Capítulo 16

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Dulce Maria

- Chris, eu...

- Não precisa falar nada, Dul. Está tudo bem, fique tranquila.

- Não quero que crie expectativas, eu só fiz o que senti. - ele riu pelo nariz e balançou a cabeça.

- Relaxa, ta bom? Agora eu tenho que ir, amanhã tenho que estar mais cedo na academia, aliás não conseguirei vir fazer yoga com você, mas quero que você se esforce mesmo quando eu não estiver, ok?

- Tudo bem... - dei um sorriso fraco e olhei em seus olhos, logo nos levantamos e fomos em direção à porta. Abri para que ele saísse, o vi respirar fundo e pressionar seus olhos, Christopher se virou, e deu um beijo em minha testa.

- Até mais, Dul! - ele murmurou.

- Até, Chris.

Fechei a porta e suspirei alto. Me questionava a todo segundo porquê eu tinha feito aquilo. Beijar Christopher com certeza não estava nos meus planos, mas em minha cabeça, só se passava aquele sonho que tive com ele. Eu precisava senti-lo, precisava saber como ele reagiria com essa atitude, e bom, foi melhor que eu imaginava já que ele me beijou depois.

Eu sabia que apenas beijá-lo mudaria muitas coisas, tinha medo de nossa amizade estremecer, e pelo jeito, isso aconteceria. Eu me sentia confusa, sei que tinha uma atração física forte por Christopher e, por conta de todos os flertes, achei que era recíproco. Acho que estava enganada.

Preferi deixar esses pensamentos de lado, arrumar a pequena bagunça que tínhamos feito ali. Tomei um banho e assim que sai do chuveiro, abri minha janela e me sentei no batente para observar a lua. Fazia isso sempre que precisava pensar ou me sentir um pouco melhor, ou seja, era constante. Eu tinha uma forte conexão com a lua, ela podia me dar todas as respostas. Sentada ali, vi Christopher deitado em sua cama, também acordado, acho que estávamos na mesma situação. Pouco tempo depois, resolvi me deitar e logo adormeci, rezando para que tudo ficasse realmente bem.

Duas semanas depois.

Fazia um bom tempo que não falava com Christopher. Na verdade, desde aquela segunda-feira que nos beijamos e as coisas realmente ficaram estranhas. De vez em quando, observava pela janela e ele sempre estava com alguma mulher, e todas as vezes eram mulheres diferentes, com exceção de Natália, que eu já sabia quem era por ele ter mencionado, e nos últimos três dias, eu o via muito com ela, sinceramente, não sabia como me sentir, mas posso dizer que não era algo bom.

No trabalho, tudo corria bem. Depois de falar o que aconteceu entre eu e Paco, ele foi transferido para outra universidade, longe de mim, vez ou outra ainda o via pela cidade, ele me observava de longe e isso me deixava extremamente desconfortável.

Minha relação com Annie também estava ótima, ela agora havia entrado em um relacionamento sério com Alfonso, mas nem por isso se afastou de mim, como eu acabei fazendo com ela quando namorei Pablo.

A única coisa que me deixava aflita era minha situação com Christopher. Sentia falta dele, das nossas manhãs com yoga e café da manhã saudáveis, e apesar de ainda estar fazendo exercícios, tinha voltado a comer mal. Eu pensei que iríamos nos resolver rapidamente, mas pelo jeito havia me enganado, então teria que pensar em como me aproximar dele novamente.

Christopher Uckermann

As últimas duas semanas têm sido torturantes para mim. Desde que Dulce havia me beijado, eu não conseguia tirá-la da cabeça. Seu cheiro parecia estar impregnado em mim, o gosto de seus lábios eram inesquecíveis e só me deixou sedento por mais.

Só que havia um problema. Dulce não estava pronta para lidar com qualquer tipo de caos em sua vida e eu, com certeza, não me sentia preparado para qualquer confusão em minha vida, já que ainda tinha que me preocupar com o que rolou com Muriel, e como isso ainda me afetava.

Resolvi que tiraria Dulce da minha cabeça de qualquer jeito, eu não poderia continuar pensando nela daquele jeito, então fiz o que achei correto, voltei a transar com várias mulheres diferentes, sem pensar nas consequências. E era bom, mas mesmo assim, ela insistia em tomar conta dos meus pensamentos.

Nos últimos dias, tenho visto Natália mais que o normal. Ela era quase que uma foda fixa, e éramos compatíveis sexualmente, então eu não via nada demais em usarmos o corpo um do outro, já que era algo mútuo. E sinceramente? Nosso sexo era bom, mas nem ela era capaz de tirar minha vizinha ruiva dos meus pensamentos.

Natália e eu nos conhecemos quando comecei a namorar Muriel, elas eram melhores amigas, e ela se apaixonou por mim. Ela era uma péssima amiga, tanto que quando terminamos, em vez de confortar a amiga, ela veio atrás de mim, dizer que eu estava na razão. Logo, isso se transformou em uma amizade colorida, mas havíamos limitações. Ela não dormia comigo e não conversávamos sobre nossa vida, nossa relação era apenas carnal, e nada mais.

Hoje era um sábado, o tempo estava agradável e eu não planejava fazer nada. Não queria ver ninguém, já que estava num mal dia, e não gostaria de descontar minhas frustações em cima de ninguém.

Já era quase fim de tarde quando resolvi que iria correr no parque, exercícios físicos sempre eram um bom aliado para mim e para meu estresse. Fui para meu quarto me trocar e avistei Dulce, de um ponto que sei que ela não conseguiria me ver. Ela estava sentada novamente no batente da janela olhando para o céu, algo que percebi que ela andava fazendo muito. A luz alaranjada do pôr do sol batia em seu rosto, ela era linda, mas seu olhar estava distante, parecia que ela buscava algo do céu, como uma resposta.

Afastei esses pensamentos e fui cumprir meu objetivo inicial. Logo saí de casa e fui para o parque, ele não estava cheio mas também não estava muito vazio. Comecei a correr e me concentrar apenas em minha música, o rock alto em meus fones me distraía e me fazia bem.

Quase uma hora depois, resolvi ir para casa. Eu já estava bem mais calmo após minha corrida, sabia que isso me faria bem. Quando virei a esquina da rua da minha casa, avisei Dulce sentada em minha varanda. Fui me aproximando cada vez mais, sentia meu coração disparado, a ponto de sair pela boca, minhas mãos estavam suadas e sinceramente gostaria de saber o por que de me sentir assim. Respirei fundo e parei em sua frente.

- Oi, o que faz aqui?

- Precisamos conversar.

Tudo Para Ficar Com ElaOnde histórias criam vida. Descubra agora