Capítulo 47

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Christopher Uckermann

Eu estava com meus sentimentos confusos. Escutar verbalmente à Dulce dizendo tudo que passou me deixou em total estado de choque. Eu estava com raiva. Era isso. Queria matar Pablo com minhas próprias mãos, talvez eu tivesse a chance se o encontrar na rua.

Dulce era a mulher mais incrível que eu já tinha conhecido em toda minha vida. Para mim, era impossível pensar que alguém faria mal à um coração tão bom como o dela.

Agora, eu me encontrava em sua cama, Dulce estava deitada em meu peito, dormindo serenamente, enquanto eu a observava. Ela era linda, talvez a mais bonita que eu já tenha visto em toda minha vida. Não queria estar magoado mais com ela, Dulce era importante para mim, mas aquele sorriso debochado estava gravado no meu cérebro, não era capaz de esquecer. Claro que, agora, sei que Justin é gay, sei que ela queria me enciumar, mas aquilo me machucou de verdade, e eu não era capaz de esquecer. Pelo menos não por enquanto.

Deslizei meu corpo bem devagar para fora da cama, com muito cuidado para ela não acordar, coloquei um travesseiro onde eu estava e fui em direção ao banheiro, onde fiz minha higiene matinal e sai do quarto.

Dulce havia comentado que sentia falta de praticarmos yoga juntos pela manhã, então, fui até minha casa rapidamente pegar os tapetes, troquei minha roupa e voltei para sua casa, onde ela seguia dormindo feito um anjo. Resolvi também fazer nosso café da manhã, Dulce passou por muitas batalhas ontem para me contar tudo aquilo, fora o tempo que ficamos brigados, ela merecia aquele mimo.

Estava totalmente distraído, pensando na vida, quando eu senti braços finos agarrarem meu corpo, sorri com aquilo e fiz um leve carinho nela.

- Bom dia, Dul.

- Bom dia.

- Dormiu bem?

- Sim, mas senti sua falta agora cedo.

- Vim preparar nosso café da manhã e pegar as coisas para praticarmos um pouco de yoga. - olhei para o rosto de Dulce e seus olhos brilhavam, ela abriu um largo sorriso e me apertou mais, agora, do meu lado.

- É sério? Voltamos a era Dulce e Christopher, melhores amigos que tomam café e se exercitam todos os dias?

- Só se você quiser... - dessa vez, eu abri um sorriso para ela, que retribuiu na mesma intensidade.

- Deus, como eu senti falta disso.

- Não vamos brigar mais, Dul. Eu não aguento isso.

- Nem eu... Mas confesso que até com Anahí eu estava meio distante, acho que perdi meu controle. - Dulce desviou seu olhar do meu e soltou meu corpo, fomos até a mesa para comermos e continuar essa conversa.

- Por que fez isso?

- Não fique chateado comigo, ok? - assenti - Quando você me contou do seu passado, aquilo me despertou diversos gatilhos, coisas ruins mesmo, que agora você já sabe o porquê. Bom, Anahí veio aqui, ficamos juntas, mas eu sentia que ela estava do seu lado e tinha se esquecido de mim, acho que fiquei enciumada por Annie estar usando a razão.

- Dul, isso é normal de acontecer. Você passou por muitas coisas, sempre vai ter um medo te rondando, por mais recuperada que esteja, que é o caso agora. Anahí só quer seu bem, ela passou essa semana muito mal, ela sentiu muito sua falta.

- Eu também senti a dela... Eu tenho tendência a fugir das coisas quando me sinto encurralada ou de alguma maneira negativa, foi isso que aconteceu.

- Pelo seu histórico, não julgo. Mas todos nós somos seus amigos, Dul, só queremos o seu bem. Bom, eu agora queria fazer justiça com as minhas mãos e matar o Pablo, mas não vale a pena, né?

- É...eu acho. Chris, acha que é ele que me manda aquelas mensagens?

- Acho, e acho também que você devia seguir com a denúncia, ele seria preso rapidamente.

- Mas não ficaria por muito tempo. - olhei para ela com cara de dúvida e a vi rolar os olhos. - Uckermann, acorda. Pablo é um homem branco, rico e privilegiado, além de ser advogado, ironicamente, criminalista. Acha que alguma coisa de ruim vai acontecer com ele? Ser mulher é uma droga, é um fardo enorme que a gente tem que carregar, e infelizmente, isso acontece diariamente.

- Sinto muito, não sei o que dizer...

- Não tem problema, eu já me conformei.

- Mas eu não. Eu juro que não vou deixar ele encostar um dedo em você. Não ligue para essas mensagens, ele só quer fuder seu psicológico mais ainda.

- Pior que eu sei... E ele acaba conseguindo também.

- Não, Dul, você é melhor que isso, não deixa que ele te afete, que ele consiga o que quer...

- Eu tento, Chris. De verdade. Mas estou cansada já disso.

- O que eu posso fazer para te ajudar?

- Bom, voltamos a ser amigos, isso já me ajuda. - ela abriu outro sorriso para mim, senti meu coração disparar rapidamente, aquele sorriso mexia comigo. - Sério, você me faz uma falta danada, menino.

- Você também me fez falta, ruivinha. Está tudo bem, agora. Estou aqui e não vou a lugar nenhum.

Assim, terminamos nosso café da manhã. Resolvi trocar de assunto para Dulce não ficar com a cabeça em seu passado, ela não precisava disso. Fizemos nossos exercícios de yoga juntos, ainda a ensinei a meditar, era uma técnica boa que me ajudava muito a controlar a raiva, poderia ajudá-la em diversos momentos.

Resolvemos passar aquele fim de semana juntos, apenas dois amigos que sentiam falta um do outro, no fundo, era sempre isso que seríamos. Na realidade, Anahí e Alfonso tinham ido viajar e nós não queríamos atrapalhar o romance inicial de Christian e Justin, então optamos por ficarmos a sós mesmo. Confesso que precisávamos disso, era uma trégua para nosso coração. Não queria deixar Dulce sozinha também, senti que ela ainda poderia estar vulnerável, então, não sai de seu lado, o que não foi de todo ruim, tirando a vontade incontrolável que eu tinha de beija-la, mas não faria, não ainda pelo menos.

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