— Parece bem alegre, Eveline. É bom vê-la assim. — Laurine falou enquanto saíamos do estacionamento de volta para casa. — É culpa do Leonardo, não é?
— Sim. Eu me sinto muito bem hoje. — respondi olhando para a paisagem que passava pela janela do carro. — Me sinto imensamente feliz.
— Que ótimo! — quase gritou dentro do carro.
— Sim, agora cale a boca. — ela suspirou e ficou calada como pedi. — Estou brincando, sua idiota. Vai, me conta sobre o seu lindo e insuportável dia com seus amigos. — senti o seu olhar.
— Realmente está bem alegre. — sussurrou e logo começou a falar sem parar. Enquanto eu apenas pensava em ver o Leonardo logo.
Estava tão aprofundada em meus pensamentos que fiquei alguns minutos dentro do carro depois de já termos chegado, Laurine simplesmente desceu e entrou. Depois de voltar ao mundo real também subi as escadas e entrei em casa. Tive o desprezar de ver a Aradia.
Mas era um prazer ver aquelas rachaduras.
Ela me encarou mas logo voltou o olhar ao notebook, inventou alguma desculpa para que os humanos não vissem o rosto dela daquele jeito, eles ficariam abismados. Eu ignorei a presença dela, que de qualquer forma me incomodava e fui ao encontro de Eddie na biblioteca.
— Como foi hoje? — perguntou sem tirar os olhos do livro que lia, assim que sentiu a minha presença.
— Teremos coisas para enfrentar, Eddie. É apenas o que te digo agora. — ele me olhou e sorriu, me fazendo sorrir de volta. — Fique preparado também. — ele assentiu com a cabeça e me retirei do lugar.
Eu não queria pensar sobre as consequências. Mas era necessário. Mais cedo ou mais tarde os Lerman simplesmente irão descobrir, e irão vir atrás da gente, mesmo eles vivendo na Alemanha até onde sei. Teríamos que usar todas as nossas forças para enfrentá-los, não desistiriam até que conseguissem... A morte do Leonardo, ou a minha. Ou de todos os Kannenberg.
A mãe de Leonardo é uma bruxa, literalmente, quando a vi não senti muita força. Mas provavelmente ela tem poder suficiente para me matar, — tem motivo para isso, afinal meu tio, um Kannenberg, causou a morte de centenas de bruxas, inclusive as Mellark e acaba que também sou uma vampira — e manter o filho a salvo. E pensando agora, se ela é uma bruxa, e o Leonardo já comentou que tem uma irmã, a garota provavelmente deve ser bruxa também, talvez pouco experiente. É como se o final dessa história fosse apenas um: morte.
E Eddie me prometeu que não deixará que ele morra e tenho plena confiança nele. Com o apoio do meu tio as coisas parecem ser mais fáceis de suportar.
Acabei passando o restante do dia na floresta. Ainda precisava de sangue afinal. Eu subi no topo de uma árvore depois de me alimentar, aproveitando aquele silêncio do anoitecer, assistindo a neve que desaparecia com o passar dos dias e uma lua cheia que brilhava entre as nuvens. Estava um pouco distante de casa, caçar se tornava um pouco mais difícil com o inverno.
Eu acreditava estar sozinha. Mas um ser rápido e silencioso se colocou no topo de uma árvore ao lado da que eu estava. O cheiro... Vampiro.
— É silencioso aqui, não é? — a voz era feminina. Eu a encarei, não esperava encontrar outros vampiros por aqui. Mas ela permaneceu olhando para frente. Apenas desceu até o chão e eu a segui rapidamente.
— Quem é você e o que quer aqui?! — ela estava de costas. Tinha um cabelo médio, liso e preto. Muito parecido com o meu, só mudando que o meu era longo. O estilo também era parecido. — Responda.
— Quanta ignorância... — ela se virou e me encarou. Eu levei um pequeno espanto por conta de nossas semelhanças físicas... Até mesmo a maquiagem. O formato do rosto era parecido com o meu, a boca, os olhos, o nariz... Não éramos idênticas mas mesmo assim senti como se estivesse me olhando em um espelho no meio da floresta. Os olhos dela não estavam vermelhos, o que é bom, ela não tem fome e também se alimenta de sangue animal. Os vampiros normalmente que só vivem com o sangue humano, sempre estão com os olhos vermelhos ou de um preto muito profundo. Os que se alimentam com sangue animal, só precisam se preocupar com a cor dos olhos em caso de extrema raiva e também na hora da fome. Fora isso, ainda podem ver os olhos com as cores naturais. Os dessa vampira eram castanhos, pelo menos nisso não era igual a mim, já que os meus eram azuis. — Você se parece comigo. — me olhou dos pés a cabeça e cruzou os braços, com um enorme sorriso irônico no rosto.
— Quem é você?! — insisti e ela se aproximou.
— Sou Selene. — sussurrou.
— Selene? Selene do que? — se o sobrenome for popular, talvez eu possa saber de onde ela veio.
— Isso não importa. — ela era séria e irônica pelo o que já notei. — Eu não faço a mínima questão de saber quem você é. Estou apenas de passagem por essa cidade, então não precisa se preocupar com o seu... — fez uma pausa e franzi testa. — Território. — olhou nos meus olhos.
— Então vai, Selene. — ela me encarava como se me conhecesse e tivesse vontade de dizer algo. Mas se afastou e sumiu no meio das árvores. Apesar de nossas semelhanças físicas eu nunca tinha visto aquela vampira em nenhum canto do mundo, apenas coincidência. E acredito que não a verei mais.
Eu voltei para a minha casa alguns minutos depois. Preferi não comentar nada com ninguém, não vi motivos. Acabei dormindo mais uma vez depois de um certo tempo, me senti ansiosa para ver o meu humano novamente. Eu parecia uma verdadeira jovem apaixonada.
O abraço, o beijo, as palavras... Tudo não sairia da minha cabeça. E só de lembrar eu sentia algo diferente dentro de mim. Quando que eu ia imaginar... Depois da morte de John e de ter me transformado nessa coisa, acreditei que o amor havia morrido junto com ele e quando renasci vampira. Tudo mudou... Tudo mudou com a chegada de Leonardo.
Aquele humano. Definitivamente o meu amor.
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Eveline
Vampire"Eveline Kannenberg é uma vampira de 225 anos. Quando humana era uma pessoa completamente sorridente, alegre e sonhadora. Mas após ter tido seus sonhos arrancados, ela se tornou um monstro. Já não se tinha mais esperanças quando se tratava da vampir...