Capítulo 72

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Christopher Uckermann

Três semanas depois

Hoje finalmente seria o dia do julgamento de Muriel, Pablo e Paco, e eu poderia dizer o quão nervoso eu estava, mesmo tentando não transparecer para Dulce, ela estava o dobro de mim. Anahí e eu tentamos convencê-la de não ir ao tribunal, tinha sido algo traumático para ela e Annie conseguiria os recursos necessários para que ela pudesse dar seu depoimento de forma remota, mas nada feito, ela queria ir, e dizia que precisava enfrentar isso e só assim deixaria esse capítulo horrível de sua vida para trás, então, nada pude fazer além de respeitar sua vontade.

Assim que chegamos, minhas mãos começaram a formigar, meu coração palpitava, não sabia se estava preparado para isso. O julgamento de Muriel seria primeiro, já que tinha uma ação dela contra mim separada do sequestro de Dulce.

Tivemos que entrar sem muita demora, o tribunal estava cheio e eu me sentia cadê vez mais ansioso. Dulce se sentou atrás de mim, tentando passar o máximo de apoio, e Anahí ao meu lado, como minha advogada.

A sessão foi iniciada pelo juiz e eu mal conseguia processar todas as informações corretamente em minha cabeça. Muriel estava envolvida em muitos crimes, e desde a adolescência, o que me desapontava era nunca ter percebido essas coisas. Aliciamento de menores, assassinato, tráfico de armas, eram apenas alguns desses crimes cometidos por ela, e eu nunca percebi. Isso estava me matando por dentro, acho que quando dizem que o amor é cego, estão certos, pois ele realmente nos cega.

Anahí se tornou a falar quando chegou sua hora de apresentar a defesa. Ela tinha provas concretas mostrando o quanto Muriel havia forjado aquele "estupro", que era uma de suas acusações sob mim, além de ter alterado os exames de corpo de delito e se recusado a fazer um sugerido pela promotoria pública.

Aquilo já estava exaustivo para mim e fazia apenas uma hora que havia começado, eu já não aguentava mais. Annie, parecendo perceber, pediu ao juiz um intervalo, para que pudéssemos nos acalmar. Saí em disparado daquele lugar para tomar um ar, quando senti mãos pequenas em minhas costas.

- Você está bem?

- Agora, com você aqui, estou. Sei que tentamos te convencer a ficar em casa, mas obrigado por ter vindo, amor. - eu disse enquanto me virava de frente para ela. - Sem você aqui, acho que eu já teria surtado.

- Não ficaria tranquila em casa sabendo que isso estaria rolando aqui. Eu te conheço, mi Chris, sei que precisaria de mim.

- Você me dá forças, obrigado por isso.

- Eu te amo, meu amor, estarei aqui sempre. - e neste momento, Anahí veio nos interromper e chamar para entrar, a sessão continuaria. - vamos, eu estarei bem atrás de você. - dei um beijo rápido em sua boca e entramos de mãos dadas de volta ao tribunal, aquele intervalo tinha me acalmado um pouco mais.

A parte da morte de Luca se iniciaria agora, e eu apenas queria ter forças para dizer poucas e boas para ela. Anahí havia encontrado um vídeo feito por câmeras de segurança, onde mostra Muriel com nosso carro, em um mecânico, e ele, retirando os freios. Meu corpo inteiro gelou, lágrimas começaram a brotar dos meus olhos e minhas mãos tremiam. Dulce acariciava minhas costas tentando me passar conforto e calma mas nada adiantava, eu não podia acreditar que alguém mataria uma criança inocente tão friamente assim.

Muriel foi condenada a muitos anos de prisão, e eu, absolvido de todas as suas condenações sem sentido algum, ainda conseguimos provas de que ela queria me roubar para ficar com parte da sociedade da academia.

Dulce Maria

Troquei de lugar com Christopher assim que o julgamento sobre meu sequestro se iniciou. Dei meu testemunho e por mais que tentasse segurar as lágrimas, estava sendo difícil. Muriel já estava mais do que condenada pelos crimes e acusações contra Christopher, e agora, pegaria mais uns bons anos por ser cúmplice.

A parte mais difícil daquilo tudo seria agora. Pablo estava entrando no tribunal, meu coração batia acelerado e minhas mãos suavam. Assim que seu olhar encontrou o meu, pude sentir um medo fora do normal. Tive que olhar para trás e encontrar Christopher para conseguir continuar. Ele sussurrou palavras de apoio para mim e tentou me acalmar, mesmo de longe.

O julgamento começou e Pablo foi dar seu testemunho. Para a surpresa (ou não) de todos, ele assumiu cada crueldade que fez comigo em sua vida. Os abusos, a violência doméstica, as proibições, o sequestro, tudo isso sem enrolar ou gaguejar nenhuma vez. Anahí, que estava ao meu lado como minha advogada, segurou em minhas mãos assim que percebeu que eu chorava muito.

Os advogados de Pablo até tentaram contornar a situação, mas a cada tentativa de defesa, ele gerava o caos naquele lugar, dizia que faria tudo de novo se tivesse a oportunidade e não se arrependia de nada. Eu tinha um misto de sentimentos dentro de mim, não esperava arrependimento da parte dele, mas pelo menos que ele tratasse a situação com respeito.

Sua sentença foi perpétua, Pablo morreria preso, e de uma maneira estranha, aquilo ainda me trazia uma sensação de culpa, talvez se eu não tivesse cruzado seu caminho, seu destino seria outro... Mas poderia acontecer com qualquer outra que o encontrasse. Até que ponto meus traumas afetavam minha percepção de culpa pelos atos de outras pessoas contra mim? Pablo me fudeu tanto ao ponto disso acontecer, e eu me odiava por ter caído em sua lábia.

O juiz finalmente bateu o martelo e resolveu tirar Pablo dali, eu já não aguentava mais olhar para a cara daquele desgraçado e ainda por cima ter que escutar suas atrocidades. Pablo foi escoltado por quatro policiais e gritou que ainda me mataria assim que estava saindo. Sem aguentar mais, me levantei e fui até Christopher, o abracei e chorei em seu colo compulsivamente. O juiz resolveu nos conceder mais uma pausa e assim, saímos de novo.

- Dul? Está mais calma, meu amor? - ele perguntou quando meu choro diminuiu.

- Sim, foi duro ouvir da boca dele tudo que ele fez. E pensar que eu ainda me culpo por ter entrado na vida dele.

- Mi Dul, a última coisa que você é, é culpada. O Pablo é podre, fez atrocidades com você por que é um ser humano ruim, tudo que aconteceu com ele e toda sua pena, será apenas as consequências dos seus atos. Ele não te respeitou, não respeitou seu corpo, seu espaço e seus direitos. Você é incrível, meu amor, a mulher mais perfeita desse mundo e merece todo carinho e cuidado que existe.

- Obrigada por isso, mi Chris, não sei o que eu faria sem você.

- Eu te amo, Dul, você nunca mais vai estar sozinha. - o beijei rapidamente tentando buscar forças daquele homem incrível, eu realmente não sabia o que seria de mim sem ele e Annie.

A sessão seria reiniciada então voltamos para nossos lugares, seria a vez do julgamento de Paco, que muito diferente de Pablo, tentou se livrar a todo custo, mas sem sucesso. A pena dele seria a menor, afinal, ele foi apenas cúmplice, e não havia indício de estar envolvido em outros crimes.

Após longas horas dentro daquele lugar, o julgamento deu por encerrado. Christopher havia ganhado o processo contra Muriel e teria uma indenização gorda para receber, assim como eu. Annie me abraçou e sussurrou o quanto estava orgulhosa de mim naquele momento, principalmente por eu ter aguentado firme e não desistido, ela era meu maior apoio, minha melhor amiga e minha advogada perfeita, se não fosse por Anahí me representando, com certeza as coisas teriam sido diferentes.

Saímos do tribunal os três juntos e fomos para casa. Christopher parecia estar mais leve mas ainda sim continha um semblante triste, Anahí reclamava de enjoos por conta da gravidez, e eu estava apenas em modo automático, será que minha liberdade finalmente havia chego?

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora