CAPÍTULO LIV

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CARLOS

FORAM HORAS que fiquei ali, sem ao menos me mexer ou fechar os olhos, tinha medo de dormir e acordar sem ela. Fiquei ali dando carinho e saciando minhas mãos, da falta que seus cabelos e sua pele me faziam.

Ela dormiu por quatro horas, minha mãe veio ao quarto nos chamar para comer, mas eu fiz sinal para que ela não fizesse barulho e acordasse minha pequenininha. Ela sorriu e foi comer sozinha.

Quando minha princesa acordou, eu estava lá com ela agarradinha em mim. Ela abriu o sorriso mais lindo do mundo pra mim, quando me viu.

— Oi, tio Ca!

— Oi, meu amor! Dormiu bem, princesa?

— Maravilhosamente bem.

Como aquela frase me fazia falta.

— Que horas são? - ela perguntou se espreguiçando e toda manhosa.

— São 22:16.

— Ai, meu Deus! Eu dormi muito, por que não me acordou tio Ca?

— Porque você estava cansada e com sono. Tava dormindo tão bonitinho, minha peruquinha com pernas... não quis te chamar.

— Você já jantou?

— Não.

— Tio Ca... poxa, você tá com fome até agora?

— Agora, você levanta e vem jantar comigo.

Foi o que ela fez. E não desgrudei dela um segundo sequer.

Após o jantar, ficamos sentados na casa da árvore, olhando alguns provérbios colados no teto. E depois, ela olhou o celular e viu que era quase meia-noite.

— Tio Ca, tá tarde, você não tem sono?

— Não.

— Você está mentindo...

— Tá bom, eu tenho sono, mas não quero dormir. Quero ficar aqui com você o máximo de tempo que eu conseguir.

Ela engatinhou até a saída da casinha e virou-se pra mim...

— Vem, vamos descer. Você tem que dormir.

— Mas eu não quero...

— Você tá parecendo um garotinho birrento, brigando com o sono - ela riu.

Descemos e fomos pro meu quarto.

— Eu tenho que tomar banho.

— Vai! Eu vou pro quarto da Clara.

Assim, fui tomar uma ducha, mas não demorei como de costume, não queria perder tempo. Quando terminei, saí do banheiro enrolado na toalha e ela estava deitada em minha cama, de olhos fechados, com fones no ouvido, cantarolava baixinho e eu fiquei observando a cena, até que ela me notou de pé e sorriu. Sorri de volta e me lembrei de pegar algo para vestir.

Nesse tempo em que eu estou morando aqui, fui flagrado umas duas ou três vezes, dormindo pelado, então o melhor era não arriscar. Peguei uma bermuda de moletom e uma camiseta, vesti e voltei para o quarto.

— Oi - disse baixinho parando a sua frente.

— Oi... foi rápido hoje - ela retirou o fone e me sorriu.

— Achei que você ia estar no quarto da Clara.

— Vim trazer o Sebastian.

— Você vai levar ele?

— Deita aqui, tio Ca. Eu vou colocar você pra dormir.

— Ah é?

— Sim.

Trilogia : POR QUE NÃO? O Doce Carlos - Livro 2Onde histórias criam vida. Descubra agora