Capítulo 2

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Dulce Maria


- Oi, me chamo Dulce Maria. - eu podia sentir minhas bochechas queimarem completamente, sei que ele percebeu já que seu sorriso aumentou em seu rosto.

- Não precisa ficar com vergonha, cabelo de fogo, só achei você... interessante.

- Você é sempre presunçoso assim?

- Não diga isso ruivinha, você quem estava me olhando pela janela.

- Eu não estava não.

- Estava sim, e não foi só hoje.

- Então, quer dizer que você também anda me espionando?

- Lógico que sim, uma vizinha gostosa dessas, eu tinha que tirar proveito pelo menos um pouquinho.

- Você é um cretino. Tchau.

- Calma, Dulce. Me perdoa, não quis te ofender.

- Mas ofendeu.

- Me desculpa, mesmo. Amigos? - suspirei fundo e o olhei.

- Tudo bem vai, talvez eu me arrependa disso. - eu realmente estava bêbada para deixar alguém do sexo oposto como ele se aproximar de mim.

Engatei numa conversa interessante com Christopher, descobri que ele tinha uma academia e era professor nela, inclusive ele me chamou para fazer uma aula experimental com ele, como estava alta com a bebida, acabei concordando. Também acabei contando que sou pesquisadora e ele demonstrou muito interesse em minha profissão.

Ficamos conversando até que Anahí apareceu novamente, deixando o cara que ela estava beijando e vindo em minha direção com um olhar levemente assustado.

- Está entretida, Dulcinha?

- Christopher me reconheceu, ele é meu o vizinho. - ela entendeu assim que eu falei já que arregalou os olhos e deu um sorriso travesso.

- Prazer, você estava me espiando hoje também.

- Me chamo Anahí, e sim, você é bem bonitinho, pena que não faz meu tipo, só o da ruivinha.

- Ah, então eu faço seu tipo?

- Não, a Anahí fala demais, na verdade ela está muito mais bêbada que eu e não sabe o que está falando.

- Sei.

- Inclusive, Anahí, vamos embora.

- Ah, mas está cedo, eu vou continuar dançando com aquele gatinho ali e você continua com esse gatinho aqui.

- Você me paga. - eu disse entre dentes e ela se virou para voltar onde o cara estava. Christopher olhou para meu rosto com um sorriso travesso.

- Isso foi interessante.

- Você não ouviu nada, Anahí só fala besteira.

- Ela parece te conhecer bastante. - suspirei fundo e apenas fitei o chão.

- Sim, ela é praticamente minha irmã, ela sabe de tudo sobre mim, somos muito ligadas.

- É uma amizade muito bonita.

- Sim, é.

Continuamos conversar um pouco ali, Christopher dava em cima de mim descaradamente, mesmo eu desviando de todas as suas cantadas e de todos os seus flertes. Pouco tempo depois, Anahí vem em minha direção e sussurrou em meu ouvido que iria embora com o homem que estava com ela, e essa era minha deixa para também ir, finalmente, para minha casa.

- Bom, estou indo para casa. Anahí já foi e sinceramente, eu só quero minha cama.

- Eu também já estou indo, você não está muito em condições de dirigir.

- Vim de uber, não se preocupe.

- São duas da manhã, Dulce, vamos literalmente para o mesmo lugar, não vou deixar você se arriscar num carro com um estranho.

- Eu não me importo, relaxa.

- Não teima, Maria. Vamos, você vai comigo. - Christopher falou num tom mais duro comigo e eu apenas assenti.

Saímos do bar e ele me guiou até seu carro. Entramos e fomos o caminho todo em um silêncio desconfortável, hora ou outra ele tentava puxar assunto comigo, mas eu estava bêbada e extremamente cansada, não estava querendo muito papo no momento.

- Obrigada pela carona.

- Imagina, espero que possamos nos encontrar mais vezes. - apenas o olhei e sorri sem os dentes.

- Até mais.

Sai do carro sem olhar para trás, peguei a chave e abri a porta de casa, pude sentir o olhar dele queimar em minhas costas, mas não me importei muito com isso. Entrei em casa, fechei a cortina do quarto, já que agora eu sabia que meu vizinho também me espiava, tomei um banho e cai na cama.

No dia seguinte, acordei por volta das 11 horas da manhã, como era um sábado e a noite passada eu acabei passando um pouco dos limites, me permiti dormir um pouquinho a mais. Levantei para fazer minha higiene pessoal e abrir as cortinas para refrigerar o ambiente e pude notar meu vizinho gato fazendo ioga, senti um arrepio percorrer por meu corpo mas preferi ignorar. Peguei meu celular para checar minhas mensagens e se Anahí estava viva e como havia passado a noite.

"Barbie, onde você está?"

"Acabei de chegar em casa depois da melhor foda da minha vida! Ruivinha, eu preciso daquele cara de novo!"

"Meu Deus, Anahí, me poupe de certas coisas."

"Nada disso, mais tarde eu passo aí, também quero saber tudo que rolou entre você e seu vizinho."

"Perca de tempo, não rolou nada, ele apenas me deu uma carona já que moramos lado a lado, ele não quis que eu pegasse uber sozinha."

"Fez bem, mas você deveria ter pego ele, sua tonta, ele estava babando em você!"

"Cala a boca, Anahí"

"Grossa! Mais tarde eu passo aí. XOXO."

"Tudo bem, XOXO."

Resolvi dar uma organizada em meu apartamento antes que Annie chegasse aqui, já que ela não deixaria eu fazer isso depois. Resolvi pedir comida pelo aplicativo já que estava meio tarde e continuei a ajeitar as coisas até ela chegar. Fui até meu quarto e achei uma caixa cheia de recordações minhas com Pablo, sentei na cadeira da escrivaninha, que ficava de frente para a janela, e a abri. Ali, continha algumas fotos nossas, uns presentes que ele havia me dado e nosso par de alianças. Algumas lágrimas caíram do meu rosto, não de tristeza ou saudade, mas sim raiva por ter me submetido à certas coisas e aceitado tanto em nosso relacionamento.

Saí dos meus pensamentos quando ouvi o som da campainha, fui até a porta pegar minha comida, e atrás do entregador, agradeci e peguei minha comida, e assim que ele se virou, fechei a porta e fui em direção ao meu quarto, queria comer olhando aquelas coisas ainda.

De repente, ouvi um barulho vindo do lado de fora que me assustou, meu vizinho estava assobiando para me chamar atenção. Abri a janela para poder ouvi-lo melhor e revirei os olhos quando ele sorriu malicioso para mim.

- O que você quer?

- Estava chorando, Maria?

- Estava me espiando, Uckermann?

- Não, mas sua cara está inchada.

- Isso não é da sua conta! O que quer?

- Apenas saber se estava bem, achei que você estava bêbada demais ontem.

- Estou, obrigada. - fechei as cortinas e continuei comendo e olhando aquelas fotos, sem deixar que ele me respondesse qualquer coisa, hoje eu realmente não estava afim de ter que conversar com esse intrometido.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora