CAPÍTULO XLVII

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CARLOS

ENTREI NO quarto e fechei a porta me encostando nela.

"Meu Deus, o que foi aquilo lá embaixo?"

Passei as mãos por meus cabelos e comecei a andar de um lado para o outro, tentando e buscando respostas para o que eu tinha feito.

" Eu ia abusar dela..."

― Não. Eu não ia. Preciso me desculpar com ela, espero que ela me perdoe e tente entender o que aconteceu. Se bem que, nem eu sei o que aconteceu.

Me sentei na cama e vesti novamente a camiseta. Levantei, fui até o banheiro e me olhei no espelho.

― Você ficou excitado e beijou a Nina na boca, outra vez. Seu idiota! O que deu em você? Você disse que isso não iria acontecer. Não só aconteceu, como você quase vai longe demais. Espero que ela consiga me perdoar. Mas... e ela? O que será que ela pensa disso? Preciso conversar com ela... preciso dizer a ela o que está acontecendo comigo...

Liguei a torneira e molhei as mãos, passando elas molhadas no meu rosto. Sequei ambos e voltei para o quarto. Ao mesmo tempo que sentia calafrios, como se meu sangue congelasse nas veias, eu sentia como se meu corpo fosse entrar em combustão.

― Nina, eu não sei como te pedir perdão pelo que fiz... Ai meu Deus, melhor enfrentar isso...

Todo esse questionamento comigo mesmo, parecia ter durado minutos, mas não, durou mais de uma hora. Fui até o quarto dela, bati na porta, ela não respondeu, entrei e ela não estava. Resolvi descer, chamando por ela e nada. Ela não me respondia.

― Ai meu Deus, cadê ela?

Fui na cozinha, sala, banheiros, lavabos... nada. Saí da casa, passei pelo jardim, já estava ficando mais nervoso ainda, se era que era possível.

― Nina... - nada ― Ai meu Deus, cadê ela? Será que foi embora? Será que o que eu mais temia aconteceu?

Voltei para casa, olhei seu quarto novamente, suas coisas estavam lá.

― Nina, onde você está? - perguntei mais pra mim e já fiquei com medo dela ter ido embora.

Olhei pela varanda do quarto e a vi sentada na beira-mar.

― Ah, graças a Deus!

Desci e fui pra lá com calma, isso me daria tempo de pensar nas palavras certas. Me aproximei e ela estava com fones nos ouvidos e olhando o mar.

Sentei-me ao seu lado e toquei em seu ombro levemente.

― Oi, tio Ca.

― Oi... é... princesa, será que... a gente pode conversar?

― Se for sobre o que aconteceu, não precisa. Tá tudo bem.

― Nina... eu acho que... acho que devemos conversar. Preciso te pedir desculpas e dizer que...

― Tio Ca, eu já sei tudo o que você vai falar, então vamos pular essa parte, tá bom?

― Eu não quero que você tenha raiva de mim ou fique com má impressão... eu preciso te explicar e te pedir que...

― Tio Ca - ela me interrompeu e não me olhava, continuava vidrada no mar ―, não estou com raiva de você. Pode ficar tranquilo e - ela levantou, limpando a areia do vestido ― acho melhor organizarmos tudo para voltarmos.

― Voltar?

― Sim. Hoje é domingo, você trabalha amanhã, eu tenho aula e é melhor viajar de dia. Papai mata a gente se sairmos daqui à noite - ela me ofereceu a mão e me ajudou a levantar.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora