Capítulo 5

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Dulce Maria


Saí em direção ao meu carro e pude ver que Christopher também estava saindo de casa, mas resolvi não ligar para isso, então apenas acenei com a cabeça e segui meu caminho.

Ao chegar no laboratório, fui direto à sala que Thiago estaria, e assim que entrei, pude ver ele com Belinda, uma outra cientista no nosso departamento, e Paco, o chefe do laboratório. Saber que ele está ali me deixava nervosa por alguns motivos, entre eles, era que Paco já tinha dado em cima de mim, e me deixou extremamente desconfortável em inúmeras situações, mas eu tinha receio de fazer algo e perder meu emprego, convenhamos que eu não podia me dar esse luxo no momento.

Comecei a trabalhar nos testes que haviam dado erros, eram poucos mas realmente não era possível esperar até segunda-feira de manhã. Podia sentir o olhar de Paco queimar sobre mim vez ou outra mas resolvi ignorar, eu não ia me envolver com ninguém, muito menos com meu chefe.

Algumas horas depois, terminamos de revazer o que havia de errado ali, suspirei aliviada ao ver que tudo tinha dado certo, e provavelmente seria uma coisa a menos para se fazer na segunda. Estava saindo em direção ao estacionamento quando ouvi uma voz distante me chamar, respirei fundo e me virei em sua direção.

- Dulce, oi! Queria saber se você não quer sair, sabe, para comer alguma coisa, amanhã não precisa chegar tão cedo, então podíamos estender a noite.

- Fico lisonjeada, Paco, mas vou ter que recusar, estou cansada, só quero deitar e dormir, não tive um bom sono noite passada, pretendo tirar o atraso agora.

- Tudo bem, fica para a próxima? - dei um sorriso amarelo, aquilo era constrangedor para mim, queria que ele se tocasse o quão inconveniente era, mas isso não acontecia.

- Boa noite, Paco.

- Boa noite, Dulce. Descanse.

Com isso, entrei em meu carro e segui para minha casa. Havia algo naquele homem que me incomodava, talvez a energia dele era tão negativa que até eu, uma cientista que mal acreditava naquelas coisas, sentia.

Procurei deixar esses pensamentos de lado e me concentrar no trânsito, mesmo que estivesse calmo. Enquanto estava parada no semáforo, Anahí me avisou que estava me esperando em minha casa, então apressei um pouco o caminho, passei em um drive thru, peguei dois lanches para nós e logo cheguei em casa.

Assim que entrei, vi Anahí falando no telefone animadamente, sorri olhando para minha amiga, que sorriu de volta para mim. Fui até a cozinha deixar os lanches ali e logo entrei no banho.

Alguns minutos depois, sai do chuveiro, me enrolei em uma toalha e fui me trocar. A cortina do meu quarto estava aberta, e pude ver Christopher com outra mulher, diferente a da noite passada. Ele percebeu meu olhar e me encarou com um sorriso malicioso no rosto, fechei as cortinas e fui me vestir.

- Oi, ruiva. - Anahí disse entrando no quarto. - Desculpa, estava no telefone com meu gato.

- Hum, "meu gato" é? O que você não me contou?

- Que eu estou me dando super bem com o cara da balada, o nome dele é Alfonso, mas todos o chamam de Poncho, ele é incrível, Dul. É gentil, educado, e transa como ninguém.

- Me poupe de detalhes, Barbie. Mas fico feliz por você, já deixa avisado que se te magoar, eu mato ele.

- Ele não vai, tenho certeza, mas se me magoar, você tá autorizada a matá-lo.

Terminei de me arrumar e fomos para sala, Annie estava animada sobre sua nova conquista e eu estava feliz por vê-la assim, mas claro que sempre penso se isso, algum dia, voltará à acontecer comigo. Claro que as sessões com a terapeuta estão me ajudando gradativamente, mas não me sinto total confortável ainda, acho que isso que acontece quando você se submete a um relacionamento ruim.

- Dul, como anda as sessões de terapia?

- Bem, na medida do possível.

- Amiga, acho que está na hora de você se abrir mais, sei que a terapia ajuda, mas você precisa se ajudar também.

- Eu tento mas é mais forte que eu, Annie.

- Bom, tudo tem seu tempo, Pablo ainda é um passado recente, estamos evoluindo pelo menos, você já saiu de casa comigo e já deixou o gostosinho aí do lado se aproximar.

- Anahí, para de chamá-lo assim.

- Tá, mas deixou! Você sabe que isso foi um grande passo, eu estou imensamente orgulhosa.

- Obrigada, amiga. Não sabe o quão importante é para mim.

- Claro que eu sei, e se depender de mim, o Pablo nunca mais chega perto de você e você vai ser feliz para sempre...com o vizinho.

- Que obsessão pelo Christopher, Portilla.

- A culpa não é minha se quando eu bati o olho em vocês dois, eu vi o casal perfeito.

- Não somos um casal perfeito, somos amigos e seremos só isso. Até por que, não acho que ele está afim de relacionamentos agora.

- Por que diz isso?

- Eu o vi com outra mulher hoje.

- Ele só está esperando sua abertura, pode ter certeza.

- Anahí, você está louca de vez.

- Pode até ser, mas eu também estou certa, você vai ver só.

- Ah, tá bom!

Ficamos mais um tempo ali conversando e logo Annie foi embora essa semana nos veríamos menos, e eu já estava sentindo falta da minha amiga, mas sei que era por conta de seu trabalho, e Anahí podia ser doida, mas era extremamente responsável. Fiquei pensando na conversa que tivemos sobre Christopher, eu com certeza estava confusa por pensar tanto naquilo, mas pelo menos me distraía, ele era um bom amigo, e eu planejava deixar assim.

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