Capítulo 39

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Dulce Maria

O domingo havia passado tranquilo, passei o dia com Anahí na casa dos meus pais e eles fizeram o máximo para me distrair, mesmo que eu não tivesse contado nada, sei que Annie explicou a situação.

Inclusive, Anahí estava totalmente ao meu lado, o tempo todo, e mesmo que ela não concordasse com minhas atitudes, sei que não deixaria de me apoiar. Quando voltamos para minha casa, ela resolveu pegar suas coisas ir embora para seu apartamento, e assim, finalmente fiquei sozinha.

Talvez eu estivesse sendo muito radical nessa situação com Christopher, mas era inevitável para mim. Eu tinha um carinho enorme por ele, gostava do sexo com ele, mas essa história toda havia despertado coisas em mim.

Na segunda-feira, após o trabalho, retomei minhas consultas presenciais com a Dra. Camila, já que durante minha viagem, não paramos nossas conversas. Estava a caminho do consultório quando meu telefone tocou, como estava no viva-voz do carro, atendi prontamente.

- Alô?

- Oi, Dul! É o Justin, se lembra de mim? - fiz uma pausa para buscar na memória, só podia ser...

- Justin? Do ensino médio? Mentira!!

- O próprio!! Como você está?

- Indo, na medida do possível... E você? Estou com saudades!

- Acabei de voltar da Europa e estava pensando se poderíamos nos encontrar! Estou com saudades também, Mariazinha. Nem parece que éramos melhores amigos a sete anos atrás.

- Claro! Vamos sim! Ficarei feliz em te encontrar, realmente a vida foi cruel com a gente, mas quem mandou você ir para a França?

- A culpa é toda minha, me perdoa. - ele disse rindo, e assim que ouvi sua gargalhada, sorri junto.

- Agora tenho que desligar, me mande mensagem para combinarmos algo.

- Claro! Até mais, Dul. Beijos.

- Beijos!

Desliguei o telefone e sorri. Quando nos formamos no terceiro ano, Justin foi fazer faculdade de gastronomia na França, e eu sofri muito. Sempre fomos muito amigos, nunca houve maldade em nossa amizade, por mais que todos fizessem piadas sobre sermos namorados.

Sai dos meus pensamentos e estacionei o carro no estacionamento do consultório, me sentia nervosa e até ansiosa, meu mundo estava desmoronando e custava aceitar meus sentimentos por Christopher.

- Eu não sei o que fazer, doutora. Não sei o que pensar. - Eu disse à ela após contar toda a história dele.

- Dulce, sua reação imediata é totalmente compreensível, você tem fantasmas que ainda te assombram, por melhor que esteja e tenha evoluído.

- Mas ter magoado Christopher me deixou pior que qualquer coisa.

- Você percebeu que se importa mais com os sentimentos dele do que com os seus?

- Como assim?

- Provavelmente, você está mais magoada por ter feito ele se sentir assim, do que pela sua própria reação.

- Mas como isso?

- Dulce, está apaixonada por ele, não percebeu?

- Não estou apaixonada pelo Christopher, eu não posso.

- Não pode ou não quer?

- Os dois! Eu não consigo lidar com isso agora.

- Não é necessário. Dulce, você não precisa resolver sua vida em uma semana, ainda mais quando paixão está envolvida.

- E o que eu faço?

- Saia, conheça pessoas, limpe a cabeça, você precisa disso para seu próprio crescimento e evolução, pode ser que, de início, você tenha algumas barreiras, mas se soltando, você vai conseguir enxergar a situação de uma forma diferente, ver o lado de Christopher.

- Você não acha que eu estou sendo muito má em tratar ele assim?

- Acho que você tem que lidar com seus conflitos antes de qualquer coisa. Parece egoísta, mas você deve vir em primeiro lugar.

Após algum tempo depois, saí do consultório com minha cabeça a mil. Não podia aceitar que estava apaixonada por Christopher, por que eu não estava, sei que não.

Entrei no carro e fiquei um bom tempo ali parada, repensando em tudo, eu parecia estar em estado de choque. Comecei a dirigir no automático e acabei parando em frente à um lugar muito familiar. O bar em que conheci Christopher. Talvez álcool me fizesse pensar melhor.

Ignorei todas as mensagens e chamadas no meu celular, desci do carro e entrei. O local estava vazio, provavelmente pelo dia da semana, apenas alguns grupinhos de engravatados estavam ali. Me sentei no balcão e pedi um drink, alguns caras olhavam para mim o tempo todo, mas resolvi ignorar, sentia um choro entalado na garganta, mas não choraria em público.

Alguns drinks depois, senti meu celular vibrar em meu bolso, Anahí tinha me ligado mais de trinta vezes e havia algumas chamadas perdidas de Christopher também, além de ele estar me ligando no momento. Ignorei a ligação e coloquei o celular em cima do balcão que estava apoiada.

- Que droga. - resmunguei levando um gole da bebida em minha boca e a mão livre em minha testa.

- Está tudo bem, moça? - o barman me olhou preocupado, talvez notando minha confusão mental.

- Sim, obrigada. Me vê mais um drink, por favor. - ele assentiu e se virou.

Meu celular voltou a tocar e vi que era Anahí. O barman colocou o drink em minha frente, respirei fundo tentando retomar a sobriedade e atendi o telefone.

- Dulce Maria Saviñon, aonde você se meteu? Por que não atendeu minhas ligações? Tem noção do quanto estou preocupada com você?

- Ora ora, desculpe te decepcionar, Anahí. Parece que eu não sou como as pessoas querem que eu seja.

- Dulce, você bebeu?

- Só um pouquinho.

- Aonde você está? Estou indo te buscar agora!

- Não vou dizer, não quero que venha me buscar, me deixa sozinha.

- Dulce? - antes que eu pudesse responder, o cara a minha frente puxou o telefone da minha mão, eu já estava bêbada então não consegui entender muito o que ele dizia, apenas voltei a beber e logo ele colocou meu telefone dentro da minha bolsa, depois disso, eu apenas apaguei, não conseguia me lembrar de mais nada.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora