CAPÍTULO XXXI

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NINA

ACABEI FALANDO coisas horríveis para o tio Ca, dizendo que o odiava. Ele foi para casa e nem discutiu mais comigo. Quando cheguei ao apartamento, ele estava trancado no quarto. Ouvi ele soluçando e acho que falando com alguém ao telefone. Fui para o meu quarto, peguei uma bolsa e comecei a colocar minhas roupas nela, comecei a chorar. Me sentei na cama pensando no que aconteceu e chorando, decidi ligar para o João. Contei tudo a ele e pedi um conselho.

Nina, você deve ter magoado o Carlos. Vocês são unha e carne. E você dizer que o odeia, deve ter magoado ele.

― O tio Ca é muito sensível e amoroso. Ele está chorando no quarto dele, acho que peguei muito pesado.

Com certeza! Fala com ele.

― Ele tá trancado, não vai abrir pra mim.

Nina, você sempre me contou tudo o que você e ele já fizeram. O que ele já fez pra ficar perto de você... tá na hora de você fazer algo. Você quer mesmo ir embora dai e não falar mais com ele?

― Claro que não! Mas não sei como consertar as coisas.

Nina, desce que eu vou conversar contigo, pessoalmente - ele morava super perto do tio Ca ― Eu tô aqui na frente do prédio.

Desci e o João me abraçou. Chorei muito nos braços dele e conversamos.

― Não desista Nina. E olha, eu tenho certeza, e não adianta mentir, mas eu sei que você gosta do Carlos.

― É claro que eu gosto dele! Ele está na minha vida desde sempre!

― Nina... o que você sentiu além de raiva ao ver a tal mulher paquerando o Carlos? E outra pergunta, o que você sente pelo Gustavo?

― Te disse que eu e o Gustavo fizemos sexo oral esses dias, na verdade ele fez em mim.

― E?

― Eu gosto dele. Acho ele bonito, me trata bem.

― E o Carlos?

― Tio Ca... é a melhor pessoa do mundo. Ele me trata bem, é carinhoso, gentil... Tá sempre do meu lado.

― Acha ele bonito?

― Lindo! Ele tem um sorriso tão bonito... gosto de olhar ele acordando, do jeito que ele me abraça e faz cafuné. Dele me chamar de princesa... do jeito que ele me pega no colo quando a gente se vê. Gosto do cheirinho dele antes de dormir. Do jeito que ele coloca meu cabelo pra trás... ele... - dei um sorrisinho ― me chama de peruquinha com pernas...

― Nina, você está apaixonada.

― Tô. O Gustavo...

― Não pelo Gustavo - me interrompeu o João ―, pelo seu padrinho!

― Você tá doido, João?

― Nina... se você visse o Gustavo com uma mulher agora, o que você faria?

― Dava na cara dele.

― E depois?

― Choraria as pitangas e pediria colo ao tio... Ca!

― Percebeu? Você me deu um adjetivo... uma única coisa que você gosta no Gustavo. E me deu uma bíblia sobre o quanto você ama o Carlos. Você, acaso, já conseguiu dizer ao Gustavo que ama ele?

― Não.

― E você diz isso o tempo inteiro para o Carlos! Pensa bem Nina. Você morre de ciúmes do Carlos, por isso o seu piti. Mas eu tenho certeza, pelo que você me disse a pouco pelo telefone, que se você visse o Carlos aos beijos com uma mulher... você reagiria bem diferente do que reagiria se fosse o Gustavo. Nina, você tá apaixonada pelo Carlos! Precisa ver os seus olhos quando você fala dele. E pelo que te conheço, isso já tá ocorrendo faz tempo.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora