Capítulo 23

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Dulce Maria

- Oi, Chris. Ainda acordado?

- Oi, estou sim! Está tudo bem?

- Sim, vi você meio bravo na hora que cheguei, você estava com uma mulher, queria saber se estava bem...

- Estou, não se preocupe.

- Tem certeza? Vocês dois pareciam nervosos...

- Sim, Dulce. Tenho que ir, até mais.

- Até.

Aquilo havia sido muito estranho, Christopher estava diferente comigo, mas sabia que o problema não era necessariamente eu, mas queria que ele dividisse algumas coisas comigo.

Saí desses pensamentos e fui direto para o banho, estava exausta por causa do trabalho. A conversa com Anahí havia clareado muita coisa em minha cabeça, mas mesmo assim, não podia deixar de pensar em Christopher e a expressão de raiva que vi em seu rosto. Acabei adormecendo em meio à algumas lágrimas, mas não sabia exatamente por que estava chorando.

No dia seguinte, levantei mais cedo e já comecei a me arrumar, tinha que estar um pouco antes no trabalho, então resolvi não me atrasar. Quando eu já estava quase pronta, ouvi minha campainha tocar, estranhei até pelo horário, mas assim que abri a porta, dei de cara com Christopher com um semblante envergonhado.

- O que quer? Estou quase de saída já.

Christopher nada respondeu, apenas avançou em mim com um beijo de tirar o fôlego. Levei meus braços em volta de seu pescoço e ele apertou mais minha cintura, fundindo nossos corpos, me esquentando por completo. Quando o ar se fez escasso, nos separamos com alguns selinhos curtos, e nossas testas encostadas uma na outra.

- Me desculpe ter sido grosso ontem, eu estava nervoso...

- Não precisava descontar em mim, só queria te ajudar, Christopher.

- Eu sei, só é um assunto delicado para mim, assim como você, eu também tenho um passado ruim.

- Não vou te forçar à contar nada, se você quiser, futuramente, estarei aqui do mesmo jeito.

- Obrigado, você é incrível.

- Eu sei... Agora, tchau, preciso ir.

- Tão cedo? Pensei de a gente fazer uns exercícios físicos, mas não yoga, se é que me entende. - ele me olhou com um sorriso malicioso nos lábios, e mesmo eu não querendo, meu corpo se acendeu mais ainda.

- Por mais que eu queira transar, até por que você está gostoso como sempre, eu não posso. Tenho uma reunião importante para definir os próximos passos de uma grande pesquisa sobre vacinas, então não vai dar.

- Tudo bem, mas eu passo aqui a noite.

- Tanto faz para mim. - dei de ombro, provocando ele, e virei de costas para sair dali. Senti suas mãos fortes me puxando pela cintura, e me fazendo bater a bunda na ereção dele, fechei os olhos e me esfreguei levemente nele. - Christopher, não me provoca.

- Eu não estou fazendo nada, meu bem. - ele disse enquanto passava a língua pelo meu pescoço, com certeza me deixando mais molhada do que eu estava.

- Está sim, não vamos transar agora. - eu disse me soltando de seus braços. - Controle-se, Uckermann. Preciso ir.

- Tudo bem, te espero mais tarde. - E antes que eu pudesse responder, novamente fui surpreendida por um beijo, dessa vez mais calmo e sensual. Beijar Christopher era algo que eu poderia fazer tranquilamente pelo resto da vida. - Bom trabalho, Dul. - ele disse ofegante após nos soltarmos.

- Obrigada, para você também. - ele me deu mais um selinho e saiu. Fiquei ali um tempo parada refletindo o que tinha acabado de acontecer, não achei que ele se sentiria mal por ter sido grosseiro comigo, mas isso não era de todo ruim, afinal ele se preocupava.

Alguns minutos mais tarde, sai de casa em direção ao laboratório, eu estava animada com essa pesquisa, desenvolver vacinas era a área que eu mais gostava, e tomar a frente desse grande projeto, com certeza fez toda a diferença no rumo que minha carreira pode tomar.

Cheguei na Universidade algum tempo depois, peguei meu celular para responder algumas mensagens e notei algo de estranho. Um SMS de um número que eu definitivamente não conhecia, mas tinha palpites de quem poderia ser

- Sua puta, vamos acabar com a sua vida, igual você acabou com a nossa.

- Acha que seu namoradinho vai se safar também?

- A gente sabe o que ele fez.

- Mas continua dando para ele, sua vagabunda, você vai cair do cavalo mais uma vez.

Bloqueei esse número e me deixei chorar ali por um instante. Não que eu e Christopher estivéssemos escondendo o que tínhamos, mas quem era essa pessoa e o que ela ganharia fazendo isso, e por que falaram no plural. Será que Pablo estava tramando algo junto com outra pessoa só para me prejudicar? Não é possível. Tirei print das mensagens e enviei à Anahí, ela saberia como me ajudar.

- Filho da puta desgraçado, eu juro que vou MATAR o Pablo. 🤬

- Annie, não sabemos se é ele... Ou se ele está sozinho...

- Não importa, esse homem não vai continuar fazendo mal a você, Dulce. Eu vou tomar as medidas legais necessárias, juro por Deus que não vou descansar enquanto não vê-lo atrás das grades.

- Que exagero, Anahí.

- Exagero? Depois de tudo que ele te fez? Sei que você pediu apenas a medida restritiva e não quis denunciá-lo pelas outras coisas, mas chega, esse cara não pode ficar fazendo essa tortura psicológica com você, só na cadeia ele vai sossegar.

- Não vai adiantar eu discutir, né? 🙄

- Dulce, por que você protege tanto esse cara? Ele acabou com você, te deu traumas e você ainda não quer colocá-lo na prisão... Não entendo.

- Nem eu entendo... Preciso ir, até mais 💕

- Se cuida, qualquer coisa me chama, até mais 🤍

Saí do carro e fui direto para o banheiro do trabalho. Sentia minha cabeça girar, o ar me faltar e meu estômago embrulhar, não era hora para uma crise de ansiedade, não aqui, não agora. Lavei meu rosto e minha nuca com água fria e abaixei a cabeça tentando controlar minha respiração ofegante. Ouvi a porta do banheiro se abrir e Belinda passar por ela.

- Oi, Dul. - a olhei através do espelho e sorri fraco, ainda tentando controlar minha respiração. - Meu Deus, você está bem?

- Não. - Foi tudo que consegui responder.

- Ansiedade? - ela perguntou e eu apenas assenti. - Vem cá.

Bel me puxou pela mão e me fez sentar no banco que tinha ali. Ela sentou comigo e me abraçou de lado, fazendo minha cabeça descansar em seu ombro, e dizendo palavras de conforto em meu ouvido. Com o tempo, minha respiração foi melhorando, minha cabeça não girava mais e sentia apenas um pequeno enjoo.

- Melhor?

- Sim, obrigada, Bel. Como você sabia dessa técnica.

- Gabriela, minha irmã, tem crises frequentes, aprendemos todos à ajudá-la a controlar, contato humano e palavras de conforto podem ser mais eficazes que remédios, em alguns casos.

- Poxa, muito obrigada, amiga. Agora vamos, estamos atrasadas para a reunião. - Ela assentiu e nós levantamos para sair do banheiro. Realmente me sentia melhor, estava agradecendo a Deus por ter enviado Belinda à aquele banheiro naquela hora, ou não seria capaz de me controlar. De novo.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora