CAPÍTULO LXII

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CARLOS

ACORDEI E vi que não era manhã ainda, mas também não era cedo. Chovia bastante, estiquei o braço para acender o abajur e procurar ver onde estava o meu celular para ver a hora. Senti alguém em minhas costas, com o braço envolto em mim. Olhei para trás e vi que era minha princesinha. Desisti do celular, mas acendi o abajur e me virei para ela. Passei o meu braço por baixo do seu pescoço e ela reclamou manhoso me fazendo sorrir.

Ela abriu aqueles olhinhos pidões e me sorriu. Como me senti feliz, só com isso.

— Desculpe, princesa, não quis te acordar.

— Hummm sabe que horas são?

— Não.

— Nossa, esse barulho é da chuva? Por isso tá friozinho...

— Está com frio? Chega mais pertinho, eu aqueço você.

Ela se encaixou em meus braços, como sempre foi. Ninguém ficava tão bem em meus braços como ela.

— Você acordou por que perdeu o sono?

— Acho que sim. Você está com sono?

— Não mais. Eu ia embora, mas não consegui sair daqui. Fiquei admirando você dormir, tava tão bonitinho. Acredita que você reclamou quando tentei sair para ir ao banheiro? Fez vozinha manhosa e tudo.

Eu sorri e apertei ela.

— Fico manhoso com você, só com você. Sou um homem de quarenta e três anos, mas com você pareço ter quinze.

— Espero que não me veja como dona Carmem.

— Não. Você é especial, não que minha mãe não seja, mas é diferente contigo e não falo manhoso com ela desde os meus oito ou nove anos.

— Então agora que você está acordado, deixa eu ir ao banheiro.

— Claro.

Ela foi ao banheiro e quando vinha voltando e estava apagando a luz, eu resolvi brincar com ela.

— Você tá demorando muito - fiz uma voz bem dengosa e ela olhou para mim na cama e fiz biquinho — Tá frio princesa, vem logo!

— Ai, meu Deus... você sabe que eu não aguento você manhoso... eu fico besta, tio Ca.

— Tem vontade de me bater para tomar jeito? - fiz voz infantil.

— Ai, meu Deus! - ela pulou na cama me apertando muito — Tenho vontade de te apertar e te...

Ela me apertava e começou a beijar o meu rosto. Eram beijinhos rápidos e sem direção, até que um deles foi muito perto de minha boca e ela voltou a deitar.

— Tio Ca, você fica lindo manhoso. Eu amo.

— Só não dá pra ficar assim na frente dos outros. Já me criticam por eu ser bobo com você.

Ela apoiou o corpo no braço e ficou me olhando nos olhos. E como já havia acontecido antes, ela parou o seu olhar em minha boca. Fez carinho no meu rosto com o próprio rosto dela, roçando suas bochechas nas minhas, eu coloquei o cabelo dela para trás e retirei o que o prendia, um elástico, que coloquei em meu pulso.

Senti o seu hálito quando seus lábios passam próximos aos meus. Ela começou a roçar o nariz no meu...

— Eu queria tanto poder...

— Poder...?

Ela engole a seco e não responde, mas deixa o seu olhar no meu e ele me diz o que seria, ou será que eu estava lendo errado?

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora