CAPITULO XXIV

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NINA

FICAMOS DEITADOS conversando e nem vimos as horas passarem e o sono chegar. Acordei com tio Ca beijando o meu rosto.

— Acorda, princesinha! Está um dia lindo lá fora, vamos aproveitar a natureza e a cachoeira.

— Hummm - disse me espreguiçando.

— Bom dia, princesa! Dormiu bem? - ele continuava me fazendo cafuné.

— Bom dia, tio Ca! Dormi maravilhosamente bem. E você? - dei um beijo em sua bochecha bem estalado, fazendo um bom barulho e ele sorriu.

— Dormi muito bem, minha princesa! Agora, vamos tomar café e vamos pra cachoeira?

— Primeiro preciso ir ao toalete ao ar livre - ele gargalhou.

— Tá bom, eu vou adiantar o café.

Saí da barraca e fui fazer xixi. Voltei, peguei uma caneca e um pouco d'água, e fui escovar os dentes, ou como dizia o tio Ca, escovar os dentinhos. Quando voltei, ele havia feito café e tomamos com torradinhas e um pouco de geleia, tudo em miniatura que ele havia comprado. Terminamos o café, ele foi para a barraca dele colocar uma bermuda para banho e eu fui pra minha, colocar um maiô. Depois, fomos para a cachoeira.

— Nina, a regra é... se joga de vez, pois a água é fria. Se você esperar coragem, não vai entrar nunca! - dizendo isso, ele correu se jogou na água — Jerônimooooo!

Tirei o camisão que usava por cima do maiô e fiz igual, mas sem chamar o tal Jerônimo.

— Meu Deus, que água fria!

— Eu te disse - ele mergulhou saindo juntinho a mim — Você não é como um peixinho que nada muito bem? Não reclama - ele começou a rir e me jogar água.

— Eu, peixe? Você que mais parece um tritão.

— Vem, sereia! Encarna a Ariel.

Ficamos brincando dentro d'água.

Depois de um tempo, saímos da água e deitamos numa canga que eu havia levado e estendido sobre uma grande pedra.

— Aqui é tão bonito e tão legal. Pensei que teria mais gente.

— Escolhi acampar aqui por dois motivos... Primeiro, é uma cidade pequena, o povo já se encheu disso aqui. Segundo, estamos no meio das festas de fim de ano, muita gente viaja, outros preferem ir para a cidade vizinha que tem praia... Assim, sobra essa maravilha só pra nós.

— Tio Ca, você é a melhor companhia para qualquer coisa! Isso aqui poderia ser uma droga e ainda assim, você faria parecer legal.

— Só quero que você goste e se divirta! - ele começou a me fazer cócegas até eu implorar para ele parar, já que minha barriga doía de tanto que ri.

Ficamos ali, tomando sol e de vez em quando dávamos uns mergulhos e voltávamos a deitar para nos aquecermos.

— Tio Ca.

— Eu - ele respondeu de olhos fechados.

— Você deixaria eu morar com você?

Ele abriu aqueles olhos lindos, que no reflexo do sol eram esplêndidos, se apoiou no cotovelo e olhou pra mim sério.

— Nina, desde pequena que você vira e mexe me pergunta isso e eu sempre respondo a mesma coisa, que é...?

— Sim, se pudesse!

— Exato! - ele deitou outra vez.

— Estive pensando... - coloquei a cabeça no peito dele — Eu posso morar com você, mas você teria que me aceitar morando de vez no seu apartamento.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora