CAPÍTULO LII

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GABRIEL

A DECISÃO foi tomada, não dava para ver o meu amigo naquela tristeza. Eu nunca disse isso a ninguém, mas eu me sentia culpado pelo que aconteceu entre o Carlos e a Fernanda, de certa forma a culpa foi minha e sempre me senti em dívida com ele. Sei que nada do que eu fizer, vai trazer a pureza dele e a oportunidade dele ter a sua primeira vez com amor e com quem ele gostaria, mas eu vi nessa situação, a chance de colocar o amor de volta na vida do Carlos.

Conversei com o Tadeu no início de janeiro e fiz uma viagem de uma semana para a cidade vizinha, a cidade em que ele morou por anos. Aleguei ao Carlos que era uma viagem por conta de um caso delicado no meu trabalho. Ele até me ofereceu o apartamento dele para eu ficar e eu não neguei, me ajudaria muito no que eu iria fazer.

Primeiramente, liguei pra Clara e marquei com ela num café próximo ao hospital em que ela trabalhava.

— Oi, Gabriel, quanto tempo.

— Olá, você só melhora...

— Não começa, Gabriel!

Sim, eu dei muito em cima da Clara quando éramos jovens, ela sempre foi muito bonita. Se consegui alguma coisa? Uns beijos escondidos atrás do colégio. Mas ela me deixou só na vontade de um pouco mais, nunca mais me deu confiança, antes do Bruno, ela ainda me provocava, mesmo não me dando chance de ficar com ela, mas depois... Nada. E isso, nem o Carlos, nem o Tadeu sabem. Segredinho nosso.

— E então, o que você quer?

— Então minha Anjinha...

— Anjinha, Gabriel? Você ainda tá nessa?

— Você sabe que sempre foi a minha preferida...

— Não começa!

— Tá, vamos falar o que interessa. É sobre o seu irmão.

— O que tem ele? - ela ficou séria e colocou o copo de café novamente na mesa.

— Tá definhando. E sei que o remédio para isso tem nome e sobrenome.

— Nina.

— Exatamente. Eu quero o número dela e sei que você tem.

— Não posso te dar.

— Vai deixar o seu irmão entrar em depressão e talvez, morrer por conta de uma porcaria de um número de telefone? Quem mais tem esse número?

— A família, o melhor amigo dela, e...

— Espera - a interrompi —, melhor amigo dela?

— Sim, ele se chama João, mora aqui perto.

— Ótimo. Não precisa mais me dar o número dela. Quero o número dele!

— Eu não tenho o número do João.

— Mas você consegue pra mim... - ela me sorriu e juro que tive vontade de passar por cima daquela mesa e dar um beijo naquela boca. Mas, me segurei, o propósito de estar ali era o Carlos e não a minha tara na Clara.

— Espera, vou ligar pra alguém que pode ter o número dele.

Ela levantou da mesa e eu, que de anjo só tenho o nome, fiquei olhando aquela bunda linda, desenhada por aquela calça branca. Ah, como eu queria que ela me examinasse profundamente. Fiquei rindo com as porcarias que passavam pela minha cabeça.

— Pronto! - ela voltou pra mesa e sentou-se — Ela vai me mandar por mensagem.

— Ela?

— Adriana.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora