Capítulo 1

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Dulce Maria

Hoje fazia uma semana que eu havia me mudado para minha nova casa, eu estava me adaptando bem, na medida do possível. Anahí passava em minha casa todos os dias após o trabalho, ela dizia que sentia minha falta, mas sei que isso, na verdade, era preocupação.

Eu ainda tinha sonhos com Pablo, e com uma alta frequência, já que minha história com ele foi realmente traumática. Nos conhecemos em uma festa, eu tinha apenas 19 anos e logo engatamos um namoro, e então, nosso relacionamento durou quatro anos, entre idas e vindas. Ele me magoava, me pedia perdão, e eu perdoava, e isso era bem frequente. Fora seus ataques de ciúmes, obsessão por controlar minhas roupas, o jeito que eu usava meu cabelo, minhas amizades, e quando fomos morar juntos, até com a minha família ele implicava.

Chegava ser cômico o tanto que as pessoas me alertavam sobre ele, e eu não enxergava. Anahí sempre me dizia que eu merecia coisa melhor, meus parceiros de laboratório ficavam assustados quando Pablo aparecia na universidade dando mais um de seus ataques, e sempre me perguntavam como eu lidava, e minha resposta era sempre a mesma: "ele só está com ciúmes, mas ele me ama". Hoje em dia, eu vejo que não era amor, ele me tratava com posse, não com amor, e talvez eu nunca tenha amado ele, apenas me acostumado com aquilo.

Era uma sexta-feira fria, eu tinha acabado de chegar do laboratório e Anahí insistia que nós fôssemos à um bar no centro da cidade, sinceramente eu não estava nem um pouco afim, eu trabalhava muito, tinha passado a semana toda arrumando e decorando a casa para ficar do meu jeitinho, e hoje eu só queria dormir. Eu estava em meu quarto me arrumando com um furacão loiro entrou pela porta, não me assustei por que havia dado uma cópia da chave da minha casa para Annie, assim como eu tenho da casa dela, nós confiávamos cegamente uma na outra.

- Qualquer dia desses você vai chegar e eu vou estar pelada, Barbie.

- Nada que eu não tenha visto, Maria. Só vim para garantir que você sairia comigo hoje, sem dar nenhuma desculpa.

- Annie, eu quero ficar em casa, está muito frio lá fora.

- Bebidas alcoólicas esquentam, ficar em casa só vai te fazer pensar mal naquele crápula do Pablo.

- Eu estou bem com isso, você sabe.

- Se estivesse bem mesmo, não estava sonhando com ele. Você continua indo na terapia?

- Sim, mamãe. - eu revirei os olhos em tom de deboche - Não pretendo parar tão cedo, inclusive. Aliás, nada de me empurrar para homens como você costumava fazer antes, por favor! Sabe como eu fiquei depois que terminei com aquele desgraçado.

- Fica tranquila, ruivinha. Aliás, essa cor de cabelo ficou ótima em você. Tinha visto pela foto que você me mandou, mas pessoalmente ficou ainda melhor.

- Pablo gostava do meu cabelo escuro, eu não conseguia me olhar no espelho mais.

- Fez bem, se livrar de tudo que lembra ele é o primeiro passo, e graças a mim, seu guarda-roupa finalmente está um arraso.

- Obrigada por isso, eu amo você.

- Dul, eu faria qualquer coisa por você. - suspirei e voltei minha atenção para o espelho, onde eu estava passando minha maquiagem. Vi que Anahí olhava pela janela do meu quarto fixamente. - Dulce Maria, quem é o Deus grego da casa do lado?

- Não sei, não conheço, Annie. - me levantei e fui até ela, olhar de quem ela tanto falava. - Uau, ele é realmente bonito, você deveria tentar alguma coisa com ele.

- Dulcinha, ele é bonito mas não é muito meu tipo, porém é totalmente o seu.

- É, talvez, mas não é um bom momento, você sabe. - eu me afastei da janela, e Annie se sentou na minha cama, se afastando também.

- Você está certa, só quero que se recupere e fique bem com você mesma.

- E eu vou ficar, você vai ver.

- Assim que se fala! Agora vamos, você está lindíssima.

- Você também está maravilhosa!

Tranquei todas as janelas de casa e logo saímos, e como queríamos beber, resolvemos chamar um uber, por segurança mesmo. No caminho, Annie foi me contando sobre um caso que tinha pego essa semana, que iria demandar muito de seu tempo, e que talvez ela não conseguiria vir em minha casa a semana toda. Demonstrei todo meu apoio por ela e procurei passar tranquilidade à minha amiga, não podia fazer Anahí parar a vida apenas por minha causa.

Chegamos no local que ela tinha escolhido, não era muito longe de onde eu morava, mas também não era perto. Assim que entramos, pudemos ver que estava relativamente cheio, era um lugar alternativo, com música alta tocando e muitas pessoas dançando.

Fomos direto para o bar pegar nossas bebidas e sentarmos nas banquetas que estavam ali. Algum tempo depois, Anahí já estava no quinto drink e posso dizer que ela mesmo não estava mais entre nós, Carmen havia tomado posse de seu corpinho pequeno.

Ela me puxou pela mão me levando até a pista de dança, eu me sentia leve, não apenas por ter bebido, mas por ter pessoas tão boas em minha volta, me ajudando a superar essa fase obscura da minha vida.

Nós estávamos dançando coladas uma na outra, nunca tivemos problemas com intimidade por que éramos praticamente irmãs, mas sabia que isso chamava muita atenção, e apesar de não querer ser o foco, sei que não era possível discutir com Carmen.

- Annie, vou ao bar pegar mais uma bebida, meus pés estão me matando, só álcool no meu sangue para aguentar.

- Deixa de ser chata, Dulcinha. Mas vai pegar bebida, você está precisando relaxar.

Me afastei dela e fui em direção ao bar. Pedi um drink para o garçom e, enquanto esperava, resolvi checar meu celular. Havia algumas mensagens de um número desconhecido.

"sua vagabunda, você me paga."

"deve estar dando para qualquer um por aí, né?"

"eu vou matar você, Dulce Maria, você não vai se livrar assim de mim"

Respirei fundo, bloqueei o contato e guardei meu celular na bolsa. Sabia que aquilo tudo era coisa do Pablo, e mesmo conseguindo uma medida protetiva, sei que ele não me deixaria em paz tão facilmente.

Aquele tipo de coisa me deixava terrivelmente para baixo, pensei em chamar Anahí para voltarmos para casa, mas quando olhei em sua direção, ela estava se agarrando com um moreno alto, não poderia acabar com a diversão da minha amiga. Torci para que ela me avisasse que iria embora com o cara, para que eu pudesse me livrar de ficar ali.

Saí dos meus pensamentos quando o garçom me entregou minha bebida e um guardanapo de papel. Nele estava escrito um número de telefone, mas eu não reconhecia aquela caligrafia. Perguntei a ele quem havia mandado me entregar aquilo e ele apontou para um homem do outro lado do bar, eu reconhecia ele de algum lugar, só não me lembrava de onde.

Vi o homem me olhar com um sorriso sacana no rosto e se levantar, vindo em minha direção. Eu travei completamente, não tinha para onde correr e nem o que fazer naquela situação, então apenas fiquei parada, rezando para que Annie visse e me resgatasse.

- Oi, vizinha que espia minha janela, sou Christopher Uckermann. - Arregalei meus olhos completamente surpresa com isso. Eu achava que ele não tinha visto e, sinceramente, eu mal havia reconhecido ele. Meu Deus, o que eu faço agora?

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