CAPÍTULO LXIV

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NINA

EU POSSO estar confundindo tudo, mas o meu coração diz que não. Essas últimas vinte e quatro horas foram as melhores de toda a minha vida. Não me senti em momento algum como afilhada dele.

Foi uma noite maravilhosa, não transamos nem fizemos carícias mais íntimas, foi somente carinho.

No outro dia, acordei com ele me fazendo carinho e me olhando com aqueles olhos azuis incríveis. Sei que o Johnny também tem olhos azuis, mas os deles não me prendem como os do tio Ca.

Trocamos de roupa, ele ajeitou as poucas coisas dele e logo em seguida descemos os três para o café. Levei eles ao aeroporto e foi muito, muito difícil a despedida. Pulei no colo dele e ele me apertava tanto... beijei todo o seu lindo rosto e ele fez igual comigo.

— Nos vemos em 181 dias, princesa.

— Eu te amo... um tantão assim e vou contar cada dia. Vou aguardar o fim de semana para nos falarmos.

— Eu também te amo. Um tantããoooo assim. E vou contar cada segundo para te ver outra vez, minha princesa.

Assim, após abraços e choros, ele partiu. Entrei no meu carro chorando muito e só depois me lembrei de ligar o telefone. Havia inúmeras chamadas do Johnny e da Larissa, assim como uma do Peter.

Liguei para o Peter primeiro e ele me perguntou se tinha dado tudo certo. Agradeci e disse que sim.

Depois fui para casa e quando adentrei, a Larissa não estava. Liguei para ela, que me informou que estava no hospital com o Johnny.

Perguntei o que havia acontecido e em que hospital estavam e fui para lá.

— Por que você foi para a casa de sua madrinha e desligou o celular, Nina? - foi a primeira coisa que ele me perguntou quando adentrei ao quarto.

— Eu... me distraí e o celular descarregou. Só notei quando fui dormir e coloquei pra carregar, mas desligado. O que aconteceu com você?

— Nós estávamos voltando... eu fui deixar a Larissa em casa e um cara bateu no meu carro.

— Deixar a Larissa em casa, onde vocês estavam?

— Eu que pergunto, passei a noite te ligando e minha namorada, que tinha que estar comigo, me apoiando, sumiu.

— Como você se sente?

— Nina, eu fraturei um braço, quebrei uma costela... só queria você comigo, aqui... do meu lado e onde você tava? Achei que deveríamos nos apoiar. Quando você sofria de saudades do Brasil, eu estava lá... agora eu preciso de você.

Larissa foi embora me deixando com ele. Passei o resto do dia no hospital e quando ele dormiu, minha cabeça começou a martelar de culpa. Meu namorado que estava sempre ali, quando precisou, eu estava nos braços de outro. Que merda de namorada eu sou?

No fim de semana, eu ia ficar com o Johnny na casa dele, até aquele momento, eu só conhecia a mãe dele e vi o irmão dele por foto uma vez. O pai ficava mais no Brasil com o outro filho que aqui. Não conheci o pai dele, nem por foto, não me interessei na verdade. Minha chamada de vídeo com o tio Ca, não era para ser longa, mas o tio Ca parecia tão feliz ...

— Princesa, tá tudo bem?

— Tá sim.

— Você esquece que eu te conheço como a palma da minha mão? Tem algo errado, o que foi?

— O Johnny sofreu um acidente... e... me ligou várias vezes naquele dia em que fiquei no hotel com você, mas meu celular estava desligado.

— Você está se sentindo culpada?

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora