Capítulo 7

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Dulce Maria


A semana tinha passado bem rápido e eu estava indo em direção à minha casa já após o trabalho. Tudo estava tranquilo no laboratório e totalmente nos conformes, Belinda e eu estávamos fazendo um grande progresso em nossa pesquisa e isso me deixava animada. Paco continuava inconveniente como sempre, muitas vezes eu me esquivava, já outras, eu era salva por Bel.

Anahí e eu não nos encontramos desde o domingo e eu já estava morrendo de saudades da minha irmãzinha, por isso a chamei para passar a sexta a noite comigo e fazermos tudo à moda antiga: pizzas e filmes clichês, nosso favorito. Como sempre fomos grudadas, em semanas que não nos vemos, geralmente a encerramos assim.

Também não tinha conversado mais com Christopher, apesar de vê-lo todos os dias pela janela do quarto ou saindo de casa, repensei muito após minha sessão de terapia, e acabei percebendo o quão infantil eu poderia estar agindo à um tempo e o quanto elas tinham razão, deixar fluir uma amizade com um homem poderia ser interessante, então resolvi lhe dar uma chance, caso queira se aproximar, que mal faria, não é mesmo?

Entrei em casa e fui direto para meu quarto, precisava de um banho e de uma roupa confortável para o momento. Dei uma leve espiada na janela e pude ver que Christopher olhava em minha direção, senti uma ponta de animação com isso que se esvaiu quando ele fechou a cara e desviou seu olhar, achei estranho mas preferi deixar para lá. Entrei no chuveiro, tomei um rápido banho e coloquei um moletom confortável já que era inverno e fazia muito frio.

Logo Anahí chegou com duas pizzas na mão, e animada como sempre, parecendo um furacão loiro na minha sala. Ela andava muito feliz essa semana, e eu sabia o nome e o sobrenome dessa alegria toda.

- Oi, amiga, como você está?

- Muito bem, Barbie! Você eu nem preciso perguntar, né? Me conta o motivo dessa animação toda.

- A vida é linda, Dulce, quer mais motivo que isso?

- Sim, tipo a verdade.

- Poncho é o melhor homem que eu já conheci na face da terra. Ele é carinhoso, romântico, perfeito...

- Annie, você me disse isso tudo semana passada.

- Você pediu a verdade, Maria.

- Certo, vamos comer vai.

- Ai que mau humor, o que aconteceu? Vai me dizer que brigou com o bonitinho aí do lado?

- Nem nos falamos desde segunda, Anahí, não brigamos e não estou mau humorada, estou faminta apenas.

- Meu Deus, então vamos comer.

- Por favor.

- Me conta sobre a sessão de terapia na segunda, você me disse que tinha muitas coisas para me dizer. - respirei fundo e a olhei, enquanto levava um pedaço da pizza em minha boca.

- A doutora Camila acha que tem um motivo para eu não afastar Christopher instantaneamente, ela disse que estou, aos poucos, progredindo mais ainda com meus... traumas.

- Mas isso é evidente, Dul. Não tem ideia do orgulho que senti de você quando vi vocês dois conversando naquele bar. - cocei a nuca quando lembrei de um pequeno detalhe que não tinha contado para ela. - Dulce Maria, o que você não me contou ainda?

- Como sabe que eu não te contei algo?

- Você coçou a nuca, só faz isso quando está mentindo ou escondendo algo.

- Que droga, ok, tem uma coisa, mas não surta.

- Vamos, Maria, fala.

- Christopher dormiu aqui de sábado para domingo.

- O que? E você não me contou? Sua traíra! - Anahí disse em um grito, me assustando na mesma hora.

- Que escândalo, Annie. Não te contei justamente por isso.

- Eu estou ofendida! Mas vocês transaram?

- Claro que não, ele viu que eu estava sozinha e achou "adequado" vir me fazer companhia! - respirei fundo e a olhei nos olhos. - E digamos que ele conseguiu quebrar algumas barreiras minhas com poucas palavras, não sei por que mas eu sinto que posso confiar nele, sabe? É estranho.

- Dul, você não pode viver pensando que todos os homens são o Pablo, por quê não são, e Christopher claramente é diferente apesar de meio cachorro.

- Ele é um idiota...

- Mas você já o deixou entrar, aposto que era disse que a doutora estava falando. Se abre, Dul! Não digo para entrar de cabeça em um relacionamento agora, até por que não acho que é a hora certa para você, mas um sexo casual é natural, uma delícia e aposto que ele tá doido para te levar para cama.

- Anahí, não fala assim! Não sei se estou totalmente pronta ainda, prometo pensar.

- Já fico feliz por estar cogitando isso, pensa direitinho, mas estou aqui para catar todos os seus caquinhos quando necessário.

- Obrigada, amiga! - ela me abraçou de lado com um pedaço de pizza na mão.

Terminamos de comer em meio a conversas do dia a dia e muitas risadas, Anahí era extremamente engraçada e com certeza iluminava meu dia, eu era muito grata em tê-la na minha vida durante esse momento ruim. Quando terminamos, escolhemos assistir um filme romântico na Netflix e assim, passamos toda a noite.

Christopher Uckermann

Com certeza minha semana não havia sido fácil. Desde sábado, eu sinto constantemente falta de Dulce, o que é muito estranho para mim, já que eu dificilmente me apegava a alguém, ainda mais quando não tínhamos nem transado.

Depois que Muriel me traiu e eu descobri tudo que ela havia feito contra mim, eu havia criado um bloqueio sentimental, mesmo que tenha sido um relacionamento de apenas um ano, mas acho que realmente o que conta é a intensidade. Eu a amava muito, mas ela, só estava interessada em minha academia e no lucro que eu fazia no fim do mês. Eu tinha uma vida confortável, e apesar de não morar em um bairro luxuoso, aqui sempre foi o meu cantinho, e ela não suportava. Deveria ter escutado Christian, ele tentou me alertar várias vezes.

Aliás, Christian era meu melhor amigo de infância, crescemos praticamente como irmãos e, por fim, abrimos a academia. Como eu era formado em Educação Física e ele, em Administração, toda a parte burocrática era inteiramente dele, e eu só ajudava na tomada de decisões.

Eu havia acabado de chegar em casa, era uma sexta a noite e eu não tinha planos para sair. Resolvi ler um livro em meu quarto, coincidentemente, avistei Dulce entrar sorridente em seu quarto, comecei observar seus movimentos e quando ela olhou em minha direção, preferi fechar a cara e sair dalí, nós não tínhamos nos falado a semana toda, mas eu a via sempre. Resolvi afasta-lá dos meus pensamentos, aquele era um território perigoso que eu tinha muito medo de entrar.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora