Capítulo 31

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Dulce Maria

O domingo havia passado tranquilo para nós, transamos algumas vezes mas conversamos muito pouco, creio que Christopher tenha ficado chateado por eu não corresponder de imediato, mas mesmo assim, não falou nada.

Acabei ligando para Anahí para explicar toda situação dele e minha amiga ficou feliz em ajudá-lo, o que me tranquilizava muito, apesar da implicância que um tem com o outro, sei que eles se gostam também.

Já era de tarde e estávamos indo para casa, após um final de semana cheio de altos e baixos. Pensar na possibilidade de perder minha amizade com Christopher era algo que realmente me assustava, afinal, faziam um bom tempo em que eu não me sentia tão bem na presença de alguém do sexo masculino, mas o fato de ele assumir estar apaixonado por mim me deixa em uma grande confusão interna, não consigo pensar direito no que fazer, como seguir adiante sem magoá-lo.

Chegamos em casa e Christopher parou sua moto em frente à minha porta, me ajudou a descer e logo pegou meus pertences que estavam no bagageiro.

- Obrigada pelo fim de semana, Chris. Eu adorei aquele lugar. - Christopher olhou fundo em meus olhos e sorriu, pude me sentir totalmente nua ali.

- Fico feliz que tenha gostado. Obrigado pela ajuda com Annie, foi muito importante para mim!

- Imagina! Agora preciso ir, amanhã acordarei mais cedo que o normal.

- Tudo bem, já vou também, preciso descansar. Até mais, Dul. - ele se aproximou de mim e me deu um beijo de tirar o fôlego, e eu retribui na mesma hora e na mesma intensidade.

- Até mais, Chris. - disse assim que nos separamos. Me virei e segui para dentro de minha casa, e consegui observar ele fazendo o mesmo.

Fechei a porta da frente e suspirei contra ela, deixando algumas lágrimas caírem sob meu rosto. Eu estava com tanto medo, de tantas coisas ao mesmo tempo, que mal poderia numerá-las, me sentia sobrecarregada, como se muitas decisões estivessem em minhas mãos, não aguentava mais.

Entrei para meu quarto e fui tomar um longo banho. Tem dias que parece que apenas um simples banho, limpa nossa alma, e assim, o fiz. Senti meus músculos tensos se relaxarem com o contato da água quente e em pouco tempo, parecia que eu estava livre de problemas.

Sai do banheiro com um roupão cobrindo meu corpo, me sentia um pouco melhor, mas algo ainda apertava meu coração. Me sentei em minha escrivaninha para olhar meus e-mails, mas perdi toda minha concentração quando meu olhar bateu na casa ao lado. Christopher estava sentado em sua poltrona, e ao que parecia, chorando, olhando baixo para algo em suas mãos. Não pude evitar de me sentir mal com essa cena, Christopher foi meu porto seguro e eu o decepcionei.

Fechei as cortinas e desliguei meu notebook, não poderia lidar com isso, não nesse momento. Recebi uma mensagem de Belinda em meu celular mais cedo, e acabei me lembrando que não tinha olhado ainda.

"Dul, teremos aquela conferência essa semana, começa já na terça-feira, além das palestras e workshops. Thiago está perguntando se pode contar com nossa presença. Só tem um porém: será um mês, no México, o que me diz? Passaremos a trabalhar em uma universidade da Cidade do México, onde se realizará todos os eventos."

Um mês longe de casa, de tudo e de todos, eu poderia tranquilamente tirar um tempo para repensar em toda minha vida, fora que ficar um mês longe de Belinda no laboratório, seria torturante demais.

Olhei no relógio e vi que não era tão tarde, e conhecendo Belinda, ela ainda estava no trabalho, então resolvi respondê-la na mesma hora.

- Oi, Bel! Perdão, só vi sua mensagem agora. Se estiver na Universidade ainda, pode me confirmar, irei sem sombra de dúvidas! 😉

- Oi, Dul! Estou sim, colocarei seu nome na lista então, até amanhã! 🥰

Bloqueei a tela do meu celular e respirei fundo, não era uma decisão fácil a ser tomada, mas era a saída mais rápida para isso. Resolvi ligar para Anahí para lhe contar tudo isso.

- Annie?

- Oi, Dul. O que você manda?

- Só vim avisar que vou passar um mês no México.

- Que? Como assim, Maria? Surtou?

- É a trabalho, Anahí, calma.

- Como eu vou ficar um mês sem você, ruiva?

- Você tem o Poncho agora.

- Não é o mesmo.

- Era para ser melhor, não?

- Claro que não, Dulce. Você é minha melhor amiga, eu vou morrer de saudades.

- Eu também, mas um mês passa rápido, você vai ver.

- Dul? Está fugindo de algo? Aconteceu alguma coisa entre você e Christopher? - respirei fundo antes de continuar a contar.

- Ele disse que está apaixonado por mim, Annie.

- Como? - Anahí soltou um grito estridente, me fazendo afastar o celular do ouvido.

- Barbie, não grita! Não estou conseguindo lidar com isso agora, claro que ele foi um príncipe, disse que tudo é no meu tempo e etc, mas eu não consigo, Annie.

- Você não precisa resolver sua vida em um final de semana, amiga. Muito menos se está apaixonada pelo cara. Acho que essa viagem vai te fazer bem, apesar de eu não gostar nada disso.

- Eu sei, não vai ser fácil. Mas eu o vi chorando pela janela, aquela cena destruiu meu coração.

- Não deve estar sendo fácil para ele, vai passar, Dul, não se culpe.

- Estou tentando, acho que preciso mesmo de um tempo assim.

- Acho que sim...

Ficamos aproximadamente mais duas horas conversando ali sobre tudo, Anahí me fazia muito bem e sempre sabia o que me dizer e como me acalmar da forma correta, e eu a amava por isso. Após desligarmos, apenas escorreguei na cama e cai no sono, naquela noite, não tive sonhos com Pablo, mas sim com Christopher e seu olhar triste, o que me acordou completamente angustiada.

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