CAPÍTULO LX

586 57 30
                                    


CARLOS

EU FIQUEI sem entender o que havia acontecido. Eu estava surpreso, mas ao mesmo tempo, feliz. Voltei pra casa, sem sentir as três horas passarem, era como se estivesse viajando nas nuvens. Estava feliz, me sentia extasiado. O que estava acontecendo comigo?

À noite, o Gabriel apareceu na minha casa, entrou, foi até o armário da cozinha, apanhou um prato e sentou-se à mesa comigo e minha mãe, que estávamos jantando.

— Oi, tia Carmem! - ele beijou a mão dela.

— Oi, meu filho.

— Posso comer? - falou já colocando feijão no prato — Oi, razão do meu viver. Quer um beijinho na mão também ou na boca?

— Não me faça xingar à mesa, seu safado! Não jantou em casa, não?

— Tá me negando comida, Kaká? - revirei os olhos e olhei para o meu prato.

— E o Tadeu? - perguntou minha mãe.

— Está ocupado estudando pra uma prova.

— Tadeu voltou a estudar? - perguntei curioso.

— Depois te conto.

Após o jantar, minha mãe disse para lavarmos e secarmos a louça e foi o que fizemos, aproveitamos assim, para conversar.

— A propósito - bati nele com o pano de prato molhado —, que palhaçada foi essa que você inventou pra Nina?

— Ai... deu certo, não deu?

— Gabriel, eu não gosto de mentiras.

— Ah, qual é. Eu te fiz uma promessa e cada um usa as armas que tem. Sou advogado, mentir faz parte da profissão e de mim.

— Que promessa?

— No ano novo, você me pediu para trazer ela pra você. Pra ela dormir bem aqui - ele apontou no meu peito.

Respirei fundo sabendo que se fosse necessário ele faria tudo outra vez, assim como eu faria por ele, menos a parte de mentir.

— E outra coisa, você tá feliz meu amigo. E eu não te via feliz assim, desde aquela vez em que você veio com ela aqui, a primeira vez.

Dei um sorriso nasalado e ele apertou o meu ombro, me chamando para sentar.

— Essa menina... Ela é a mulher da sua vida, Carlos.

— O que?

— Carlos, eu via como você olhava pra Adriana... e vejo como você olha pra Nina.

— Eu fui apaixonado pela Adriana e a Nina...

— Você a ama! Não tenta mentir pra mim, nem pra você. Você sabe que eu tô falando a verdade - fiquei só ouvindo — Carlos, você sempre foi esperto, sempre soube quando uma mulher estava interessada em você, principalmente depois da Fernanda. Será que você nunca percebeu a paixão da Nina ou finge que não vê?

Baixei minha cabeça e comecei a lembrar da noite anterior.

— Agora me diga, o que você fez pra achar que afastou ela?

— Beijei a Nina... na boca! - confessei.

— Wow... e?

— E você viu as consequências... Ela passou praticamente três anos longe de mim.

— Espera, você tá me dizendo que a Nina fugiu de você por conta de um beijo na boca? Qual é... ela não é tão santa assim - olhei pra ele de cara fechada — O que quero dizer, é que ela não é inocente ao ponto de correr de um beijo.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora