Capítulo 4

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Dulce Maria


Passar a tarde com Anahí com certeza fez meu dia melhorar, olhar todas aquelas lembranças me doeu, mas foi necessário para que eu seguisse em frente, e a ajuda da minha melhor amiga foi essencial para isso, já que a cada coisinha daquela caixa, Annie fazia um de seus comentários incríveis.

Após terminarmos de arrumar e jogar todas aquelas coisas fora, fomos assistir a um filme de comédia, segundo ela, para "me animar", aceitei para agradar minha amiga mas sabia que não adiantaria.

Mais tarde, Annie foi embora, ela tinha um encontro com o cara do bar da noite passada e eu não queria atrapalhar, então insisti para que ela fosse, mesmo que ela não queira. Pedi uma pizza e fiquei esperando chegar enquanto assistia um episódio de Friends.

Levantei animada quando a campainha tocou, eu estava faminta e parecia uma eternidade até aquela pizza chegar. Peguei o dinheiro em minha carteira e abri a porta, mas logo minha cara se fechou.

- O que faz aqui?

- Vi que estava em casa e resolvi te visitar, trouxe um vinho, você cozinhou hoje?

- Pedi uma pizza, Christopher, eu não me lembro de ter te convidado. - enquanto eu falava, ele entrava ali sem pedir permissão.

- Eu não preciso de convite, querida.

- Mas precisa de bom senso, vai embora, eu quero ficar sozinha. - eu já estava começando a perder minha paciência com ele.

- Não quer, eu vi você chorando a tarde toda e vi quando Anahí saiu, vim te fazer companhia.

- Por que não vai atrás da magrela que estava com você a tarde e me deixa em paz?

- Então você estava me espiando de novo?

- Eu não, mas Anahí estava.

- Não minta, Maria. Viu algo que gostou? - um sorriso malicioso brotou em seus lábios.

- Você é um imbecil, Christopher. O que quer? Fala logo e some.

- Certo, me desculpa, realmente me preocupei com você, não sei porquê, mas me deixa te fazer companhia? Prometo me comportar, quero ser seu amigo.

- Christopher....

- Sério! - ele me olhou esperançoso mas eu não sabia se podia confiar.

- Você me conheceu ontem, por que se importa? - ele desviou seu olhar e fitou o chão.

- Você me lembra muito uma pessoa que eu perdi, mas que eu poderia ter ajudado ou tentado impedir.

- Você não sabe nada sobre mim!

- Mas eu consegui ler sua linguagem corporal e sei que você está travando uma batalha aqui e agora para tentar me deixar se aproximar, não está?

- Talvez, mas...

- E você não se abre muito, não é?

- Sim...

- Dulce, eu vi como estava mal hoje, não vou fazer nada que não queira. - ele me olhou esperançoso e algo me dizia para confiar em sua palavra.

- Sem gracinhas, Uckermann, por favor. - nesse momento a campainha tocou, esperava ser a pizza agora, e não outro vizinho intrometido.

Paguei o entregador e entrei com meu pedi. Fui até a sala e vi Christopher sentado em meu sofá, sem sapato, colocando vinho para nós dois. Ele era folgado mas estava na hora de eu me abrir a outras amizades, até por que romanticamente eu não estava preparada, e acredito que nem ele.

Comemos em silêncio enquanto a série passava na televisão, vez ou outra ríamos com alguma piada. Christopher foi legal comigo o tempo todo, não tentou se aproximar ou me jogar alguma cantada, e agradeci mentalmente por isso.

Resolvemos fazer um doce para comermos de sobremesa, já que o vinho tinha acabado e estávamos meio altos. Christopher fez um brigadeiro para nós e colocamos um filme de terror, não era meu favorito mas estávamos nos dando bem e ele insistiu dizendo que ia me proteger.

- Filmes de terror são tão idiotas, por isso são seus favoritos, combina com você...

- Disse a que está morrendo de medo...

- Eu não estou morrendo de medo, só um pouquinho assustada.

- Então por que não abre os olhos?

- Eu não gosto dessas imagens, palhaços me dão medo, você não me contou que teria nesse filme.

- Palhaços não fazem nada, Dulce, pelo amor de Deus.

- Fazem sim, eles te caçam, te matam e isso me assusta. - e nesse momento eu tomei o maior susto com o filme e acabei pulando no colo de Christopher, que me abraçou na mesma hora, tentando me acalmar. - Desculpa por isso.

- Fica tranquila, vamos trocar esse filme, ok? - Eu assenti me desvencilhando dele, e instantaneamente senti falta do seu contato.

Assistimos um pedaço de outro filme, instintivamente acabei me aproximando mais de Christopher. Um tempo depois, senti meus olhos pesarem e cedi ao sono, já que não aguentava mais.

Acordei na manhã seguinte abraçada a ele. Christopher dormia serenamente e me segurava em seus braços com um pouco de força. O observei um tempo até que meu celular tocou, sai de seus braços e atendi a chamada.

" - Alô?

- Oi, Dulce, perdão te acordar em pleno domingo de manhã, mas teria como você dar um pulinho no laboratório? Algumas coisas da pesquisa deram errado, não podemos esperar, acredito que só você pode nos ajudar.

- Claro que sim, em meia hora eu chego aí, Thiago.

- Obrigado, Dulce"

Desliguei o telefone e me virei para a direção que Christopher estava, ele já tinha acordado e esfregava seus olhos, tentando despertar.

- Te acordei?

- Não, fica tranquila, vai ter que sair?

- Sim, preciso ir ao laboratório, tenho uma emergência.

- Tudo bem, me perdoe por ter dormido aqui, você estava em cima de mim, dormia tão serena, não quis me mexer para te acordar.

- Me desculpe por isso.

- Não se preocupe. Vou para minha casa, qualquer coisa, me ligue, anotei meu número novamente para você, dessa vez, use-o.

- Christopher! - O repreendi com o olhar.

- Somos amigos, Dulce, amigos trocam os números de telefone.

- Certo, agora eu tenho que ir.

- Até mais, ruivinha.

Christopher saiu e eu fui tomar banho para ir ao trabalho. Fiquei pensando na noite que tive com ele, nunca pensei que ele seria um bom amigo, mas Christopher demonstrou se importar comigo e querer minha amizade, isso que bastava no momento para mim. Rapidamente terminei de me arrumar e saí, o dia seria longo.

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