CAPÍTULO LXIX

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CARLOS

INFELIZMENTE MEUS dias felizes com ela chegaram ao fim. Dia vinte e seis chegou e tive que partir. Ela foi me levar ao aeroporto, mesmo contra a minha vontade. Eu já imaginava a dificuldade de nos despedirmos.

Fiz o check-in e despachei a mala, ficando só com a minha mochila. Nos sentamos para aguardar o horário em que eu embarcaria e nisso, ela colocou a cabeça em meu ombro e tentava não chorar, até que a chamei para o meu colo e ela sentou-se, mas de maneira bem comportada. Eu limpava suas lágrimas, enquanto o meu rosto e minha garganta queimavam na tentativa de não deixar as lágrimas rolarem.

— Vou contar os dias, horas, minutos e segundos para esses dias que restam pra nos vermos, acabarem logo.

— Farei o mesmo, meu amor!

E ficamos ali, de maneira carinhosa, tentando nos confortar. Nos beijamos várias vezes, para tentar matar a saudade que nascia.

— Vamos tomar um suco? - ela sugeriu.

— Vamos amor.

Agíamos como dois namorados de verdade, mãos dadas, carinhos e beijos. Eu nunca tinha namorado antes e tudo isso era novidade para mim. E era engraçado por eu ser um homem de já quarenta e três anos e nunca ter namorado sério com ninguém. Ao mesmo tempo em que eu estava transbordando de felicidade, tinha medo. Não sabia do que. Mas o medo passava quando eu sentia ela apertar minha mão e me sorrir, ouvir ela me chamando de amor, quando perguntava algo, era extremamente acalentador. Eu estava feliz, uma felicidade muito diferente de tudo que já senti antes e aquilo fazia o meu coração bater forte no peito.

Fomos até uma lanchonete pequena dentro do aeroporto e me sentei num banco alto que havia em torno de uma mesa. Nina veio até mim, ficando entre minhas pernas, alisei o seu rostinho para tentar ficar com ela ainda mais gravada em minha mente. E nos beijamos lenta e delicadamente, para que o beijo durasse o máximo de tempo possível, até que escutamos...

— Nina!?

Tiramos a boca um do outro e olhamos em direção a voz.

— Tia Jéssica... - ela disse assustada.

— O que é isso?

— Um beijo Afrodite! Vai dizer que você não sabe? - disse o marido dela ao lado, olhando para nós e sorrindo.

— Eu sei o que é um beijo, Peter. Eu tô querendo saber, por que eles estão se beijando na boca?

— Você é fiscal da boca deles agora?

Jéssica olhou para a cara do marido, como se o fosse matar.

— Jéssica, você poderia se sentar e tomarmos um café até dar a hora de eu embarcar? Assim eu te explico tudo.

E falei com ela. No fim, ela disse que ficou surpresa mais não tanto, já que sempre percebeu como éramos um com o outro. Pedi a ela para não contar ao Eduardo. Queríamos fazer isso nós dois.

— Ele tá certo. Isso é coisa de casal e eles já são grandinhos. Olha, Nina, por mim... tá tudo de bom. Eu não conto nada ao seu pai - disse o Peter.

E assim, Jéssica me jurou que não falaria nada com o Eduardo.

Pedi a eles que fizessem companhia a ela, principalmente no ano novo e que ela não ficasse só. Que ao menos se aproximasse mais da madrinha. Eles estavam no aeroporto, pois o Peter estava levando a Jéssica que ia fazer uma viagem de negócios.

— Princesa, eu vou tentar vir te ver antes desses sete meses terminar.

— Vou aguardar ansiosa. Me liga assim que chegar.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora