Capítulo 87

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— Eddie

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Eddie. — o chamei. — Podemos conversar agora? — sussurrei de cabeça baixa.

— Claro... — sussurrou de volta.

— No escritório?

— Estou logo atrás. — me virei e segui para o escritório, ouvindo seus passos lentos logo atrás de mim. — Vamos direto ao ponto, por favor. — fechou as portas do cômodo e me encarou.

— Sente-se. Será longo. — ele caminhou até a poltrona, curvou-se e cruzou as mãos fitando o chão, enquanto eu sentava na poltrona à sua frente.

— Estou pronta para ouvir. Quero entender absolutamente tudo o que aconteceu, tudo o que me escondeu durante esses anos. — ele se endireitou na poltrona e me encarou.

— Antes de qualquer coisa... Eu não posso pedir que você me perdoe, Laurine. Eu errei quando fiz aquela merda e errei quando não te contei, assumo isso. — comprimiu os lábios. — Mas a única coisa que posso te pedir, é que não desacredite do meu amor por você. Eu te amei desde o primeiro segundo que te vi, e cuidei e criei como a joia mais especial do mundo. A minha filha, minha menina. — abaixou o olhar. — Eu tive medo de dizer o que aconteceu no passado... Como eu realmente encontrei você. Medo de perdê-la, medo de me ver como um monstro... Mesmo que naquela época eu tenha sido um monstro.

— O que... O que aconteceu com meus pais? Como isso aconteceu? — perguntei sem olhá-lo.

— Eu tinha um caso com sua mãe. Ela se chamava Lauren... — seu olhar distante. — Aliás, foi daí que te dei o seu nome. — voltou a me olhar. — Lauren era uma pessoa muito especial... Me dói lembrar que fui eu que acabei com a vida dela. Na época que eu conheci sua mãe, eu estava completamente descontrolado... Eu caçava por bruxas e ajudava a mandá-las para a fogueira, eu matava... Eu era cruel. E eu parei por causa da sua mãe. Lauren me trouxe luz, me trouxe paz... Me deu amor. Eu a observava e... Nosso primeiro contato foi quando vacilei e ela notou o que eu estava fazendo. Ela caminhou até mim... Me lembro perfeitamente. Achei que iria questionar o que eu queria e o que estava fazendo atrás dela... Mas sua mãe sorriu, — abriu um sorriso fraco. — perguntou meu nome e se eu precisava de ajuda. Eu... Eu não entendi. Mas algum tempo depois ela disse que sentiu que eu era uma boa pessoa e que precisava de ajuda... Antes de você, Laurine, a Lauren era meu mundo e meu maior presente. Era tudo o que eu precisava... Eu a amava... E ainda amo. Amo até hoje.

— E como isso... Todo esse amor pode ter te levado a matá-la, Eddie?! Como?? — me exaltei um pouco.

— Eu perdi o controle... Outra vez. Sua mãe era casada com um homem horrível, que a agredia e forçava ela à ter relações sexuais. Humilhava sua mãe... E isso me dava tanta raiva, tanto nojo... — me encarou sério e notei seus olhos ficando vermelhos durante alguns segundos. — Apenas de lembrar dele... A raiva surge novamente. Aquele homem... Engravidou sua mãe... Eu me revoltei, durante os meses da gravidez não vi Lauren e juro que tentei me controlar o máximo possível mas não suportei... Eu estava com sangue nos olhos, com tanto ódio... Invadi a casa onde viviam. Primeiro ataquei aquele desgraçado... Sua mãe estava desesperada, assustada, gritava e me pedia para parar. Eu não parei... Ele já estava morto mas eu continuei o atacando. Sua mãe... Tentou me segurar... — fez uma pausa. — E foi naquele momento que a ataquei também. Sem noção... Sem notar. Eu a matei. — levantou as mãos. — Eu ainda vejo e sinto o sangue da mulher da minha vida mas minhas mãos... — as abaixou e voltou a chorar. — Quando voltei ao normal, a minha sanidade... Ouvi seu choro. Você chorava tanto. Eu caminhei até onde estava... E a peguei em meus braços. Era tão pequena e tão frágil. — me olhou, seu olhar tão triste. — Você abriu seus pequenos e azuis olhos... E naquele momento, Laurine... Eu não a deixei mais. Não senti uma obrigação de criá-la pelo o que fiz... Eu senti o amor em você, senti a Lauren vivendo em você e eu sabia que nunca mais a deixaria. — se instalou um silêncio entre nós.

Minhas lágrimas desceram sem que eu notasse. Não tinha uma outra reação... Precisava assimilar tudo o que acabei de ouvir. Me levantei sem olhar para o homem na minha frente, caminhei até as portas e fechei meus olhos com força antes de dizer uma única palavra e sair em seguida.

— Obrigada. — em sussurro.

Caminhei até meu quarto, fitando o chão e sem saber o que fazer. Isso foi muito pra mim...

Papai. — sussurrei entre meu choro descontrolado.

Ele sempre foi meu herói e minha inspiração... Como não fiquei sabendo disso? Como não me contou?

Lauren... Queria tê-la conhecido.

Eddie nunca foi ruim para mim ou para qualquer pessoa dessa casa. Eu olhei em seus olhos e vi a sua tristeza... E o seu amor.

Não posso ser rude e injusta com ele. Não posso... Foi o homem que me criou, o homem que cuidou, me salvou... É o meu pai, meu único pai. Ele mentiu e ocultou pra mim sobre algo muito grave, sobre uma parte da minha vida...

Mas ele é meu melhor amigo e pai.

— Laurine? — ouvi a voz de Josephine e levantei minha cabeça. — Céus... — se sentou ao meu lado e me puxou para um abraço apertado. — Você conversou com ele?

— S-sim... — me afastei e sequei minhas lágrimas. — Eu estava pensando... Eu amo meu pai, Josephine. Eu o amo tanto... Ele sempre significou tudo pra mim. Como que eu poderia rejeitá-lo? Mesmo depois de saber sobre essa situação?

— Você não precisa rejeitá-lo. — disse séria e acariciou meu rosto. — Lau, a relação de pai e filha que vocês criaram é incrível. Eu já notei isso... Você é a princesa do Eddie. Ele te ama muito. Não posso te dizer que sei como é estar nessa exata situação... Mas eu um dia também tive meus heróis. Meu pai e meu irmão. — sorriu gentilmente. — E eu os perdi. Então... Não quero influenciar na sua decisão sobre o que fará em relação à isso... Se irá cortar relações com Eddie ou não. Mas... Acredito que ele mereça seu perdão. E que vocês devem aproveitar a eternidade que tem juntos como uma família... Não desperdice tempo. Um dia eu fui dormir e ouvi meu pai dizendo que me amava, e que tudo iria se resolver... No dia seguinte, ele tinha partido. E eu daria tudo para vê-lo novamente. Teve momentos que talvez eu devesse ter aproveitado mais, nunca me esqueci disso. Mas enfim... Pense muito bem no que fará, Lau. Pense nos momentos maravilhosos que teve com o seu pai... E não foque apenas nessa tempestade, nesse desastre. Seja o que for, conte comigo. — beijou minha mão.

— Eu já sei o que irei fazer. — abaixei meu olhar novamente. — E eu sei que será o certo... — me levantei. — Obrigada, Josephine. Preciso ir vê-lo imediatamente...

— Agora? Não quer descansar um pouco?

— Não. Tudo bem... Não vou conseguir descansar se não fizer isso logo. — ela balançou a cabeça.

Abri a porta e caminhei em passos firmes procurando por Eddie. Não o encontrei dentro da casa. Ele estava na varanda... Olhando para o céu e pensativo.

Me coloquei ao seu lado devagar, fitei o chão durante alguns segundos antes de olhá-lo...

— Você sempre foi o melhor pai do mundo. E eu o agradeço profundamente... — ele me olhou. — Eu não iria perdoar a mim mesma se não o perdoasse, pai.

— Laurine... — o interrompi.

Eu o amo. E eu te perdoo do fundo do meu coração... — o abracei fortemente.


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