o Miguel de parto normal, eu ...
— Vai se foder, tá achando que ... É fácil?
— Lógico que é, qualquer um consegue - Ri - Quer dizer, qualquer um menos você
Leonardo, eu vou te matar!

Ela voltou a fazer força e então uma das enfermeiras começou a massagear e pressionar a barriga dela, como se estivesse tentando empurrar o bebê pra fora. Era horrível ver ela daquele jeito, tava nítido o quanto de dor ela estava sentindo, afinal ela tava quase quebrando minha mão com os apertos. Os gritos dela ecoavam pelo quarto assim como a voz do médico falando que faltava pouco.
Uma das enfermeiras me guiou pra perto do médico, fazendo com que eu soltasse a mão dela. Me aproximei mais do médico e então senti meu coração quase que parar de bater.
A cabeça do João estava quase pronta pra sair de dentro dela, mas não era um bagulho bonito e sei lá o que. Pareceria que tava rasgando ela e então entendi o porquê dos gritos.

— Você tá bem? - A enfermeira pergunta.
— Acho que não - Digo sincero - Tô meio fraco.
— Quer sentar? - Ri.
— Quero, mas aqui não.

O médico e as outras enfermeiras riram enquanto ela me levou de volta pro lado da Nathalia e trouxe um tipo de banco de metal pra que eu sentasse. Certeza que minha pressão tinha caído por ver aquilo, na real, eu não sei de onde tiraram que o parto dos nossos filhos é um bagulho lindo, eu não achei.

— Passou mal, né fracote? - Nathalia diz e todo mundo ri.
— Trouxa, coloca esse moleque pra fora logo que ele tá te rasgando.
— Eu tô... sentindo - Fala rindo em meio a um gemido alto de dor - Vai meu filho, sai daí.

Ela voltou a fazer força, mas agora com poucos intervalos. Voltei a segurar sua mão e ela apertava firme enquanto fazia muito mais força. Depois de mais alguns minutos assim, o médico disse que estava vindo, mas eu não quis arriscar a ver e então pouco tempo depois, o choro agudo preencheu a sala. Olhei pra Nathalia que tinha uma leve expressão de alívio, já que o cansaço tinha tomado conta dela. Eles pegaram uma tesoura e entendi que era pra cortar o cordão umbilical, então a enfermeira se aproximou de nós com ele no colo e o apoiou sobre o corpo da Nathalia que chorava descontroladamente. Observei bem aquele bebezinho tão pequeno e sujo em cima dela e aí sim eu entendi o que eles queriam dizer quando falavam que era um momento lindo. Eu juro por Deus que aquele bebê todo sujo, chorão e com uma puta cara de joelho era o mais lindo que eu já tinha visto.

— Ele é ...
— Não se preocupa - A enfermeira diz - A carinha de joelho vai sumir.
— Ainda bem - Falo e todo mundo ri.
— Ô meu filho - Nathalia fala em meio ao choro - Agora você tá aqui fora com a mamãe, meu amor - Sorri - Fala com ele, Léo.
— Ô moleque - Seguro a mãozinha dele com cuidado - Tava chatão lá dentro, né? - Digo e ele vai parando de chorar.
— Acho que ele reconheceu a sua voz - Nathalia diz ainda tentando controlar a respiração.
— Te amo - Olho pra ela.
— Também te amo - Ri - Mas ainda quero te matar.
— Ou era aquilo ou você ia fazer a cesária sem vontade.
— É verdade - Ri - Obrigada, você é incrível.
— Eu sei - Rimos - Sério, eu te amo muito.
— Eu também te amo.

[ ... ]

laços reais ✨• leozin mcOnde histórias criam vida. Descubra agora