CAPÍTULO XL

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CARLOS

NINA FOI pra faculdade e eu fui para o escritório. Como a peste da Fernanda foi ameaçada e garantiu não me importunar mais, achei que já poderia voltar para minha casa.

― Não recomendo, Carlos - me disse o Eduardo.

― Por que? Ela disse que não me procuraria mais...

― Carlos, pessoas como essa Fernanda não têm palavra. Fora que ela pode mudar de ideia... eu não posso usar o que temos contra ela.

― Como não?

― Ela pode alegar que foi coagida a fazer aquilo.

― Não posso ficar morando o resto da minha vida aqui. E não posso ficar fugindo dessa criatura para sempre.

― Já coloquei um detetive no encalço dela. Vamos ver o que ele nos arranja...

Fui para o trabalho de táxi e na volta, passei rápido no meu prédio, peguei minha chave do carro e voltei pra mansão de carro. Disse que o mecânico havia ligado, dizendo que o carro já estava pronto.

No horário do jantar, o Bruno e o Gui apareceram na mansão.

― Nossa, Carlos aqui no meio da semana?

― Eu... estava... estou dedetizando o meu apartamento. Estava com um formigueiro na área de serviço e pra não ficar pior... mandei dedetizar.

― Hum. E por que não foi lá pra casa?

― Eu pedi a ele pra ficar aqui - disse o Eduardo.

― Por que?- perguntou ele desconfiado.

― Tô ajudando ele com a empresa do pai dele.

― Ahh, tá certo.

Jantamos, depois ficamos conversando na sala, Nina sentada no mesmo sofá que eu, com minha cabeça em seu colo e ela me fazendo cafuné. Acabei apagando.

NINA

TIO CA voltou do trabalho com o seu carro, sua cara estava de completa exaustão. O Tadeu ligou pra ele, e ele ficou ao menos duas horas resolvendo coisas da empresa do pai.

Depois do jantar, sentamos todos na sala e conversamos, tio Ca deitou com a cabeça no meu colo e eu distraidamente comecei a fazer carinho nele.

― Meu Deus, o Carlos dormiu - disse minha mãe.

― Ele anda muito cansado.

― A Clarinha disse que achava que ele deveria vender a empresa de seu Jorge. Ele administrar a empresa e ainda se manter no trabalho dele, tá esgotando ele.

― Admiro a persistência, a dedicação e a determinação dele - disse meu pai ― Ele quer manter o sonho do pai, mas noto que manter o sonho dele também, está bem difícil pra ele. Se ao menos fossem coisas parecidas, poderia formar uma única empresa. Mas são coisas diferentes e ele tá se dividindo em dois... uma hora ele vai ter que escolher.

― Tadinho - eu disse olhando ele ali, tão tranquilo dormindo.

― Carlos... - chamou minha mãe.

― Deixa ele, mãe.

― Nina, ele vai ficar todo torto dormindo nesse sofá. Vamos acordar ele para ele subir e dormir na cama. Carlos!

Nada, ele estava apagado.

― Carlinhos... - minha mãe sabia que ele odiava ser chamado assim e talvez isso o acordaria, mas nada.

― Não chama ele de Carlinhos! - dissemos meu pai e eu.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora