Capítulo 24

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Abri meus olhos e observei as cortinas da janela do quarto de Leonardo se mexerem, lentamente e suavemente

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Abri meus olhos e observei as cortinas da janela do quarto de Leonardo se mexerem, lentamente e suavemente. Eu não ouvia nada ao meu redor, um absoluto silêncio. Quando foi que ele saiu e eu nem mesmo senti? Que horas são? Já está de noite. Me sentei na cama e olhei ao meu redor, eu não tinha reparado como o quarto do Leonardo é espaçoso e a quantidade de caixas com discos, e de livros espalhados pelo chão, uma das paredes era de prateleiras cheias deles. Uma escrivaninha desorganizada na frente da janela e ao lado um toca-discos. Ele com certeza estuda muito. Todo o lugar tinha o cheiro dele, o que sinceramente, me agradava muito. Não notando sua presença em nenhum canto do quarto, ou nenhum barulho no banheiro que ficava próximo a porta, me levantei e continuei observando o cômodo.

Havia pôsteres de bandas antigas colados nas paredes, e algumas fotos espalhadas na escrivaninha e na cômoda. Não me contive e as peguei. Eram fotos de Leonardo com sua mãe e provavelmente sua irmã. Eles eram muito parecidos uns com os outros, ele sem dúvidas tem os olhos esverdeados da mãe. Deixei as fotos de lado quando outra coisa me chamou a atenção.

Um livro. Mas não era qualquer livro. Parecia ser antigo, as páginas estavam amareladas e a escrita... Acho que no alfabeto tebano. Não tinha certeza do que era, não conheço esse alfabeto direito, mas parecia falar sobre bruxos... Leonardo não pareceu saber sobre a mãe. Na verdade, normalmente as bruxas escondem isso dos familiares, apenas o parente que herdou os poderes pode saber a verdade sobre elas. Pelo menos é o que eu sei... Mas por quê ele iria estudar sobre isso? É sempre uma bruxa, é muito raro ser um bruxo...

Leonardo não demonstrou ter algum poder, eu reconheceria um bruxo assim como reconheci a mãe dele quando bati meus olhos nos dela. Ele pode ser o filho mais velho, o que traria mais chances... Mas ele teve uma irmã e acredito que seja ela a futura bruxa da família.

Eu larguei o livro mas acabei o derrubando sem querer. Quando me agachei para pegá-lo encontrei outro que estava jogado no chão como muitos que me chamou a atenção... Ah, não pode ser.

Engoli em seco pegando o livro e me levantando. Reli o título várias vezes para ter certeza do que estava escrito: "In originem lamia". A origem dos vampiros.

O livro estava em latim e eu li algumas páginas, realmente falava sobre nossa origem há muitos milênios atrás. Eu me assustei... Por que ele também estaria lendo sobre nós? Afinal, ele sabe quem eu sou, desconfia, ou é apenas uma coincidência? O livro era velho, ele não encontraria isso em qualquer lugar... Mas com certeza a mãe dele teria.

Minha mente voltou a ser uma confusão. Eu estava na casa de uma bruxa, namorando o filho dela que acabo de descobrir que estuda sobre bruxos e vampiros... Ele poderia estar me enganando?! A mãe dele poderia fazer ele me atrair para acabar comigo como vingança pelo o que Eddie fez no passado?!

Não. Não posso acreditar que ele faria isso.

Eu joguei o livro com força no chão quando ouvi passos se aproximando da porta. Continuei parada no mesmo lugar, agora fitando o chão. Ouvi a porta se abrir e ser fechada logo atrás. Senti o olhar dele sobre mim.

— Eveline? Está bem? — se aproximou de mim e eu finalmente me movi, me afastando dele. — Desculpe por ter saído... A minha irmã chegou e eu estava conversando com ela. — o olhei. O olhar dele era de preocupação e ele segurava uma bandeja com comida. — Isso é para você. Imaginei que teria fome. — ora, será que não sabe que eu prefiro sangue ou só está se fazendo de louco?!

— Obrigada... — sussurrei e ele colocou a bandeja na cama, sem tirar os olhos de mim. É claro que ele sabia que tinha algo errado.

— O que aconteceu? — deu alguns passos em minha direção e me afastei novamente. Até que senti a parede atrás de mim. — Eve, qual é o problema? Eu fiz algo ou é por mais cedo? — ficou parado. Eu podia ver o seu olhar de preocupação e angústia. Ele não parecia querer me enganar... Acho que eu só estou sendo idiota outra vez.

— Não foi nada. — ele pareceu relaxar ao ouvir aquilo, mas não acreditar.

— Você tem certeza? — voltou a se aproximar de mim. — Parece que está assustada com algo ou que essa sua cabecinha ainda não descansou o suficiente. — desviei o olhar e senti sua mão em meu rosto.

— Eu... Eu... Não sei se é a hora certa para te dizer isso. — voltei a olhar em seu rosto. — Mas estou bem.

— Quando você achar ser a hora certa eu vou estar aqui para ouvir. Não se apresse. — acariciou o mesmo rosto e beijou a minha testa. Como eu poderia achar que ele estaria me enganando com tanto carinho? Eu sou uma idiota! Eu prefiro acreditar que ele possa estar desconfiando de algo do que me enganar... Na verdade, quem engana ele sou eu.

— Obrigada. — ele olhou em meus olhos e me levou para sentar na cama.

— Não quer comer? — apontou para a bandeja e eu a encarei por mais tempo que devia. Quanto tempo não como uma comida normal? Sem ser os órgãos de um animal ou sangue?

— Eu aceito. — sussurrei e ele me entregou a bandeja. Parecia tão bom... Mas pra ser sincera, não sei se conseguiria engolir. Não só por ter me alimentado de sangue a vida inteira mas pelo nó que se formou na minha garganta. Queria pedir desculpas à ele e contar toda a verdade. — Leo...

— O que foi? — me olhou logo após fechar a janela.

— Hm... — As palavras "eu sou uma vampira" não iam simplesmente sair da minha boca como se fossem super normais. Não conseguia. — Posso dormir aqui? — Foi a melhor coisa que pude pensar para disfarçar.

— Claro. — ele respondeu quase como automático. — Minha mãe nunca vem no meu quarto mesmo... Ela nem notará que está aqui. — Isso deveria ser um talvez, ela é bruxa, pode sentir a minha presença se quiser, ela reconheceu o que eu era e mal me olhou. Mas bom... Espero não ter problemas, pelo menos não mais problemas hoje.

— Obrigada. — dei uma garfada no prato de comida e levei a minha boca. Parecia que fiquei mastigando por horas. Mas consegui engolir, era muito bom... Eu tinha me esquecido como a comida humana pode ser boa. Leonardo se sentou ao meu lado e lia algum outro livro enquanto eu devorava aquela comida. — Nossa, isso é tão bom... — ele olhou pra mim e sorriu.

— Obrigada, com esse elogio irei cogitar ser chef. — disse sorrindo.

— Se sairia bem. — coloquei a bandeja de lado e ele a pegou se levantando.

— Se quiser tomar banho, ou escovar os dentes fique à vontade. Tenho uma escova reserva e toalhas no meu banheiro. — assenti com a cabeça e me levantei. — E não pense em bobeiras, está bem?

— Ok... — sussurrei e ele saiu do quarto com a bandeja. Não tinha como eu não pensar em idiotices...

Mas não pensaria idiotices à respeito dele novamente. Isso foi um erro. Passar a noite com ele me faria bem mesmo ainda me sentindo incomodada com outras coisas.

Só ele poderia me tranquilizar.

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