Capítulo 53

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Respire, respire

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Respire, respire.

"Apenas respire, Laurine."

Essas eram as palavras que o meu pai repetia a todo momento, apertando a minha mão e verificando a minha febre, que aumentava cada vez mais.

Eu não sei em que dia ou mês estamos. O ano é 1880. Acho que completei 18 anos há pouco tempo. Mas isso não faz diferença agora.

Eu estou morrendo.

— P-papai... — murmurei, já sem forças.

— Estou aqui. Não se esforce muito. — senti sua mão na minha testa novamente.

— Eu... Irei morrer? — o ouvi torcendo a toalha com água fria e a colocando na minha testa mais uma vez.

— Não... Eu não vou deixar. Não vou te perder, filha. — ouvi os passos de alguém se aproximando.

— Eddie. O que pretende fazer? — era a voz da minha prima. Eveline. Ela parece não gostar muito de mim. Desde que me lembro, ela sempre teve a aparência de uma garota de 18 anos mesmo sendo mais velha do que eu, sei disso. Todos aqui parecem que pararam no tempo. Nem o papai envelheceu. — Essa garota provavelmente não vai passar de hoje...

— Fique longe dela, Eveline. — o ouvi já um pouco mais distante. — E você sabe o que eu preciso fazer...

— Ela quer? Você conversou com ela sobre? Ou fará como a maldita da sua irmã? — do que eles falavam?

— Por favor, saía... Ela irá saber antes de qualquer coisa...

— Tudo bem, Eddie. Boa sorte... — a voz dela ficou mais longe.

— Papai... Do que falavam? — eu o senti perto de mim novamente.

— Querida... Existe uma forma de você continuar comigo... Você pode ser imortal. — se eu tivesse força ou até mesmo entendido direito teria rido.

— Imortal? Ora... — parei e tentei recuperar o ar novamente. — Papai... Não existe imortalidade.

— Sim, querida, existe. Eu, sua tia e sua prima somos imortais. — ele voltou a segurar minha mão. E tentei abrir meus olhos. Mas não conseguia...

— Como?

— Vampiros... Somos vampiros... — eu não acreditava no que estava ouvindo. Talvez eu esteja apenas delirando por conta da minha febre alta...

— Não quero brincar... Pare, pai.

— Eu não brincaria em um momento desse, Laurine. Estou te contando a verdade... Pra que você decida se quer se tornar uma vampira ou prefere morrer... — sua voz saiu baixa. — Tudo que eu menos quero nesse mundo é ter que te enterrar... Mas se for a sua escolha...

— Então como funciona isso...? Eu vou ficar bem e deixarei de ser doente? — tentei abrir meus olhos novamente. Mas minhas pálpebras pareciam pesadas demais.

— Você nunca mais ficará doente... — ele começou a acariciar minha mão. — Você não irá mais envelhecer... Sua aparência será eternamente essa... O seu organismo terá algumas mudanças. O seu coração não vai mais bater, seus pulmões podem receber ar, mas será muito pouco e não fará nem diferença, não precisará deles. Seu estômago pode recusar comida normal, você pode até comer... Mas pode ser um pouco incômodo. Você sentirá muito desejo por sangue humano, mas podemos trocar para o animal. Não precisamos matar humanos. — ele fez uma pausa. — É confuso, mas você ainda terá sangue. Só que não será qualquer coisa que vai te fazer sangrar... Apenas se algo atravessar o seu corpo, ou se levar alguma pancada muito grande. O seu corpo se torna muito forte, você se torna muito forte, muito rápida... Seu cérebro será o mesmo. Nada de diferente. Você pode levar uma vida normal, filha... Não poderá sentir o sol, como você gosta, não poderá contar a ninguém o que se tornou, mas ainda poderá ter uma vida normal... O que pode te matar é o sol, o fogo em si, ou se alguém conseguir arrancar sua cabeça. Bruxas também são perigosas. — também existem bruxas?

— Eu... Eu não preciso mudar... Por completo?

— Não, não... Você pode continuar essa pessoa sorridente... Alegre... Você pode continuar sendo você mesma, querida... Só terá que aprender a lidar com algumas mudanças. — virei a minha cabeça e enfim tive forças para abrir os meus olhos e olhar o meu pai. Mesmo com a minha visão um pouco embaçada. Ele estava sentado, próximo a beirada da minha cama. Segurando a minha mão e me olhando com os olhos tristes.

— P-papai... — murmurei. — Você sabe que eu não quero morrer e deixar o senhor... Eu amo viver mas claro, detesto viver doente.

— O que você deseja... Filha?

— Eu desejo continuar ao seu lado... Desejo ser imortal... Não parece ser tão ruim... Eu vou poder continuar sendo eu, não é? — o vi balançar a cabeça e fungar. — Não... Não chore... Papai.

— Desculpe, querida... — ele levou as mãos até o rosto e secou as lágrimas.

— Faça... Faça logo... — fechei meus olhos novamente.

Eu era uma criança feliz

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Eu era uma criança feliz. Meu cabelo sempre teve um loiro platinado, meus olhos muito azuis. Eu era muito magra e muito pálida, por conta da minha doença desconhecida. Gostava de correr pelo quintal, me jogar na grama e sentir o sol. Meu pai sempre ficava em algum lugar coberto, se escondendo do sol e me observando.

Eu sempre amei viver de qualquer forma.

Sempre achei o mundo lindo e sempre quis ver o melhor lado em tudo.

Viveria minha vida como uma pessoa comum. Com pequenas diferenças que eu não deixaria interferirem no que sou.

Eu amo o meu pai. Amo a minha família. E amo a minha vida mesmo sendo um pouco dramática e bizarra.

Ser vampira agora, é um pouco chato... Me incômodo com algumas coisas. Talvez se eu ainda fosse humana seria melhor.

Mas eu não tinha escolha... Ou eu morreria naquele dia. Ou eu me tornaria isso.

De qualquer forma, ainda me sinto feliz. Feliz e apaixonada pela vida humana.

 Feliz e apaixonada pela vida humana

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