Capítulo 48

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Dulce Maria

Meu final de semana tinha sido o melhor em meses, e confesso que Christopher tinha um grande papel sobre isso. Ter conversado com ele tinha mudado minha percepção de ver as coisas drasticamente. De repente, me vi em uma situação em que não precisava confiar apenas em Anahí ou nos meus pais, eu poderia expandir minha visão, nem todos os homens seriam como Pablo e eu tinha que entender e colocar isso na minha cabeça.

Hoje eu teria mais uma consulta com a Dra. Camila, o que era bom, eu precisava colocar para fora tudo que havia acontecido, senti que abri uma ferida mas Christopher foi capaz de fechá-la ou cicatriza-la. Com o fim do expediente no laboratório, fui rapidamente ao consultório, me sentia ansiosa mas não de uma maneira ruim.

- Como você se sentiu contando a ele sobre seu passado?

- Surpreendentemente ok. Quer dizer, na hora eu chorei muito, nunca é fácil retratar tantas coisas assim, mas Christopher me acalmou e acabou indo tudo bem...

- Como vocês estão agora?

- Voltamos a ser amigos...

- Apenas?

- Sim, ele ainda está magoado comigo por ter beijado Justin, na verdade, eu nem o julgo, acredito que ficaria até pior.

- Refletiu sobre a situação oposta, certo?

- Sim, acho que eu ficaria cega de ciúmes. Mas Christopher é diferente, até dormimos juntos no fim de semana.

- Tiveram relações...?

- Não, apenas dormimos, como dois melhores amigos. Após a conversa que tivemos, senti que precisava dele por perto, então o chamei e dormimos, na manhã seguinte fizemos nossa antiga rotina, yoga e café da manhã, eu sentia falta disso.

- Dulce, já parou para pensar que está apaixonada?

- Já, mas acho que é apenas carência ou sei lá, Christopher é familiar para mim, meio que me acostumei com ele... Mas posso dizer que gosto dele sim, não sei se chega a paixão.

- Então, vamos analisar os cenários, certo? - assenti - Christopher se declarou dizendo que estava apaixonado por você, contou toda sua história e você fugiu dele. - engoli seco ao perceber o rumo dessa conversa, eu não estava gostando nadinha. - Você se afastou dele e de todos os seus outros amigos, inclusive Anahí, por medo. O viu em uma boate apenas conversando com uma mulher. Sentiu ciúmes e beijou seu amigo gay para enciumá-lo.

- Isso, foi isso.

- Dulce, você está apaixonada. Abra os olhos.

- Mas como? Eu jurei que não seria capaz de me apaixonar novamente.

- Christopher não é Pablo, querida. Ele sempre te respeitou, sempre te tratou como uma princesa, e só pelo fato de você fugir de todos a sua volta já diz muito isso. Dulce, você fez o que seu coração mandou, não lidou com os problemas e desapareceu, isso porque você não sabia o que fazer, não sabia o que sentia. Agora, já sabe.

- O que eu faço? Doutora, eu não posso estar apaixonada.

- Pode sim, e você está. Se dê essa chance, Dulce. Dê a chance de viver isso com Christopher, vai ser ótimo para os dois. Ele também tem uma bagagem, assim como você. Vocês saberão se apoiar em tudo o que precisar, até mais do que agora.

- Eu ainda tenho medo de me arriscar.

- Dulce, ele já te provou por A mais B que é um príncipe, não o deixe escapar, você está bem, se recuperando bem, quase não toma seus medicamentos mais com frequência, não tem porquê ter medo. Está na hora de colocar seus sentimentos em primeiro lugar e medo não é o que te move.

Após isso, fiquei refletindo por um bom tempo, e por mais que a doutora estivesse falando, eu mal escutava, estava tentando reorganizar tudo que sentia, e temia que ela tinha razão. Saí do consultório levemente atordoada, sentei no banco do meu carro e suspirei, só uma pessoa podia me ajudar agora.

- Annie? Está ocupada?

- Claro que não, Dul, o que foi?

- SOS, me ajuda 🗣🗣

- Estou indo para sua casa, vou levar vinho, pegue a pizza no caminho, sei que está saindo da terapia.

- Ok, estou indo.

Dirigi tão rápido que com toda certeza do mundo eu perderia minha habilitação de tantas multas que peguei. Mas eu estava em choque, precisa conversar com a minha melhor amiga naquele instante. Passei na pizzaria e logo fui voando para casa, assim que cheguei, Anahí já estava no sofá duas taças de vinho estavam cheias e os pratos estavam na mesa de centro.

- Vai colocar uma roupa confortável, vou nos servir. - ela disse assim que eu entrei, pegando a caixa da minha mão. Sem muita demora, voltei para sala, agora vestindo apenas uma camiseta larga e um shorts de moletom.

- Anahí, eu estou apaixonada pelo Christopher! - Eu disse em um sussurro, com os olhos arregalados e com lágrimas acumuladas.

- Dulce, eu já sabia disso, por que está dizendo assim?

- Porque minha ficha só caiu agora e eu o perdi...

- Você não o perdeu.

- Perdi sim, ele quer que sejamos amigos e... - parei de falar e engoli seco. - Não sei se consigo, imagina ele vir me contar sobre alguma mulher que está transando.

- Christopher nunca faria isso, Dulce. Além do mais, ele também está apaixonado por você. Por que vocês complicam tanto? - dei uma boa golada em meu vinho e comi um pedaço da minha pizza, não sabia responder essa pergunta e, para falar a verdade, nem sabia se gostaria de respondê-la. - Imaginei mesmo, seu silêncio diz tudo. Dul, você não tem que se assustar assim, é normal as pessoas se apaixonaram e...

- Mas Annie, eu jurei a mim mesmo que nunca mais...

- Mas você não contava com o intrometido charmoso na porta do lado. Acorda, minha filha, vocês nasceram um para o outro.

- Mas o que? Anahí, já está bêbada?

- Nossa como você é tapada, Dulce Maria. É só observar como Christopher te olha. Dul, os olhos dele brilham só de ouvir seu nome, ele faz de tudo por você sem pedir nada em troca, apenas pelo prazer de te ver sorrir, e eu posso dizer que já peguei ele hipnotizado te olhando mais de uma vez.

- Como eu nunca percebi isso?

- Porque você não é muito esperta, mas também não é diferente. Dul, você nunca olhou para Pablo do jeito que olha para o Christopher, e eu sei como você o olhava, eu estive lá na "fase boa" do seu relacionamento, você o olhava com carinho, mas o que você sente pelo Chris é amor.

- E o que eu faço? Anahí, socorro.

- Diz a ele o que sente, minha filha.

- Mas ele está magoado comigo, não sei se ainda é o momento.

- Maria, vocês ficaram juntos o final de semana inteiro, acha mesmo que ele está bravo com você? Ele está fazendo charme, talvez com um pouco de ciúmes e rancor, mas nada demais.

- Vou pensar sobre isso...

- Dul, não o deixe escapar. Sério. Você nunca mais vai encontrar um amor como esse.

- Eu sei... Vou agir logo também. Obrigada, minha loira.

- Sempre, minha ruiva.

- Agora que meu surto passou, você e o Poncho, como estão?

E assim, Anahí e eu ficamos quase até duas da manhã conversando. Ela havia me contado que tinha viajado com Poncho, e ele planejou tudo, de uma forma muito romântica, eu não podia estar mais feliz pela minha amiga, Annie merecia o amor, assim como eu começava a pensar que também merecia.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora